O uso de tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) cresce entre os especialistas preocupados com os impactos climáticos. Embora a paleta de recursos seja diversificada, o objetivo é o mesmo: minimizar os efeitos das mudanças trazidas com o aquecimento global. Dois estudiosos do tema, a gerente de conteúdo do site Earthly, Melanie Catelo; e o jornalista especializado em IoT, Brando Jarman, mostram isso em artigos recentes.
Melanie destaca a utilização da IA e do Big Data em exemplos como a monitorização das emissões de carbono em tempo real e a redução de desastres naturais, a partir da adoção de análises preditivas. O uso de dados também pode ajudar a desenvolver a captura e o armazenamento de carbono. É o caso dos serviços de sequestro de carbono que fornecem informações importantes para georreferenciar e identificar novas áreas de implantação.
Tecnologias a favor do agronegócio
Segundo ela, a utilização de robôs com software de aprendizagem automática poderia ajudar os agricultores a gerir uma mistura de culturas de forma mais eficaz. Os algoritmos também poderiam apoiar os mesmos agricultores a prever quais culturas plantar e em que altura, melhorando a saúde do solo e reduzindo a necessidade de fertilizantes durante a estação de cultivo.
Da mesma forma, a especialista lembra que a aprendizagem automática pode otimizar as cadeias de abastecimento de alimentos, moda e bens de consumo, reduzindo ineficiências e emissões de carbono. Na prática: a gestão de dados permite que se preveja melhor a relação entre oferta e procura, racionalizando etapas como produção e transporte e incentivando alternativas de economia de baixo carbono.
IA na eficiência energética
Os recursos de IA e aprendizado automático são adotados ainda para apoiar a eficiência na geração de energia. Uma das iniciativas é a plataforma de aprendizado de máquina de propriedade do Google que pode prever padrões de vento com até 36 horas de antecedência para que os parques eólicos possam ser otimizados de acordo com o movimento de ventos.
E mais: embora já existam algoritmos que podem prever o uso de energia, eles podem ser melhorados usando IA para incorporar padrões meteorológicos e climáticos locais mais precisos, bem como o comportamento das famílias.
TIC na redução dos impactos climáticos e geração de GEE
Todos os exemplos de Melanie podem soar futuristas, mas na verdade já estão sendo aplicados em campo. Esse também é o caso da lista elaborada por Brandon Jarma para o site IoT for All. Ele destaca a previsão realizada em 2015, a qual apontava que a indústria de TIC (telecom e TI) poderia ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 15% em todos os setores industriais até 2030.
Para ilustrar: os sensores de IoT podem ser agregados em edifícios sustentáveis, fornecendo dados em tempo real para a otimização do uso de energia, gás e água, entre outros. Os impactos positivos são ainda maiores se as tecnologias forem usadas nas cidades, uma vez que dois terços da população viverão nelas até 2050. Cidades inteligentes podem utilizar sistemas IoT para tornar o abastecimento de água mais eficiente, melhorar o congestionamento e fornecer transporte público mais confiável.
IoT como aliado da biodiversidade
O IoT pode ser uma ferramenta para proteger a biodiversidade. Um exemplo é a Rainforest Connection, que usa o recurso para identificar e impedir a extração ilegal de madeira. A Bee Corp, por sua vez, adota os dispositivos IoT em colmeias para monitorar a saúde das abelhas e alertar os apicultores, que podem então intervir. Várias áreas de preservação da vida selvagem estão usando câmeras conectadas para monitorar grandes áreas selvagens e a caça ilegal e furtiva.
Além de ajudar a conservar energia e água, os dados captados por IoT também ajudam os cientistas a produzir visualizações sobre as alterações climáticas, comunicando a população em tempo real e com maior precisão. Em todos os casos, a meta de reduzir os impactos continua como ponto em comum das novas tecnologias.