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CIAB 2018: “Para evoluir será preciso trocar as asas do avião durante o voo”

3 minutos de leitura

A Executiva Maria Teresa Lima comenta os avanços da tecnologia para as corporações, durante o 28o. CIAB FEBRABAN, em São Paulo.



Por Redação em 14/06/2018

GDPR, Blockchain, a transformação do mercado financeiro, dos modelos de negócios e do comportamento do consumidor em decorrência dos avanços tecnológicos. Em entrevista exclusiva, Maria Teresa Azevedo Lima, diretora executiva para Governo da Embratel, opina sobre tecnologia, tendências e futuro.

Acompanhe a entrevista:

Como o consumidor final poderá se beneficiar dos avanços tecnológicos do mercado financeiro?
Maria Teresa Azevedo Lima: Com a mobilidade, o cliente do setor financeiro, ou seja, todos nós, poderá realizar cada vez mais transações e solicitações sem qualquer deslocamento. Resolverá tudo de forma mais rápida e com muita segurança, com atenção e com qualidade talvez até maior (do que a do atendimento pessoal), pois será um contato mais objetivo. Assim, entendo também que, cada vez mais, os bancos prestarão um serviço mais consultivo e menos operacional aos clientes. Vejo nos bancos uma tendência grande para usar tecnologia nessa direção. A quantidade de agências está sendo reduzida, porque são menos necessárias devido aos avanços de tecnologia e da mobilidade. Os números comprovam: em 2017, 69% do resultado do banco Itaú, por exemplo, foi gerado por meio de canais digitais.

Como os bancos tradicionais podem acompanhar os avanços e transformações das fintechs?
MT: É preciso que se reinventem e não copiem o que as fintechs fazem porque elas já nascem no ambiente digital, são bem diferentes. Os bancos têm que evoluir do modelo atual para o modelo digital. Cada banco tem uma estratégia para isso, mas todos devem investir em tecnologia: soluções em nuvem, segurança, internet das coisas. O cliente é um ser móvel, que quer solução em qualquer lugar, a todo tempo. Todos os bancos têm unidades de inovação, estão fomentando startups, estão presentes em espaços de colaborações com pequenas, médias e grandes empresas inovadoras. É preciso desenvolver a cultura interna do banco para realizar essa transição. E os bancos estão respondendo muito bem a esse desafio.

O mercado financeiro é o primeiro que absorve as inovações tecnológicas…
MT: Porque mexem com algo muito sensível a todos os seres humanos: o bolso. E, tradicionalmente, o mercado financeiro sempre teve uma cultura de inovação, levando-a para os demais segmentos de negócios. Essa cultura tem a ver com a nossa realidade, temos desafios econômicos, inflação enorme, uma complexidade tributária imensa. A necessidade de resolver essas questões estimula o mercado de finanças a se transformar com maior agilidade e rapidez.

Como você imagina o mercado em cinco anos?
MT: Os bancos vão encolher em tamanho físico e ampliar em portfólio de serviços, vão entrar em negócios e modelos alternativos. As agências serão cada vez mais pontos de negócios e não de serviços. O cliente é quem acelera esse avanço ao aderir às tecnologias. Tanto que até bancos públicos, que tem a obrigação de “bancarizar” a população brasileira – e ainda há um espaço muito grande para isso no Brasil – vêm reduzindo a presença física.

Como você se mantém informada sobre as inovações e transformações da área? Quais são suas fontes de informação essenciais?
MT: Leitura, jornais, newsletters de institutos de pesquisa, acompanho relatórios de consultorias. Temos um clipping bem rico na empresa. Todos esses canais nos desafiam a entender a transformação, aprender. E gosto muito de conversar com o cliente, dedicar um tempo não só para vender, mas para ouvir, trocar. Diariamente eu leio bem cedinho, logo que acordo, e no fim do dia dedico um tempo para me aprofundar em algo que chamou a minha atenção, para analisar, cruzar informações…

O que destacaria sobre blockchain?
MT: É a revolução que estamos vivendo. Há muita desinformação sobre o assunto, sempre a relacionam com criptomoedas e insegurança. Mas o blockchain é o que identifica e registra os atores das transações. É uma ferramenta poderosa, que está sendo estudada por nós, é um campo muito vasto, que passa por direitos autorais, de propriedade, transações de compra e venda, e certamente vai revolucionar a cadeia de relacionamentos entre instituições. Vejo uma oportunidade imensa, para o governo, de reduzir, e até extinguir, uma série de burocracias ao fazer uso do blockchain. Vai acabar o intermediário, vai transformar a maneira de fazer negócio. Para isso, tudo terá que ser atualizado (legislação, operações, etc). Para evoluir será preciso trocar as asas do avião em pleno voo. Uma transformação veloz será igualmente necessária no que diz respeito à regulamentação dos dados pessoais, que é o assunto da vez. A Europa já regulamentou, e essa é uma discussão ainda sem resposta para o Brasil. Onde termina o direito à sua privacidade e como você pode usar a sua pegada digital em seu próprio benefício? Esse equilíbrio ainda não foi encontrado, mas, seguramente, o que vamos resolver hoje terá que ser revisto em muito pouco tempo, porque os avanços são constantes.


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