CIAB 2019 open banking e fintechs são as grandes tendências, aponta Pedro Doria

CIAB 2019: open banking e fintechs são as grandes tendências, aponta Pedro Doria

4 minutos de leitura

Jornalista especialista em tecnologia conversa com o Mundo + Tech sobre as tendências do setor financeiro no Brasil.



Por Redação em 13/06/2019

Principais destaques:
Fintechs e open banking são tendências para o setor financeiro;
– Para Pedro Doria, Brasil tem potencial exportador de tecnologia e inovação;
– Setor impactou outras indústrias com tecnologia de pagamentos.

Pedro Doria, jornalista especialista em tecnologia, é categórico ao dizer que fintechs e open banking são duas tendências para o setor financeiro no momento. “Isso vai mudar a lógica de como nós pensamos o que é o banco”, disse ele em rápida entrevista ao Mundo + Tech durante o CIAB FEBRABAN 2019. O jornalista conversou ainda sobre como o Brasil é exportador de inovação para outros países e o impacto que o setor financeiro gerou para outras indústrias. Confira:

Mundo Mais Tech: Quais são as tendências de inovação para o setor financeiro brasileiro?
Pedro Doria:
Tem dois pontos bem importantes para o setor financeiro no momento: fintechs e open banking. [Fintechs são] startups que se portam como bancos, que são muito mais ágeis, são 100% digitais e têm uma lógica diferente de negócios. Por conta disso têm um apelo imenso ao público mais jovem, têm uma lógica de cobrança de tarifa diferente e isso, inevitavelmente, vai mexer ainda muito com o setor bancário. Principalmente quando começarem a entrar as grandes fintechs estrangeiras. Essa é uma tendência que deve mudar muito o setor.

Outra mudança grande é o desejo que existe, por parte do Banco Central do Brasil, de implementar, possivelmente no ano que vem, o open banking. [Open banking] é essencialmente todos os bancos conversarem entre si, on-line. Isso quer dizer, por exemplo, que dependendo de como for implementado, você poderá pagar um boleto e a compensação pode cair já nas primeiras 24h do dia. Ou então que você, de um mesmo aplicativo, acesse a sua conta no banco X e o seu investimento no banco Y e faça transferências sem pagar nada de um para o outro, de maneira instantânea, como se estivesse fazendo a transferência de uma conta corrente para outra de um mesmo banco.

Isso vai mudar também radicalmente a lógica de como nós pensamos [o que é um] banco. Vai virar uma coisa que não terá mais horário de fechamento, por exemplo. A gente tem essa expectativa, como em qualquer outro setor, de que nos próximos três ou quatro anos não vamos mais reconhecer o que era a lógica do setor financeiro, a ponto de começarmos a abandonar cartão de crédito, por exemplo. Você vai passar a pagar com o smartphone, vestíveis, com diversos dispositivos.

MMT: Falando em open banking, a FEBRABAN anunciou a primeira rede de blockchain para o setor financeiro nacional. O blockchain é uma tecnologia que pode agilizar o open banking no Brasil?
PD:
O que o blockchain traz é segurança contra fraude. No fim das contas, você tem que pensar nele não como essa coisa de bitcoins, mas essencialmente como um sistema que te garante: ‘se você recebeu R$ 1 digital em um ponto A, esse R$ 1 saiu de algum lugar’. Ele não foi duplicado porque ele não pode ser falsificado. Esse R$ 1 tem identidade própria. Do ponto de vista do controle de fraude, você consegue traçar todas as carteiras digitais por que esse dinheiro passou na vida útil. A implementação de blockchain não só garante a segurança do sistema, como também se torna uma baita arma contra a corrupção por exemplo, porque todo dinheiro passa a ser traçável. Agora, blockchain não é uma tecnologia trivial. É um processo que é demorado de ser desenvolvido.

MMT: Olhando para o setor financeiro lá fora, quais tendências devem também chegar ao Brasil?
PD:
A lógica chinesa de pagamentos é algo que ainda vai colar no Brasil. Por lá, todo pagamento é feito pelo celular. O seu celular é o seu cartão de crédito. Agora, a tecnologia dos bancos aqui no Brasil é tradicionalmente muito boa. O Nubank, por exemplo, é uma das fintechs mais relevantes do mundo. Então, nesse caso em particular, no setor financeiro, é evidente que a gente importa coisas como a experiência europeia com o Nubank, a experiência chinesa com os pagamentos digitais e a experiência da comunidade de criptomoeda com o blockchain. Mas, ao mesmo tempo a gente tem essa característica de desenvolver [soluções]. Isso porque o Brasil é uma economia muito grande, com uma quantidade grande de pessoas pobres que ainda não estão no sistema bancário, mas que tem poder de consumo e um smartphone na mão. Conforme você desenvolve fintechs para atender esse conjunto de pessoas, você está desenvolvendo tecnologias que podem ser exportadas para a África e para boa parte da Ásia, incluindo a Índia, que tem um mercado interno gigante para ser descoberto. Então tem coisa que o Brasil traz de fora, mas essa é uma área que o País é um potencial exportador.

MMT: Quais as influências do setor financeiro em outras indústrias brasileiras?
PD:
Olhando de um outro ponto de vista que não o da tecnologia, o setor financeiro, graças ao crédito e à facilitação de pagamento, ajudou a ampliar o acesso das pequenas e médias empresas para que elas entrem em sistemas de pagamentos digitais. Isso permite que cada PME tenha acesso a um público muito maior. Você começa a vender on-line, você não precisa trabalhar só com cheque e dinheiro. Isso é algo que há três ou quatro anos era caríssimo para as microempresas e hoje se tornou algo trivial. Isso acaba influenciando muito porque empresas de pequeno porte vão crescer. Para startups, isso é uma coisa fundamental.



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