Inteligência e personalização fazem parte da revolução digital que finalmente se aproxima do nosso vestuário
A maneira como as roupas que usamos são desenhadas, produzidas e vendidas ainda é praticamente a mesma que cem atrás. Até hoje, a indústria têxtil é uma indústria que pouco mudou, ainda que a tecnologia já faça parte de quase todos os campos de nossa vida. Mas esse é um cenário que está prestes a mudar, como mostra reportagem da Fast Company.
Qual é a cara desse futuro?
Pode parecer cena de ficção científica, mas você pode imaginar, por exemplo, uma peça de roupa que informa à sua máquina de lavar qual é o melhor ciclo de lavagem para não desbotar. Ou uma blusa que aquece no inverno e refresca no verão. Poder usar uma peça que não é só a última moda, mas que na verdade foi desenhada ontem mesmo, a partir de uma análise das compras que você acabou de fazer. Comprar uma calça que tem exatamente o tamanho de que você precisa sem precisar pagar mais por isso. E, por fim, imagine uma indústria têxtil que possa fazer tudo isso ao mesmo tempo em que polui menos e sem demitir todo mundo.
São esses tipos de mudanças que a tecnologia deve trazer ao setor em um futuro não tão distante.
A Indústria 4.0 no setor: quatro fatores para a evolução
Em relatório chamado Indústria 4.0: reimaginando a operação manufatureira depois da COVID-19, a McKinsey & Company cita quatro fatores necessários para essa próxima revolução industrial:
- Maior conectividade, dados e poder computacional
- Analytics e machine learning/inteligência artificial
- Interação homem-máquina
- Engenharia avançada
Porém, diferentemente de outros segmentos, os processos da indústria têxtil ainda são bastante baseados no toque humano e, portanto, difíceis de automatizar em escala. Boa parte do “corte e costura” ainda é manual, o que se torna um obstáculo para alcançar esses quatro fatores.
Ainda assim, alguns avanços já são notados, apesar das limitações.
Relembre: a Indústria 4.0
A nova revolução industrial foi o tema do episódio 4 da série Juntos no próximo nível, da Embratel, “O homem e a máquina na Indústria 4.0”. Nele, Rufo Paganini, fundador da Getter, e Luiz Felipe Kazan Ferreira, Business Development Manager de Indústria 4.0 da Embratel, debatem esse tema em conduzida por Ronaldo Lemos. Clique no play abaixo e ouça o episódio.
E caso você esteja se perguntando se sua infraestrutura de TI está pronta para a Indústria 4.0, confira o artigo do Mundo + Tech sobre o que é preciso modernizar para acompanhar as mudanças e a vantagem competitiva de se desenvolver uma cultura orientada a dados.
Sinais de um novo tempo para a indústria têxtil
Em parceria com o Fórum Econômico Internacional, a McKinsey & Company lançou um white paper que destaca a iniciativa do Alibaba de personalizar o design de seus produtos a partir do comportamento do consumidor, em tempo real.
A novidade foi possível graças a uma combinação de uma plataforma de conectividade com o consumidor e um ciclo de desenvolvimento acelerado. Basicamente, eles podem rapidamente mudar a produção para peças de roupas verdes quando notam o aumento das vendas de peças dessa cor, por exemplo, ou quando notam essa tendência nas redes sociais.
Ou seja, logo poderemos, em vez de ter a “moda verão” ou a “moda outono/inverno”, passar a ter ciclos diários de tendências. O documento cita também a experimentação da Zara com tecnologias similares.
Personalização em massa
Quer um produto feito sob medida? Isso custa caro, pensamos. Mas o setor se aproxima de um futuro em que a personalização em massa será realidade. Com a redução do custo e da escala da produção, indivíduos e startups passam a ter mais oportunidade de entrar nesse mercado dominado por grandes marcas.
É o caso da FitMyFoot, que permite ao consumidor escanar os pés com um aplicativo e produzir sandálias em impressoras 3D, com o nome do cliente. Cada vez mais, marcas de vestuário, calçados e acessórios criam produções menores para atender mercados específicos, conseguindo manter a competitividade com menos linhas de produtos.
Não só isso: a perspectiva é que a revolução digital desse setor seja impulsionada pelas startups, não pelas grandes marcas.
“Internet das roupas”
O uso de chips RFID em etiquetas já está tornando as roupas mais inteligentes. É com elas que as roupas vão poder fornecer informações sobre o ciclo de lavagem para uma máquina de lavar inteligente, por exemplo.
Além disso, a etiqueta pode trazer informações valiosas para o consumidor consciente, como recursos usados na produção da peça, origem e pegada de carbono.
“Você será capaz de ver qual é a pegada de CO2, a pegada hídrica, se a roupa foi produzida de forma sustentável e isso levará a uma produção mais sustentável”, diz Enno de Boer, um dos coautores do white paper mencionado neste post. “Essa é a transparência que o consumidor irá demandar no futuro.”
Alfaiataria digital
Uma solução made in Brazil pode dar o primeiro passo em direção à customização do tamanho de roupa. Sabe quando você vai (ou ia) na loja experimentar uma peça e ela não fica tão boa? Esse problema está próximo de acabar.
Cairê Moreira Rosário criou uma tecnologia que escaneia o corpo de uma pessoa para customizar ao máximo um vestuário. O modelo de roupa é ajustado ao seu corpo digital e, ao mesmo tempo, com seu estilo.
O especialista em moda 3D contou à Agência de Notícias CNI como funciona a sua tecnologia, fruto da integração de soluções em diferentes áreas, como engenharia, games, animação, indústria têxtil e confecção. A plataforma (Ateliê 4.0) reproduz, com ajuda de sensores, uma réplica digital do corpo do cliente. Esse é o ponto de partida para a criação da base para a modelagem e corte de peças.
“Para tirar medida no lugar da fita métrica eu usava um escaner 3D, onde eu digitalizava o corpo do cliente e desenvolvia a roupa no computador. A técnica da indústria 4.0, me ajudou a tirar o projeto do papel, escalável e monetizar”, explicou Moreira.
Relembre: a Internet das Coisas (IoT) e a Internet das Coisas Industrial (IIoT)
Aqui no Mundo + Tech, você pode conferir cinco exemplos de uso da chamada Internet das Coisas Industrial (IIoT). O artigo também explica a diferença entre Internet das Coisas (IoT) e IIoT, além dos principais benefícios e vantagens da IIoT para a indústria, como produção inteligente, gerenciamento de energia, manutenção preditiva, entre outros.
Também contamos todos os motivos por que você deve prestar atenção na Internet das Coisas (IoT), seu conceito e benefícios.
Principais destaques da matéria
- A longeva indústria têxtil pode, enfim, mudar a maneira como as roupas são fabricadas.
- Avanços tecnológicos permitem adicionar inteligência e customização ao processo.
- Conheça exemplos de como a tecnologia pode apoiar a revolução do jeito de se produzir roupas.