NTF é uma tecnologia que usa Blockchain para a compra e venda de ativos não fungíveis, ou seja, que são únicos e exclusivos.
As últimas semanas foram bem movimentadas no mercado de arte digital. O motivo? Uma montagem do artista digital Beeple foi vendida por quase US$ 70 milhões e um GIF do Nyan Cat, com uma década de idade, arrecadou US$ 600 mil.
Você pode até pensar “por que alguém pagaria tanto dinheiro por isso?” E a resposta é bem simples: os colecionadores não querem a obra em si, mas a exclusividade de que eles são os únicos donos dela, ainda que ela possa ficar armazenada nos notebooks e smartphones de todo mundo.
Essa tendência, que até comentamos ser uma das 10 tecnologias que podem ajudar a mudar o mundo,é chamada de NTF (sigla para Non-fungible Token ou token não fungível, em tradução livre).
Até então, essa tecnologia tem se destacado no mercado de arte digital: GIFs, colagens, tuítes, cartões de visitas, skins de personagens de jogos, imagens de objetos físicos (quadros, esculturas etc.), imagens esportivas (lances da NBA, futebol e Fórmula 1, por exemplo), e itens raros.
Isso porque é com o uso de Blockchain que os usuários garantem que o seu ativo digital é original, uma vez que a tecnologia vai criar um token (assinatura digital) afirmando que uma pessoa é dona daquilo que ela adquiriu.
Parece complicado, não é? Mas ao longo do texto vamos trazer alguns exemplos para você entender melhor como o NFT pode revolucionar diversos mercados.
Entendendo o que é NFT
Reza a lenda que roteiristas, ao escreverem um roteiro, colocam um rascunho em um envelope e o enviam para si mesmos, mas sem abri-lo. Tudo isso para que eles consigam provar que são os escritores originais caso a ideia seja plagiada por alguém.
Olhando para o NFT, esses roteiristas poderiam vincular seus rascunhos a um Blockchain, porque são ativos não fungíveis. Ou seja, são únicos e não podem ser substituídos ou trocados por outros itens de mesmo valor.
Em outras palavras, um token não fungível é um ativo digital que não é mutuamente intercambiável e não há mais de um igual. Daí, você pensa: “mas todos podem ter o GIF do Nyan Cat”.
Sim, podem. Mas só uma pessoa terá em mãos a obra original. Todas as outras terão a cópia. Para esclarecer isso, vamos pensar em um edifício cuja infraestrutura é padrão para todos os apartamentos.
Você tem um imóvel e o decorou do seu jeito. Então, uma pessoa vizinha, que mudou recentemente, pede para olhar como você o organizou para ter ideias para o dela. Apesar de os dois apartamentos terem a mesma estrutura, cada espaço terá uma decoração particular.
Ou seja, dependendo de como eles são organizados, cada apartamento pode ter um valor de venda maior ou menor que o outro, mas nunca serão iguais, seja no aspecto físico ou financeiro. Em resumo, um ativo digital NFT terá um direito de propriedade sempre atrelado a alguém.
Ativo fungível e não fungível
Claro, apesar de estarmos falando sobre NFT, é importante mostrar a diferença entre um ativo fungível e um ativo não fungível.
Por exemplo, se você tem uma nota de R$ 50 e trocar por outra de R$ 50, as duas continuam tendo o mesmo valor. Isso é um ativo fungível.
Agora, se você gasta R$ 370 na mídia física da versão de luxo de Shadow of The Tomb Raider, ao tentar trocar ou vender esse jogo, ele não terá o mesmo valor (parte pela desvalorização do uso) de outro título oferecido, seja ele qual for. Isso é um ativo não fungível.
Ter essa noção sobre o que é ou não é fungível é importante, uma vez que isso abre novas perspectivas de mercado. Um ativo não fungível geralmente não tem liquidez – ou seja, quando são transformados em dinheiro, perdem muito de seu valor.
Mas, com a tecnologia NFT em jogo, esses ativos podem gerar fluxos de renda para quem os detém. Voltando ao jogo de Shadow of The Tomb Raider, vamos supor que a mídia física é uma edição limitada que traz skins exclusivas para Lara Croft, personagem principal do título.
Nem todo mundo terá essa edição e, se uma pessoa a coloca em um mercado NFT, o jogo pode ser vendido por um preço acima do valor pago e o novo dono terá exclusividade em cima da mídia física.
NFT está entre nós há algum tempo
Pode não parecer, mas NFT já está um bom tempo no mercado, mas talvez não tivesse um nome próprio. Em 2016, uma carta rara de Pikachu, de um deck do jogo Pokémon Trading Card Game, foi vendida por US$ 55 mil em um leilão.
No ano seguinte, a startup Dapper Labs criou o jogo CryptoKitties, em que um usuário adquiria um gatinho digital e, junto com ele, um token para provar que cada animal é original. O Mundo + Tech até destacou o aporte financeiro recebido pela empresa em 2019.
Esses são uns dos primeiros exemplos de NFT conhecidos. No caso da CryptoKitties, as pessoas poderiam comprar e vender gatos únicos através do Blockchain. Ou seja, sem interferência de terceiros.
Apesar da CryptoKitties ser uma plataforma própria de compra e venda de NFT (no caso, os gatinhos), há diversos mercados que comercializam ativos não fungíveis: OpenSea, Mintable, Nifty Gateway e Rarible.
Porém, é preciso ter em mente que cada plataforma pode exigir determinada criptomoeda para as transações, qual carteira digital para armazená-la e as taxas aplicadas em cima de cada compra e venda de NFT.
Ou seja: se você tem criatividade e quer vender arte digital, criar um NFT pode ser uma opção. Até lá, fique com o GIF original do Nyan Cat, arrematado por US$ 600 mil!
Principais destaques desta matéria
- NFT é a sigla para sigla para Non-fungible Token ou Token não fungível.
- Tecnologia permite a compra e venda de artes digitais únicas e exclusivas.
- Mas pode abrir novos mercados, como o de imóveis.