Principais destaques:
– Pessoas preferem assistentes virtuais com voz feminina;
– O motivo? Elas gostam mais do tom feminino quando precisam de ajuda;
– Coletivo desenvolveu Q, um assistente de voz sem gênero;
– Ideia é erradicar o preconceito de gênero na tecnologia.
Você já notou que geralmente uma voz feminina é a mais usada em aplicativos de navegação e assistentes virtuais, como Cortana, Alexa ou Siri? Dificilmente uma Inteligência Artificial com voz masculina é configurada para aceitar comandos dos usuários.
Esse desequilíbrio de gênero nos dispositivos inteligentes é mais uma discussão sobre como a tecnologia reforça o sexismo no cotidiano das pessoas. Mas um coletivo espera erradicar esse preconceito com Q, o primeiro assistente de voz sem gênero, como mostra artigo do site The Next Web.
Q é uma colaboração entre linguistas, especialistas em tecnologia e designers de som – Copenhagen Pride, Virtue, Equal AI, Koalition Interactive e thirtysoundsgood. A ideia é que o assistente de voz incentive uma “maior inclusão na tecnologia de voz”. De fato, as assistentes Alexa da Amazon, Cortana da Microsoft e Siri da Apple têm nomes femininos. Porém, quando são perguntadas se são mulheres, respondem que não têm gênero.
Mas por que vozes femininas então? Como é dito nesse artigo publicado no site da revista Wired, independentemente do sexo do ouvinte, as pessoas normalmente preferem escutar uma voz masculina como uma autoridade que dará a resposta para seus problemas. Mas quando precisam de ajuda, a preferência é por uma voz feminina, para dar a impressão de que o usuário resolveu o problema por conta própria. “Queremos que a tecnologia nos ajude, mas queremos ser os chefes dela, então é mais provável que optemos por uma interface feminina”, escreveu Jessi Hempel, autora da publicação.
Como o Q foi desenvolvido?
Os desenvolvedores do Q gravaram vozes de várias pessoas que se identificam como homens, mulheres, transgêneros e não-binários para encontrar uma voz que não encaixasse no binário masculino-feminino. Para isso, eles conduziram um teste com 4.600 participantes, que classificaram a voz do assistente numa escala de 1 (masculina) a 5 (feminina).
Com o teste, os pesquisadores definiram a frequência de 80 Hz para a voz masculina e 220 Hz para a voz feminina, encontrando na frequência 145 Hz o tom neutro, em termos de gênero, para a criação do assistente virtual Q.
Agora, o coletivo quer chamar a atenção das gigantes da tecnologia para a adoção de um assistente de voz sem gênero para impulsionar a diversidade e inclusão nas empresas, uma vez que os dados usados no aprendizado de máquina são baseados no comportamento humano, que pode trazer visões de mundo diferentes. “Robôs são sexistas porque aprendem de humanos que são”, aponta o artigo da The Next Web.
Ouça no vídeo abaixo (em inglês), qual é o tom da voz dx Q: