Como a tecnologia MinION ajudou no sequenciamento do coronavírus no Brasil

Como a tecnologia MinION ajudou no sequenciamento do coronavírus no Brasil

3 minutos de leitura

Tecnologia MinION faz leitura em tempo real do DNA e RNA, permitindo cientistas a monitorarem comportamento do coronavírus.



Por Redação em 06/03/2020

Tecnologia MinION faz leitura em tempo real do DNA e RNA, permitindo cientistas a monitorarem comportamento do coronavírus.

Pesquisadoras brasileiras foram destaques na comunidade científica ao sequenciar, em 48 horas, o código genético do novo coronavírus, o COVID-19, presente no Brasil. A descoberta foi auxiliada pelo uso de um MinION, uma tecnologia de nanoporos capaz de fazer a leitura do DNA e RNA em tempo real.

O trabalho envolveu cientistas do Instituto Adolfo Lutz (IAL), do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) e pesquisadores da Universidade de Oxford (Inglaterra). Com isso, a equipe descobriu que a sequência completa do genoma viral tem 29 mil letras.

Em um breve resumo, o sequenciamento aconteceu em algumas etapas a nível molecular:

  • Extração do RNA do coronavírus.
  • Uma síntese de um molde do RNA mensageiro foi criada (DNA complementar).
  • DNA complementar foi replicado exponencialmente através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (RCP).

Após essas etapas, o material foi lido pelo MinION até resultar no sequenciamento genético. Isso permitiu as pesquisadoras descobrirem que o COVID-19 sofreu, até então, três mutações se comparado com a sequência do genoma viral que iniciou na China.

O trabalho foi divulgado no site Virological.org, fórum global de discussão para virologistas, epidemiologistas e especialistas em saúde pública.

Entendendo melhor o MinION

O MinION pode até parecer uma tecnologia nova, mas o dispositivo do tamanho de um pen-drive já é usado no Brasil desde 2016. O motivo: para entender a epidemia do vírus Zika que assolou o País naquele ano.

Essa pequena máquina, com apenas 100g, é conectada em um computador via porta USB 3.0. Isso oferece uma análise em tempo real mais ágil e em formatos totalmente escaláveis do DNA e RNA, além de sequenciar quaisquer fragmentos de qualquer comprimento.

Ela foi desenvolvida na Inglaterra, mas tinha um preço médio de US$ 500 (R$ 2.235) e exigia protocolos caros. Porém, após uma das pesquisadoras passar uma temporada no país, ela desenvolveu uma forma de baixar os custos do teste molecular para US$ 20 (R$ 92,60).

Como a tecnologia ajudou a sequenciar o coronavírus

No caso do coronavírus, a equipe pegou uma amostra da saliva coletada do primeiro brasileiro infectado com a doença, o empresário brasileiro de 61 anos, morador de São Paulo. Após essa amostragem ser inserida no MinION, o resultado da leitura apareceu na tela do computador em tempo real.

Em entrevista ao Jornal da Globo, a pesquisadora do IMT-USP Jaqueline Goes de Jesus explicou o processo. “O equipamento (MinION) consegue monitorar em tempo real como está sendo o sequenciamento. Ou seja, como está sendo a geração desse genoma”.

Ter esse sequenciamento finalizado vai ajudar os pesquisadores a entender o comportamento do COVID-19 e até mesmo identificar as regiões do genoma viral que sofrem menos mutações. Com isso, outros cientistas podem trabalhar no desenvolvimento de vacinas e testes de diagnósticos.

Os próximos passos, segundo Ester Sabino, médica e diretora do IMT-USP, é trabalhar paralelamente no sequenciamento de novas amostras do coronavírus enquanto dá continuidade nas pesquisas sobre o vírus da Dengue.

Monitoramento em tempo real vai ajudar a reduzir disseminação da doença

O sequenciamento de um genoma com o MinION acontece em tempo real. Assim que as cientistas colocaram a amostra da saliva do brasileiro infectado, o dispositivo começou a ler e mapear a sequência.

Isso vai permitir aos pesquisadores identificar de onde surgiu o vírus que chegou ao Brasil. Assim, será possível orientar ações de contenção para reduzir a disseminação da doença.

Até então, o MinION foi testado somente na África, durante a epidemia de ebola. Mesmo assim, as pesquisadoras já compartilharam o protocolo utilizado para sequenciar o coronavírus com os italianos.

Coronavírus em números

O número de casos globais confirmados do COVID-19 já passa de 100 mil. Atualmente, são mais de 97 mil, de acordo com a plataforma de monitoramento em tempo real da Universidade Johns Hopkins (Estados Unidos). No entanto, pacientes recuperados somam mais de 55 mil.

No Brasil, já são nove casos confirmados – seis em São Paulo, um na Bahia, um no Rio de Janeiro e outro no Espírito Santo. Segundo informou o Ministério da Saúde, todos os pacientes com coronavírus têm histórico de viagem ao exterior ou de contato com pessoas já infectadas.

Principais destaques desta matéria:

  • Pesquisadoras brasileiras sequenciaram genoma do coronavírus em dois dias ao usar um MinION.
  • A tecnologia de nanoporos faz leitura em tempo real de DNA e RNA.
  • Sequenciamento vai ajudar outros pesquisadores a desenvolver vacinas e novos testes de diagnósticos.


Matérias relacionadas

tecnologias transformadoras Inovação

IA e Open Finance são tecnologias transformadoras para grandes empresas

Estudo realizado pela Visa aponta que a tecnologia é prioridade para grandes empresas da América Latina e Caribe

ai academy Inovação

Web Summit Rio terá academia de IA

Palestras com especialistas vão discutir os vários usos da inteligência artificial

ageu dantas Inovação

Claro apresenta sua plataforma de Open Gateway em Barcelona

Empresa demonstrou uso comercial do SIM SWAP e Number Verification com vários parceiros durante o evento deste ano

big data analytics Inovação

Big Data Analytics opera como apoio estratégico à empresas

Tecnologia é capaz de fornecer, com a análise de dados, insights valiosos para o sucesso de um negócio