7 erros que empresas podem evitar ao implementar o blockchain, segundo a Gartner

4 minutos de leitura

Consultoria aponta enganos que empresas cometem ao tentar implementar projetos baseados na tecnologia blockchain.



Por Redação em 02/07/2019

Principais destaques:
Blockchain deve agregar valor comercial às empresas de todo o mundo de US$ 176 bilhões em 2025, segundo a Gartner;
– Mas empresas ainda têm dificuldade em encontrar um propósito com a tecnologia;
– Para Gartner, entender as falhas em projetos baseados na tecnologia pode ajudar no sucesso da implementação;
– Consultoria preparou um guia de 7 erros cometidos por empresas que desenvolvem soluções de blockchain.

O uso de blockchain nos negócios já é discutido por empresas de diversos setores. A tecnologia pode agregar um valor comercial às empresas de todo o mundo de US$ 176 bilhões (R$ 675 bilhões) em 2025 e de US$ 3,1 trilhões (R$ 11,90 trilhões) em 2030, de acordo com previsões da consultoria Gartner.

Mas enquanto algumas empresas começam a se aventurar no desenvolvimento de soluções baseadas em blockchain, outras ainda estão engatinhando na tentativa de encontrar os benefícios desta tecnologia em seus processos.

Para a Gartner, 90% das iniciativas de blockchain irão sofrer uma “fadiga” por falta de casos de uso (direção e intenção dos negócios) fortes até 2023. Um dos fatores é que a maioria dos projetos não conseguem ir além da fase inicial de experimentação da tecnologia.

A consultoria aponta que o sucesso de um projeto baseado em blockchain acontece quando a empresa entende o que falhou nos primeiros experimentos. Pensando nisso, a Gartner identificou os sete erros mais comuns e também mostrou como as companhias podem evitá-los.

1. Uso indevido do blockchain

Vários projetos de blockchain são usados para registrar dados via Tecnologia Distribuída de Livro-razão (DLT, sigla em inglês), uma espécie de livro contábil público. Ou seja, as empresas ignoram outros recursos da tecnologia como a “tokenização” (códigos para garantir a segurança das transações), contratos inteligentes e consenso descentralizado (quando não há uma autoridade única).

“A DLT é um componente do blockchain, mas não é 100% da tecnologia. A empresa deve ter como prioridade identificar quais são os casos de uso em que o blockchain será utilizado por completo e levar essa descoberta para projetos que também utilizem outros componentes”, explica Adrian Leow, diretor de pesquisa da Gartner.

2. Supor que a tecnologia já está madura

O mercado de plataformas blockchain é enorme, mas traz ofertas fragmentadas: seja com foco em confidencialidade, ou em “tokenização”, ou em transações universais, por exemplo. A Gartner enxerga ainda essas soluções muito imaturas quando as empresas querem uma produção em grande escala de seus negócios.

A consultoria acredita que este cenário vai mudar nos próximos anos e que os CIOs irão monitorar os recursos em evolução das plataformas blockchain para alinhar o cronograma dos projetos que necessitem da tecnologia de acordo com as melhorias desses recursos.

3. Confundir o protocolo blockchain como uma solução completa

O blockchain é uma tecnologia de nível fundamental e pode ser usado em vários setores e cenários: da cadeia de suprimentos até o compartilhamento de dados entre sistemas de informações médicas.

Mas as empresas não podem ver a tecnologia como uma solução completa. O blockchain é um protocolo que vai executar determinada tarefa dentro de uma plataforma completa. Ou seja, é preciso desenvolver recursos como interface do usuário, lógica de negócios (sistema que vai se encarregar de tarefas relacionadas com os processos de um negócio — vendas, contabilidade, controle de inventário, etc.) e interoperabilidade.

4. Ver o blockchain somente como banco de dados

A tecnologia foi projetada para fornecer um registro confiável e imutável de eventos decorrentes de uma coleção dinâmica de partes não confiáveis (por exemplo, invalidar um bloco após encontrar inconsistências durante uma verificação de hash).

Mas a arquitetura atual do blockchain não implementa o modelo completo “criar, ler, atualizar, excluir” encontrado em um gerenciamento de banco de dados tradicional. A tecnologia suporta somente “criar” e “ler” e tem o desempenho reduzido com o tempo porque cada nó da rede peer-to-peer recebe uma cópia completa do ledger (coleção de arquivos ou banco de dados que pode ser manipulado apenas por meio de programas de computador) sempre que é atualizado. “Uma solução convencional de gerenciamento de dados pode ser a melhor solução em alguns casos”, diz Leow.

5. Achar que há um padrão de interoperabilidade entre as plataformas

A empresa não deve assumir que exista um padrão de interoperabilidade (a capacidade de um sistema se comunicar com outro de forma transparente) no ecossistema de blockchains já que a maioria das plataformas e protocolos subjacentes ainda está sendo projetada ou desenvolvida.

A Gartner pontua que vender a interoperabilidade de uma plataforma não passa de uma estratégia de marketing de fornecedores.

6. Contratos inteligentes não resolvem todos os problemas

Um dos aspectos mais poderosos do blockchain são os contratos inteligentes (smart contracts). Eles são procedimentos que armazenam os registros específicos das transações e são executados por todos os nós na rede peer-to-peer, mas isso traz alguns desafios de escalabilidade e gerenciamento em determinadas situações.

Os contratos inteligentes são como os contratos “físicos” que conhecemos, com a diferença de que não é preciso da mediação de uma terceira pessoa e por isso são executados automaticamente.

Mas a Gartner prevê que os contratos inteligentes irão amadurecer nos próximos dois ou três anos e que os CIOs devem realizar pequenos experimentos com o recurso antes de adotá-lo por completo.

7. Ignorar a governança

Em blockchains privados, geralmente a governança da rede é de responsabilidade do proprietário do blockchain. Ou seja, é dele a tarefa de integrar, verificar e identificar as informações financeiras e resolver qualquer disputa entre os membros presentes na rede. Mas a situação é bem diferente no cenário público.

“A governança em blockchains públicos, como Ethereum e Bitcoin, é principalmente voltada para questões técnicas. […] Os CIOs devem estar cientes do risco que as questões de governança podem representar para o sucesso do projeto dessas empresas”, explica Leow. Organizações maiores podem pensar em aderir ou formar consórcios para ajudar a definir modelos de governança para o blockchain público, sugere a Gartner.



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