Com cinco características, empresas veteranas conseguem lançar produtos mais rapidamente no mercado e competir com nativas digitais.
Ser digital é um desafio para empresas tradicionais: adaptar e/ou mudar o seu modelo operacional para acompanhar quem se apoia na computação em nuvem para inovar ou já nasceu com essa mentalidade não é tarefa fácil.
Empresas digitais (parcialmente ou não) apoiam seus negócios em pilares como velocidade, experiência do cliente e flexibilidade. As tradicionais, por outro lado, ainda contam com sistemas legados, criando, por exemplo, atrasos ou dificuldades para o lançamento de produtos e serviços mais indicados para uma sociedade cada vez mais conectada e, de certa maneira, independente.
A boa notícia é que empresas tradicionais de diferentes setores tentam acompanhar esse movimento ágil para se manter ativas. Quem virou essa chave conseguiu melhorar o seu desempenho financeiro na casa de 20% a 30%, como indica uma pesquisa da consultoria McKinsey.
Esse desempenho foi sustentado por melhorias:
- No desempenho operacional
- Na satisfação do cliente
- No envolvimento dos colaboradores
Quando caminham para as metodologias ágeis, as empresas tradicionais conseguem alcançar e competir com as nativas digitais de maneira eficaz, aponta a McKinsey. Como, então, iniciar essa jornada?
Organizações ágeis de sucesso se apoiam em 5 elementos-chave: estratégia, estrutura, processos, pessoas e tecnologia. O “entrave” geralmente é no último item. A consultoria aponta 5 mudanças que a TI pode realizar para que toda a organização conquiste uma agilidade corporativa. São elas:
- Colaboração.
- Aplicações e serviços.
- Sourcing e pessoas.
- Processos de entrega.
- Infraestrutura.
Abaixo, confira o impacto positivo que essas 5 transformações podem gerar dentro de uma organização.
1. Colaboração multidisciplinar
Ainda existe uma falta de transparência entre as áreas de negócio e TI. Nem sempre os CEOs entendem por que os projetos estão atrasados e os orçamentos estão acima do limite. Do outro lado, CIOs não conseguem lidar com a quantidade de demanda desses executivos.
Em projetos com modelos mais tradicionais, o processo de definição e alinhamento dos requisitos de negócios e de TI pode levar de três a seis meses até que a primeira linha de código seja escrita.
O que companhias mais tradicionais podem fazer, aponta a McKinsey, é trabalhar o modelo BizDevOps para integrar equipes de negócios e TI. O conceito, apesar de parecer novo, pode ser entendido como uma versão 2.0 do DevOps (saiba mais desta metodologia aqui).
A diferença é: se em DevOps, os times de desenvolvimento e operações trabalham juntos, em BizDevOps um time maior fará parte do projeto: o caso, negócios, desenvolvimentos e teste, segurança e qualquer departamento que esteja alinhado com a proposta.
2. Aplicativos baseados em API
Um grande problema nas empresas tradicionais é o uso de aplicações monolíticas. Esse tipo de plataforma reúne praticamente todos os sistemas de que uma companhia precisa para tocar as operações, só que em uma única interface.
Então, quando uma atualização é necessária ou um serviço apresenta instabilidade, os diversos sistemas precisam ser interrompidos. Sem contar que muitas soluções monolíticas são datadas das décadas de 1990 e 2000 e não são totalmente otimizadas para web e mobile.
Uma instituição financeira, por exemplo, precisaria atualizar até 30 sistemas caso criasse um novo produto para seus clientes. Hoje, o cenário é totalmente diferente quando aplicações e plataformas são criadas de forma granular, a partir de microsserviços.
Com equipes ágeis em uma empresa, elas podem focar nas funcionalidades que mudam com maior frequência, sempre pensando na experiência dos clientes. Ainda há a API de parceiros que permite a integração de inúmeras funcionalidades, mas todas atuando de forma independente.
APIs se tornam essenciais, no cenário atual, por reduzir consideravelmente o tempo de desenvolvimento e lançamento de aplicações. Além disso, possibilitam tirar recursos obsoletos e inserir novos, de acordo com as necessidades do público.
