Se 2020 foi um ano em que as empresas agilizaram os planos de transformação digital, agora é momento de pensar nos reajustes da jornada.
A transformação digital poderia até estar no radar das empresas em 2020. No entanto, elas foram forçadas a agilizar essa jornada antes mesmo do previsto. Não foi somente para dar continuidade nos negócios, mas também para encontrar novas formas de gerar receita no ambiente virtual.
Agora em 2021 e possivelmente nos próximos anos, as companhias precisarão reorganizar as estratégias de inovação. Ainda mais se elas olham a transformação de seus negócios apenas no viés da tecnologia.
“Em um mundo cada vez mais digitalizado, existe uma visão prevalecente de que a automação e a adoção de IA são os principais fatores necessários para garantir o sucesso de seus objetivos de transformação. No entanto, sem a integração de uma abordagem centrada no ser humano para as estratégias de transformação, as empresas enfrentam uma batalha difícil”, diz Errol Gardner, vice-presidente global de consultoria da EY.
Gardner conversou com Lisa Morgan, repórter freelancer para a InformationWeek, sobre a real necessidade das empresas para que elas alcancem o sucesso esperado na estratégia de inovação: experiência do cliente e experiência do colaborador.
“Tão importante quanto a IA e a automação são para o aumento da eficiência e da produtividade, as empresas não terão sucesso em seus objetivos de transformação sem uma ênfase em dois grupos críticos: clientes e funcionários”, comenta o executivo.
Uma sugestão para evitar o olhar somente para a tecnologia é criar estratégias de transformação digital do zero, disse Jon Walden, CTO da fornecedora de plataforma de automação inteligente Blue Prism.
Walden explica que um “processo de tomada de decisão garante que a transformação digital seja conduzida por toda a empresa de uma maneira uniforme que beneficia todas as equipes e usuários.”
O artigo traz alguns erros que devem ser evitados nessa jornada. Nós selecionamos seis deles. Confira.
Erro 1: Ver a transformação digital como destino
Para muitas empresas, a transformação digital é um projeto com início, meio e fim, orçamento e objetivos fixos. Por exemplo, automatizar os processos existentes em ferramentas de RH e não entender como esse caso de uso pode beneficiar o resto da área e outros departamentos.
Quando esse caminho é seguido, as empresas não conseguem atingir a agilidade organizacional, nem a resiliência. Assim, acabam perdendo vantagem competitiva no mercado.
Erro 2: Realizar somente melhorias incrementais
O conceito de melhoria incremental é simples: é você ter um produto em que a versão atual contém recursos e funções não existentes na atualização anterior, mas mantendo os elementos básicos.
Porém, esse pensamento faz com que somente uma área da empresa evolua. Por exemplo, a TI fazer uso da nuvem para garantir o trabalho remoto, enquanto outros departamentos continuam usando sistemas on premise.
Segundo Manish Sharma, executivo-chefe do grupo de Operações da Accenture, esse erro pode ser evitado com uma abordagem top-down e uma avaliação sobre como otimizar a transformação digital dentro dos modelos operacionais, com foco nos objetivos a longo prazo.
Erro 3: Repetir processos burocráticos
As empresas podem ter o costume de usar processos burocráticos e desatualizados em vários projetos. Isso acaba por tirar as oportunidades tecnológicas para simplificar e trazer consistências às operações. Ainda mais quando o momento atual pede agilidade.
No entanto, quando a estratégia de transformação digital envolve os tomadores de decisão e os stakeholders, é mais fácil disseminar os benefícios de adotar novas tecnologias, assim como criar processos mais simplificados.
Erro 4: Realizar os projetos com antecedência
Algumas empresas buscam colocar os projetos no mercado muito rapidamente. Com isso, acabam não enxergando os resultados com sucesso, mas sim com falhas. Para evitar erros, criar um roteiro estratégico pode ajudar bastante.
É preciso olhar esse roteiro a partir do feedback das equipes que vão adotar, testar e ter responsabilidade sobre as tecnologias que impulsionarão a transformação digital, destaca Elizabeth Kwo, diretora médica executiva da seguradora Anthem, em entrevista.
Erro 5: Não identificar corretamente o que deu errado
Na opinião de Kelly Walsh, CIO do The College of Westchester, “um erro comum é igualar mudança com transformação”. Isso pode trazer problemas de governança, tecnologia errada ou colaboradores mal treinados.
Por exemplo, a gerência pode decidir mudar de uma plataforma crítica para outra porque está insatisfeita com o desempenho da plataforma existente, mas não entende quais as causas dos problemas de desempenho ou funcionalidade da solução.
“É fácil cair na armadilha de pensar que algo novo será melhor, mas uma nova plataforma pode fazer pouco para resolver problemas subjacentes com processos, pessoas, comunicação, treinamento, capacidade de servidor suficiente, largura de banda e assim por diante”, disse.
Erro 6: Cibersegurança não acompanhar o ritmo
Quem acompanha o noticiário nota que os casos de invasões a sistemas e roubos de dados acontecem com frequência. Neste momento, a ordem é revisar os protocolos de segurança (deixando-os mais rígidos conforme as operações voltem “ao normal”) e ajustar os planos de continuidade de negócio e recuperação caso algum incidente aconteça.
“Deixar de atualizar os planos e garantir que os funcionários estejam cientes das mudanças pode levar a interrupções ou à incapacidade de agir prontamente nos planos de contingência quando chegar a hora”, disse John Beattie, consultor da Sungard Availability Services.
Principais destaques desta matéria
- Transformação digital em 2020 foi pensada para dar continuidade aos negócios.
- Porém, estratégias deverão ser repensadas para evitar falhas, como o foco somente em tecnologia.
- Confira 6 erros que podem ser evitados durante a jornada de inovação.