Mulher sentada em um escritório olha para a tela de seu computador enquanto trabalha

A necessidade é a mãe da transformação

4 minutos de leitura

A colunista Cristina De Luca discute como a pandemia do COVID-19 é um ensaio para um futuro em que a interação será por trás das telas.



Por Redação em 19/03/2020

Enquanto governos, profissionais da saúde e cientistas trabalham para impedir a disseminação do COVID-19, empresas, investidores e instituições públicas estão se preparando para um longo período de incerteza.

Mais do que nunca é preciso adotar abordagens centradas no ser humano para transformar e se preparar para o futuro. E construir pontes para que as pessoas atravessem os altos muros do medo e abracem mudanças estruturais, desviando sempre que possível dos riscos e das dúvidas.

Apesar de assustadora, tanto do ponto de vista da saúde pública quanto da economia, a pandemia pode ser também o impulso para muitas empresas iniciarem ou acelerarem sua transformação digital. De imediato, antecipando os planos de trabalho remoto e revendo seus planos de gestão de risco e continuidade de negócios.

Em algumas corporações, para certas atividades, as medidas de isolamento social parecem, de certa forma, um ensaio geral para um futuro que já estava a caminho, em que mais e mais pessoas passarão a interagir com o mundo exterior apenas por trás das telas.

Esse esforço ajudará as organizações a determinar se elas estão preparadas ou não para apoiar um número maior de trabalhadores remotos, obter resiliência da cadeia de suprimentos e avaliar os efeitos de uma situação limite, a curto e longo prazos.

Em circunstâncias normais, as empresas com uma política de trabalho remoto geralmente oferecem suporte a 10% a 20% dos funcionários em home office a qualquer momento. Os recursos de acesso remoto da LAN e WAN fornecem largura de banda e licenças de rede suficientes para suportar esse nível de uso.

Porém, em situações em que a gerência da empresa decide como medida preventiva orientar a maioria, ou todos os funcionários, a trabalhar em casa, a demanda por acesso remoto pode subir subitamente para mais de 25% da equipe, segundo estimativas do Gartner, sobrecarregando facilmente a VPN, e afetando a produtividade do trabalhador. Em vários países, incluindo o Brasil, ISPs e provedores de serviços WAN estão trabalhando para atender solicitações de aumento de capacidade.

Além do aumento da velocidade da Internet e opções flexíveis de largura de banda, as equipes de TI precisam avaliar como disponibilizar mais acessos VPN aos funcionários e, para isso, existem empresas que fornecem VPN como serviço: com instalação remota, em uma máquina virtual, com suporte para quantos usuários for necessário.

É preciso levar em conta vários fatores em situações atípicas. Brian Kropp, chefe de pesquisa da Gartner, aconselha as empresas a analisar o risco potencial apresentado por todos os fornecedores em sua cadeia de suprimentos. Se um aplicativo de folha de pagamento, por exemplo, está sendo suportado por uma empresa em uma região afetada, “você precisa começar a desenvolver seu próprio plano B”, disse Kropp. Isso pode significar encontrar outro fornecedor para intervir, caso seja necessário.

O RH também terá que ser envolvido. Da mesma forma que a TI é responsável pelo bem-estar das plataformas de tecnologia da organização, “o RH é responsável pelo bem-estar, desempenho físico, emocional e mental dos funcionários”, diz Kropp. Para que o trabalho remoto seja bem-sucedido, o RH deve gerenciar de forma proativa os procedimentos de trabalho remoto e comunicar as expectativas de produtividade, adotando a postura realista que prevê uma curva de aprendizado para alguns funcionários.

Trabalhar em casa tem seus benefícios, mas não é fácil trabalhar isolado ou sem supervisão direta para permanecer no caminho certo. As plataformas de colaboração, como comunicações unificadas (UC), só têm valor se as pessoas as usarem; portanto, a TI precisa adotar as melhores práticas que impulsionam a adoção entre os usuários finais .

Tem mais. Será necessário entender como as habilidades dos funcionários se complementam. A realização de um inventário de habilidades ilustrará quais funcionários podem fazer backup de outros se forem afetados por uma doença.

E será preciso investir no digital como parte do esforço para a distribuição omnichannel; isso inclui garantir a qualidade dos produtos vendidos online, ser transparente sobre as dificuldades de entrega, e estudar detalhadamente a redução de demanda. As mudanças nas preferências dos clientes provavelmente demorarão para voltar ao normal pós-surto.

O curto prazo é essencial, mas é preciso não perder o foco no longo prazo, aconselham os analistas. Algumas mudanças nos hábitos da força de trabalho, bem como nos hábitos dos consumidores/clientes, continuarão criando uma disrupção digital de longo prazo que moldará os negócios nas próximas décadas.

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Muitas organizações já envolvem clientes em plataformas digitais, como sites e aplicativos de marca, mercados online e mídias sociais. Mas o envolvimento pessoal offline ainda desempenha um grande papel. As soluções de colaboração no local de trabalho, videoconferência e transmissão ao vivo podem atender a vários cenários de envolvimento e venda de clientes. As organizações também devem permitir que os clientes usem o autoatendimento via canais online, móvel, social, de quiosque e de resposta de voz interativa (IVR).

“O valor dos canais digitais se torna óbvio à medida que a demanda do mercado diminui e à medida que as pessoas confiam mais nas plataformas online para suprimentos diários. As organizações podem aproveitar os canais digitais, como mercados online e plataformas sociais, para compensar parte da perda de demanda. ” opina Sandy Shen , diretora sênior de pesquisa da Gartner.

“Sem surpresa, os setores serão afetados em diferentes graus. Alguns deles, como aviação, turismo e hospitalidade, terão retração de demanda, em grande parte irrecuperável. Outros setores terão demanda reprimida. Em bens de consumo, por exemplo, os clientes podem adiar gastos discricionários por causa da preocupação com a pandemia, mas acabarão comprando esses itens mais tarde, quando o medo diminuir e a confiança voltar”, descreve a McKinsey no mais profundo e extenso material sobre os efeitos da Covid-19 sobre os negócios.

As empresas precisarão trabalhar duro para não perder a confiança do consumidor, manter as operações financeiras controladas e a produtividade da força de trabalho o mais estável possível enquanto as medidas sem precedentes para retardar a propagação do vírus continuarem.

A tecnologia pode contribuir muito. Quanto mais automatizados os processos, menor o impacto. Talvez tenha chegado a hora de adiantar também os planos de automação de processos robóticos (RPA), como apoio para as equipes, remotas ou não. O estudo “The Future of Work is Still Being Written, But Who Is Holding the Pen?” da UiPath, startup de soluções de RPA, mostrou que a automação engaja mais o time.

É imperativo transformar digitalmente nossos locais de trabalho para poder operar com eficiência. Quando a pandemia passar, as empresas capazes de usar bem a tecnologia para seguir em frente e repensar seu modelo de negócios para o futuro, acelerando a transformação digital, estarão à frente da concorrência.

É hora de agir com cautela, e planejamento. Boa sorte.



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