A discussão sobre cibersegurança, soberania digital e IA, entre outros assuntos, ganha mais espaço entre os países emergentes que formam o Brics. Para Luca Belli, professor e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio, o momento é ideal para o avanço da agenda de transformação digital, o guarda-chuva que envolve os temas inicialmente citados e outros mais.
Em artigo para a Folha de S. Paulo, a recente expansão do grupo, que ganhou seis novos membros, fortalece o debate sobre temas como soberania digital e pode criar padrões para outros países. Lembrando que, na configuração atual, o bloco é formado pelos fundadores originais – Brasil, Rússia, Índia e China – e mais a África do Sul, agregada em 2011. Além deles, a Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia também foram aceitos como integrantes.
Belli lembra ainda que os Brics defendem a construção de uma nova ordem multipolar, onde o Sul Global não seja apenas um expectador passivo das mudanças provocadas pela digitalização. Pelo contrário, a ideia é que os países participem da governança e do desenvolvimento global dessa transformação.
Na agenda atual do bloco, a cibersegurança é um dos destaques, com foco na definição de uma regulação universal para lutar contra o cibercrime. A defesa de uma IA responsável é outra demanda forte no grupo, com a sugestão de uma governança de dados global. Além de grupos específicos para analisar cibersegurança, os Brics também têm grupos de estudos para analisar a IA.
No caso do Brasil, o momento é ainda mais estratégico: além de presidir o grupo G20 em 2024, o país também vai assumir a presidência dos Brics e ainda realizar a COP30, no ano que vem, em Belém (PA). Além da sustentabilidade da economia, com respeito ao meio ambiente, a transformação digital sustentável também faz parte dos desafios do Brasil como líder desses eventos.