Ser empreendedor no Brasil tem suas dificuldades. Mas Felipe Barreiros, fundador da startup Vaivoa, acredita que há um movimento de pessoas que começam a criar seus negócios para construir o próprio futuro. Com sete startups no currículo – duas deram errado e uma foi vendida há duas semanas -, o empreendedor falou com o Mundo + Tech sobre aprender com os erros, empreender no Brasil e o que startups podem ensinar às empresas.
Mundo + Tech: O que você aprendeu após fundar sete startups?
Felipe Barreiros: Olhando para o Felipe Barreiros de 2010/2011, eu vejo várias experiências. As duas primeiras startups nasceram juntas. Uma não tinha mecanismo que a fizesse crescer. A outra – um canal no YouTube em que criamos 80 vídeos em dois meses para ensinar tecnologia para as pessoas – não rendeu dinheiro. Nos últimos anos, criei empresa sem produto ou uma que tinha um produto, mas que não era financeiramente rentável. Outra startup era uma fábrica de software, ela chegou a crescer e a ter um nome, mas não era algo que eu queria fazer. Todo esse processo me fez ver que para crescer, como empreendedor, é preciso entender qual será a real necessidade da pessoa lá na frente e entregar isso como valor que faça sentido para você e para o cliente. Outro ponto é que a empresa seja financeiramente sustentável. Ela só quebra quando não tem dinheiro – pode ser por um produto ruim, uma gestão ruim ou péssimo relacionamento com o cliente.
M+T: Como é empreender no Brasil?
FB: Conversando com recrutadores da Universidade de Stanford (EUA), eles comentam que abrir uma empresa no Brasil é o equivalente a fazer um MBA lá. Se a empresa chega a dois anos de negócio, é o mesmo que ter feito dois MBA em Stanford. Empreender no Brasil tem muitos desafios, como o lado fiscal, CLT, essa coisa de patrão x empregado. Mas a gente tem visto um movimento de pessoas querendo empreender, elas estão procurando trabalhar em startups para ter bagagem para construir a própria história no futuro.
M+T: O que startups podem ensinar para as empresas?
FB: Velocidade. O nível de exigência e qualidade é completamente diferente numa empresa. Tem dados sensíveis, mil portas para abrir, mil reuniões para fazer para que um projeto seja aprovado. Com as startups, as empresas podem aprender a implementar, entregar e mudar um projeto de forma mais ágil. Se a startup aprende com a empresa a ser mais estruturada, a empresa tem que entender que muitas reuniões podem matar a startup. Então o que a empresa quer? Aprender com as startups ou que elas ajudem a fazer com que os negócios cresçam?
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Foto: Matheus Campos/Amcham Brasil