De aplicativo ao uso de Inteligência Artificial, especialistas contam o que pode ser tendência em inovação no setor da saúde nos próximos anos.
Inovação no setor da saúde abre inúmeras oportunidades: da utilização de drones para entrega de suprimentos ao uso de Inteligência Artificial para apoiar o diagnóstico de doenças, todo o ecossistema pode se beneficiar com a transformação digital impulsionada pela adoção de tecnologias.
Ainda mais nesse período de pandemia, em que o novo coronavírus exigiu respostas rápidas de hospitais e sistemas de saúde. Um exemplo é Ministério da Saúde, que abraçou a computação em nuvem para construir a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), uma parte importante do programa de informatização das Unidades da Atenção Primária à Saúde (APS). Saiba mais dessa história aqui.
Com 2020 quase terminando, o que deve ser tendência em inovação no setor da saúde nos próximos anos? Big Data? Internet das Coisas (IoT)? Experiência do paciente?
No fim de 2019, o site da revista Times compilou algumas inovações que mudarão o setor na década de 2020. Já recentemente, a Becker’s Hospital Review, publicação especializada em medicina, convidou especialistas para falarem sobre grandes ideias que transformarão a saúde.
O Mundo + Tech resume abaixo 5 inovações apontadas por esses especialistas ouvidos pela Times e Becker’s Hospital Review.
1. Inteligência Artificial no diagnóstico de câncer – Shravya Shetty
O diagnóstico errado ou falso positivo de câncer pode levar a tratamentos invasivos em um paciente. Sem contar que alguns sintomas só aparecem nos estágios finais da doença, como no caso do câncer de pulmão.
Para Shravya Shetty, a Inteligência Artificial pode ser a solução para uma triagem precoce. Shetty lidera um time no Google Health que, nos dois últimos anos, desenvolveu um sistema de IA que supera os radiologistas humanos no diagnóstico de câncer de pulmão.
O algoritmo do Google foi treinado em mais de 45 mil tomografias computadorizadas de pacientes. Com isso, o sistema detectou 5% a mais casos de câncer e teve 11% menos falsos positivos, quando comparado com um grupo de controle composto por seis radiologistas.
Esses resultados são promissores, mas, para Shetty, “há uma lacuna muito grande entre onde as coisas estão e onde poderiam estar. É esse impacto potencial que me faz continuar.”
2. Soluções digitais focadas no paciente – Kathy Azeez-Narain
Para a diretora digital do Hoag Hospital (Califórnia), a inovação no setor da saúde fará diferença quando soluções digitais melhorarem a qualidade de vida do paciente e de seu atendimento em uma unidade hospitalar.
De acordo com Azeez-Narain, o “emparelhamento de tecnologias [conectadas] a um problema definido [diagnóstico, por exemplo], centrado no consumidor, é a chave para uma estratégia de inovação.”
3. Corações digitais em 3D – Charles Taylor
O cateterismo invasivo é necessário para diagnosticar artérias bloqueadas ou estreitas e geralmente feito em muitas pessoas com suspeita de problemas cardíacos. Daí, cabe ao médico escolher qual método mais adequado para melhorar o fluxo sanguíneo.
No intuito de evitar esses procedimentos invasivos, Charles Taylor, cardiologista e ex-professor de Stanford, criou o HeartFlow. A empresa cria modelos 3D personalizados do coração para que médicos tenham uma visão 360° do órgão e simular as melhores abordagens de tratamento.
Em alguns casos, a solução ajuda a evitar totalmente um procedimento invasivo em um paciente. “Somos capazes de fornecer aos pacientes um melhor atendimento enquanto avaliamos o risco”, disse o cardiologista.
4. Governança a partir de tecnologias de saúde – Julie Bonello
Os pacientes podem ter uma participação ativa na própria saúde ao utilizar um aplicativo de plano de saúde conectado a diversas tecnologias em casa. Essa interoperabilidade vai permitir uma integração maior dos dados de saúde com todos os atores envolvidos.
Na opinião de Julie Bonello, vice-presidente sênior e diretora de informação da Presbyterian Healthcare Services (Novo México), o compartilhamento de dados entre pacientes, operadoras de plano de saúde e médicos trará dois benefícios.
“As informações clínicas serão compartilhadas não apenas para permitir que os profissionais cuidem melhor dos pacientes, mas também para permitir que os pacientes se envolvam ativamente e realmente governem seus cuidados”, explica.
5. Reabilitação neurológica por meio da realidade virtual – Isabel Van de Keere
A ideia de usar realidade virtual na reabilitação de pacientes tem um motivo: Isabel Van Keere, PhD em engenharia biomédica, sofreu um acidente em 2010 e precisou de três anos de intensa reabilitação neurológica.
Praticando os mesmos exercícios, dezenas de vezes seguidas, a PhD tinha a impressão de que o progresso era indetectável. Anos depois, ela fundou a Immersive Rehab, startup que utiliza a realidade virtual na reabilitação neurológica.
A tecnologia vai expandir a variedade e o tipo de exercícios para os pacientes, aproveitando a plasticidade do cérebro e reparar as vias neurais. O uso de realidade virtual também vai gerar uma grande quantidade de dados.
Para os cuidadores, é uma forma de medir o progresso dos pacientes, adaptando os programas e evitando uma experiência monótona de reabilitação. Até então, o feedback de pacientes voluntários e terapeutas tem se mostrado positivo.
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Principais destaques desta matéria
- Especialistas contam o que pode ser tendência em inovação no setor da saúde.
- Adoção de tecnologias vai ajudar no diagnóstico de câncer e até mesmo evitar tratamentos invasivos.
- Confira 5 tendências que vão transformar o setor na década de 2020, segundo especialistas.