Em 2020, o setor da saúde investiu US$ 9,1 bilhões em tecnologia para cuidados com o paciente em todo o mundo. Os investimentos foram 19% superiores ao do ano anterior, segundo a consultoria Gartner, e sim, esse retrato da telemedicina e o ano de 2020 foram escolhidos para uma ilustração peculiar: o setor de saúde busca apoio na tecnologia para lidar não só com problemas relacionados à pandemia de Covid-19, mas também com os seus desafios naturais do dia a dia.
Deste ano em diante, com o aprendizado acumulado, a expectativa é que o 5G seja, contudo, a infraestrutura por trás das conexões, potencializando as iniciativas de saúde digital e garantindo mais estabilidade e confiabilidade ao setor.
Soluções como telemonitoramento remoto de pacientes, wearables, realidade virtual e até cirurgias remotas poderão ser melhor utilizadas a partir dos ganhos de velocidade e baixa latência que o 5G oferece.
O avanço que o 5G pode proporcionar é amplo e vai até a ajuda para reduzir a demanda por profissionais da saúde. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), nas capitais do País, há 5,65 médicos disponíveis por mil habitantes, contra 1,49 na média das cidades do interior. Usando o 5G, por exemplo, será possível conectar médicos e pacientes que estão a quilômetros de distância – com maior confiabilidade das conexões – e equilibrar essa densidade.
Pacientes poderão ainda ser encaminhados a cabines de teleconsulta em hospitais públicos, que utilizarão equipamentos com imagens com ultra definição para realizar exames. As já comentadas cirurgias feitas a distância, utilizando robôs (cirurgias robóticas) também serão uma realidade, permitindo mais acesso dos pacientes a especialistas médicos.
Hospital público já testa 5G em cirurgias
Em uma parceria com a Embratel, o centro cirúrgico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) já realiza prova de conceito (PoC) para testar a viabilidade do 5G em cirurgias, por exemplo. Nesse caso, os parceiros vão integrar as informações de monitoramento do paciente cirúrgico em uma base de dados que permita o acompanhamento e avaliação por uma equipe médica de forma remota, pelo celular, por exemplo. Esses dados prioritariamente são vinculados aos equipamentos do chamado carro de anestesia, aparelho onde é feito o monitoramento dos sinais vitais durante a cirurgia.
A capacidade do 5G também é testada, para verificar se a latência, velocidade, estabilidade, qualidade e segurança, entre outros itens, atendem os requisitos para realizar as cirurgias. A expectativa é que, além da otimização dos centros cirúrgicos, nas próximas etapas da pesquisa, a integração de tecnologias possibilite mais segurança e qualidade às cirurgias e também o desenvolvimento de novos serviços de apoio e educação à distância para os profissionais da saúde.
5G otimiza a interoperabilidade
O avanço do 5G no setor de saúde também deve otimizar as soluções de interoperabilidade, utilizadas para integrar múltiplos sistemas e dados, facilitando o acesso ao histórico clínico dos pacientes.
Segundo Marcelo Ruiz, Head de Soluções Verticais em Saúde Digital da Embratel, a interoperabilidade proporciona resultados mais significativos no desfecho clínico do paciente. “Ela permite que as informações fiquem unificadas, fornecendo mais subsídios para a tomada de decisão da equipe médica, o que se traduz em melhor prognóstico”, diz (veja entrevista completa com o executivo no Próximo Nível). Ele completa que a ferramenta melhora a eficiência operacional, reduz desperdícios e custos, pois há diminuição de pedidos de exames e tratamentos duplicados. “Isso otimiza a jornada do paciente”, pontua.
A Embratel lançou recentemente a solução Interoperabilidade na Saúde, indicada para instituições públicas e privadas da área da saúde que buscam solucionar os desafios de conectividade clínica, integração de informações e compartilhamento de prontuários para uma visão integral da assistência médica.
A solução permite que sistemas operacionais trabalhem em conjunto com outras ferramentas, proporcionando suporte à decisão clínica com monitoramento em tempo real de dados consolidados e normatizados, a partir de Analytics, Dashboards e Data Quality, confirmando que o 5G, com a sua experiência elevada de conectividade, deve contribuir em grande escala para a usabilidade de soluções integradas como esta.