Astronauta Buzz Aldrin caminha na superfície da lua

50 anos do homem na lua: o que mudou na transmissão de grandes eventos

4 minutos de leitura

Estação Terrena de Tanguá recebeu sinal da chegada do homem à Lua e transmitiu ao vivo para o Brasil. 50 anos depois, como seria essa transmissão?



Por Redação em 18/07/2019

Principais destaques:
– 20 de julho de 2019 marca os 50 anos da chegada do homem à Lua;
– Estação Terrena de Tanguá, da Embratel, foi responsável por transmitir ao vivo o registro;
– Tecnologia dos satélites evoluiu ao longo dos anos e será player importante para o acesso ao 5G.

No dia 20 de julho de 1969, parte da população brasileira assistiu ao vivo a chegada do astronauta Neil Armstrong à Lua. Este momento histórico completa 50 anos em 2019 e só foi testemunhado por aqui graças à Estação Terrena de Tanguá, da Embratel. Uma estrutura satelital e uma antena parabólica de 30 metros de diâmetro possibilitaram registrar os primeiros passos do homem na Lua.

50 anos depois o que mudou? Se hoje tivéssemos uma nova missão tripulada para a Lua (como provavelmente teremos em 2024) o que seria diferente? O Próximo Nível conversou com Lincoln Oliveira, diretor geral da Embratel Star One, maior empresa de satélites do Brasil e da América Latina, para relembrar aquele dia e entender como a tecnologia evoluiu.

No início, os satélites eram só para telecomunicações

“Na época da transmissão da chegada do homem à Lua, os satélites eram usados para comunicações internacionais [entre países] e a estação Tanguá era a porta de entrada e de saída das telecomunicações via satélite no Brasil”, relembra Lincoln Oliveira.

Além da transmissão do homem na Lua, a Estação Terrena de Tanguá também foi responsável por distribuir o sinal de transmissões históricas, como a da vitória do Brasil sobre a Itália na final do Mundial de 1970 e os Jogos de Munique, em 1972. “A Embratel foi aprendendo e se familiarizando com a tecnologia de satélite ao mesmo tempo em que ela foi evoluindo e o mundo passou a usá-la também para comunicações nacionais”, comenta Oliveira.

O fator decisivo para o uso da tecnologia também para as comunicações internas foi a diminuição do diâmetro das antenas parabólicas. Em 1969, os satélites eram menos potentes e as antenas precisavam ter 30 metros de diâmetros. Hoje, graças ao avanço da tecnologia, os satélites contam com mais tecnologia embarcada. E quanto maior a potência de sinal, menor o diâmetro da antena para recebê-lo. Um exemplo de como as antenas ficaram menores? Basta ver pelos centros urbanos as casas e apartamentos que têm uma pequena antena parabólica para assistir TV por assinatura (como as da Claro).

A transmissão em 69 x transmissão hoje

O que mudou nesse período de 50 anos entre a transmissão dos primeiros passos do homem na Lua e, por exemplo, a transmissão do mundial de futebol feminino neste ano? O meio de transmissão, o tipo de transmissão e a quantidade de pessoas que veriam ao vivo.

“Em 1969 o sinal saia da Lua, ia para Houston (nos Estados Unidos) e de lá ia para uma estação comercial internacional que seguia os mesmos padrões de Tanguá. De lá ia para um satélite no espaço que direcionava o sinal para a nossa estação. De Tanguá esse sinal era distribuído via rádio micro-ondas para o centro de TV no Rio de Janeiro. A partir daí o sinal era enviado por rádio terrestre e era distribuído para as emissoras, que levaram a transmissão às residências dos brasileiros”, explica Lincoln.

Mas nem todos os brasileiros assistiram ao vivo a aterrizagem do homem à Lua. Como a transmissão ao vivo do sinal de TV não chegava às regiões mais remotas do país, moradores da Amazônia, por exemplo, só assistiram o evento alguns dias depois. “O projeto de atender à Região Amazônica com comunicação via satélite foi só a partir da década de 1980. A população de lá via novela e jornal dois, três dias depois porque os conteúdos iam por fitas gravadas. Ninguém via nada ao vivo, não tinha como transmitir”, comenta Oliveira.

Hoje em dia, com todo o território coberto pelos cinco satélites da Embratel que estão em órbita (até 2020 serão seis), o caminho do sinal seria bem diferente. “Ao invés de chegar por satélite, [o sinal] chegaria por fibra ótica na Estação Terrena de Guaratiba e, desse Teleporto, seria enviado para um dos satélites da Embratel, que iria distribui-lo para todo o país.”

Outra mudança é que, em 1969, a transmissão era analógica e hoje é digital. “Há uma diferença brutal”, pontua Oliveira. Isso porque o conteúdo da transmissão ocupa menos banda com algoritmos que tiram a redundância da imagem. “Por exemplo, se eu tenho uma parede branca, nem todos os pontos dela são transmitidos. O codificador pega alguns pontos [da parede] e o algoritmo monta a imagem da parede completa quando ela chega no lado de recepção.”

A vantagem, aponta Lincoln Oliveira, é a facilidade de exibir um conteúdo com redução da banda de transmissão. “O sinal digital te permite muita qualidade. Em 1969 era impossível transmitir um canal de alta definição em meio analógico. Hoje, transmitimos um sinal de alta qualidade, de 8K, por exemplo, e conseguimos recebe-lo em casa em uma parabólica de 60 cm.”

5G e o satélite

E as próximas tecnologias de transmissão, como o 5G. Qual será o papel do satélite nesse novo cenário? “O 5G é um tipo de acesso que vai permitir comunicação em todos os lugares a qualquer hora e para isso, vai depender de vários meios de transmissão para ser roteado na rede pública. Ou seja, vai precisar tanto de fibra quanto de satélite”, afirma o executivo da Embratel.

Ele explica com a seguinte situação. Se um usuário estiver em um lugar qualquer, ele pode não ter disponível um acesso à rede pública de comunicações por fibra ótica, mas esse acesso poderá ser fornecido por uma cobertura via satélite. “O usuário final não saberá por onde a ligação dele vai passar, mas o 5G vai ser inteligente o suficiente, graças aos algoritmos, para rotear o caminho mais rápido disponível”, conclui.

Crédito da imagem: NASA



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