Segundo dados da empresa especializada em privacidade SurfShark, o Brasil ficou em 12º lugar entre os países que mais contabilizaram episódios de vazamento de dados no primeiro trimestre deste ano. Embora essa colocação desperte preocupação, é possível dizer que houve uma melhoria no desempenho dos sistemas de segurança – afinal, entre outubro e dezembro de 2021, o país estava em 5º no ranking.
O levantamento mostrou que, no início de 2022, dados de 286 mil brasileiros ficaram expostos através de suas informações na internet. Os vazamentos revelaram endereços de e-mail, senhas, números telefônicos, documentos e outras informações sensíveis.
E tais vazamentos podem vir de onde menos se espera: por exemplo, no início de janeiro o Banco Central comunicou um incidente de segurança com vazamento de dados pessoais vinculados a chaves PIX sob responsabilidade de uma empresa de pagamentos. De qualquer forma, não foram expostos dados sensíveis, como senhas, extratos ou outras informações sob sigilo bancário.
Ataques aumentaram durante a pandemia
Com o aumento da digitalização, a quantidade de ataques aumentou. De acordo com a empresa de segurança digital Kaspersky, durante a pandemia ocorreram mais do que o dobro de tentativas de ataques cibernéticos em comparação a 2019. O relatório considerou dados até o mês de novembro de 2021.
Segundo informações de outra organização de cibersegurança, a Apura Cyber Intelligence, ao menos 69 companhias brasileiras foram alvo de ataques de vazamento e sequestro de dados no primeiro semestre de 2021.
O tema inclusive foi alvo de debates em audiência pública, no final do ano passado. Na ocasião, Patrícia Peck Pinheiro, presidente da Comissão Especial de Privacidade e Proteção de Dados da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, alertou que o Brasil “virou o alvo número um” dos cibercriminosos e cobrou uma legislação mais rígida para isso.
Mesmo assim, várias falhas de cibersegurança já foram registradas no país. Além do caso citado do Banco Central, já foram registrados vazamento de dados de grandes plataformas de vendas, como a Netshoes, de redes sociais como o LinkdIn e Facebook e até senhas de serviços de streaming (Netflix).
Por isso, além da legislação mais rígida para combater esse tipo de crime, as organizações devem investir cada vez mais em boas práticas de segurança e na gestão de vulnerabilidades.
Privacidade em risco pelo mundo
Na primeira colocação do ranking da SurfShark está a Rússia, país que permanece em estado de guerra, onde o volume de vazamento de dados aumentou 11%.
A porcentagem é baixa se comparada aos 514% de alta que a Polônia somou após ser afetada pela guerra.
Hong Kong também registrou grande aumento de invasões e vazamentos, com alta de 946%, assim como Taiwan, com elevação de 295%.
Os Estados Unidos, por sua vez, tiveram queda de 50% no número de casos.