Imagine o sistema operacional Android: ele pode ser considerado uma API que, dependendo da fabricante, trará funcionalidades diferentes na interface, porém, sempre pensadas para levar a melhor experiência ao consumidor.
Enquanto no aplicativo de câmera da marca A, um usuário pisca o olho para tirar uma selfie, o abrir e fechar de mão pode realizar essa ação no smartphone da fabricante B. Apesar de todos terem como base o Android (API), cada marca personaliza à sua maneira.
3. Sourcing (terceirização) consciente
Há um gap de talentos de TI nas companhias mais recentes e uma lacuna maior ainda nas mais tradicionais. O motivo? Muitos profissionais da área trabalham com código aberto, enquanto são poucos os que atuam e desenvolvem a partir de sistemas legados.
Sistemas legados, na maioria das vezes, contam com tecnologias proprietárias, o que resulta em talentos escassos e até mesmo fornecedores sem um profissional mais adequado para tocar projetos envolvendo essas plataformas.
Até porque, empresas tradicionais, quando competem com as que já são nativas digitais, precisam se adequar a mudanças que exijam respostas rápidas: precisam testar produtos mínimos viáveis (MVPs), renovação contínua de tecnologias, entre outras demandas.
É aí que a terceirização consciente entra em jogo. Muitos provedores de tecnologia têm mudado seus portfólios, oferecendo soluções mais intuitivas e baseadas em serviço. Eles também têm disponibilizado seus profissionais para ajudar na transformação digital das empresas.
Fechar essas parcerias estratégicas torna-se interessante porque a empresa consegue capacitar seus talentos e ter especialistas de fora, de forma consultiva, para demandas mais específicas.
4. Entrega contínua
O modelo cascata no desenvolvimento de aplicativos pode sobrecarregar a equipe de TI e frustrar quem espera um lançamento no menor tempo possível. Empresas tradicionais lançam de três a quatro atualizações de recursos e funcionalidades por ano.
Já as nativas digitais conseguem lançar a qualquer momento, uma vez que elas desenvolvem todos os produtos a partir da nuvem. Além disso, trabalham com entrega contínua das aplicações, ou seja, elas são disponibilizadas no mercado e constantemente aprimoradas.
A entrega contínua não diminui a qualidade das aplicações. Pelo contrário: como os times vão trabalhar com microsserviços e tarefas automatizadas, eles conseguem escrever os códigos e testá-los com frequência, diminuindo as chances de erros e falhas de segurança no lançamento.
5. Nuvem é a chave
Ter agilidade é apoiar-se na computação em nuvem. Qualquer que seja a infraestrutura – pública, privada ou híbrida – as empresas tradicionais terão maior capacidade de computação e armazenamento sob demanda.
Além de procedimentos menos burocráticos, as companhias conseguem alocar ambientes de acordo com a necessidade, garantindo economia no orçamento. Quando as cargas de trabalho estão na nuvem, o tempo de espera no desenvolvimento e o retrabalho são bem menores.
Os times também são beneficiados com a nuvem: a produtividade aumenta e os colaboradores têm maior flexibilidade para atender às demandas dos CEOs, já que elas serão reduzidas de vários dias para horas, dependendo da metodologia usada.
Do outro lado, os provedores também se atualizam para oferecer novas tecnologias ativadas pela nuvem que vão além da computação e armazenamento básicos: Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning.
Mudanças vão possibilitar novos investimentos
Essas características apontadas pela McKinsey podem abrir novos caminhos para as empresas tradicionais. Elas terão uma estrutura organizacional multidisciplinar, em que os talentos serão reconhecidos e poderão atuar com uma comunicação transparente e mais ágil.
Ter uma equipe qualificada e contar com processos e operações baseados em nuvem e automatizados levará essas companhias a um relacionamento mais saudável, com todo o ecossistema de inovação. Por fim, isso permite economizar no orçamento para ter capital em novos projetos.
Principais destaques desta matéria
- Empresas tradicionais precisam concorrer com as que são nativas digitais.
- Apostar na agilidade corporativa pode trazer vantagem competitiva para elas.
- McKinsey aponta 5 mudanças que vão deixar as companhias mais ágeis.