antifraudes Da esquerda para direita: Danilo Coelho, Adriana Umeda, Christian Vincent, Fabiana Saenz, Caio Rocha, Luis Rosenburg, Cida Vasconcellos

Dados são ‘combustível’ antifraudes

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A tecnologia, segundo especialistas, é o meio necessário para a prevenção, mas as boas práticas só funcionam com a análise de dados, que identificam os riscos



Por Redação em 05/10/2023

A segurança está entre uma das principais preocupações das instituições financeiras, de acordo com estudo da Federação Brasileira de Bancos (Febrabran). Se, por um lado, o aumento na quantidade de dispositivos que acessam os sistemas bancários proporciona facilidade para os usuários, possibilitando maior acesso, por outro, isso faz com que o risco se torne cada vez maior. Afinal, qualquer golpe pode estar ao alcance de poucos cliques.

Exemplos disso não faltam – e a maior parte decorre de usuários que fornecem informações ou senhas a partir de mensagens de phishing, e têm suas identidades roubadas, ou daqueles que não habilitam as etapas de segurança em seus dispositivos. Mas a culpa não é deles.

“Muitos indivíduos não têm tempo ou paciência para a adoção de estratégias de segurança. Justamente por isso, cada vez mais as tecnologias que possibilitam a checagem de informações, sem fricção, se tornam relevantes”, comentou Danilo Coelho, diretor de Data Analytics da Quod, empresa que atua nas áreas de financiamento e ações antifraudes, em painel realizado durante a Futurecom 2023. 

Segundo ele, quanto menos fricção os sistemas trouxerem, maior a probabilidade de conversão do cliente. “Muitas vezes, a pessoa desiste de abrir uma conta em uma determinada instituição, ou comprar um serviço, em função da quantidade de etapas de segurança solicitadas”, pontuou. 

Em sua avaliação, as empresas do segmento devem investir em outras estratégias de segurança, que não solicitem inicialmente tantas informações e confirmações por parte do usuário. “Temos tecnologia para isso, e a análise de dados é uma das mais importantes”, destacou. 
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Para os usuários de serviços financeiros, segundo pesquisa da Serasa Experian, realizada com 2 mil pessoas, a preocupação com o tema também é uma constante: 90% dos entrevistados afirmaram que a segurança é um dos aspectos mais relevantes para a escolha e manutenção do relacionamento com uma instituição financeira. 

A análise mostrou, também, que 61% das pessoas que participaram do estudo já foram vítimas de roubo de identidade, 57% delas tiveram suas contas roubadas e 62% têm receio de serem afetadas pelo problema. 

Outro levantamento, realizado pela Quod, mostrou que 30% de seus usuários já sofreram golpes digitais. “Desde o ano passado, as fraudes relacionadas à identidade digital aumentaram 40%. Os prejuízos com isso alcançaram US$ 41 bilhões, e a perspectiva é de que cheguem a US$ 48 bilhões em 2023”, disse Coelho. 

Para Adriana Umeda, diretora executiva de Risco, da Visa, a educação é a chave para reduzir os riscos. “Os golpes acontecem por meio da facilidade. No passado, as instituições financeiras evitavam falar sobre o tema, mas isso acabou se transformando em mais munição para os fraudadores. É preciso que as pessoas saibam identificar as situações de risco, por isso o investimento em informação e conscientização é necessário”, ressaltou. 

As práticas conhecidas como engenharia social estão entre as ferramentas utilizadas pelos criminosos para conseguirem acesso aos dados dos clientes de instituições bancárias. 

De acordo com os participantes do painel sobre ‘Cybersegurança, antifraudes e risco’, realizado no dia 4 de outubro no Futurecom 2023, esse tipo de crime é cada vez mais sofisticado, induzindo as pessoas ao erro. “Em golpes com roubo de identidade, como no WhatsApp, o criminoso consegue foto atualizada da vítima, escreve no mesmo estilo de texto, tem acesso aos contatos e informações que deveriam ser privadas”, disse Luis Gustavo Rosenburg, diretor de produtos da Quod. “Em outras situações, há o envio de documentos falsos, como boletos, cujo principal apelo é a urgência. Ou seja, o cliente de uma determinada organização recebe um ‘último aviso’ para quitar uma suposta dívida, e na pressa, sem conferir as informações, acaba efetuando o pagamento”, completou. 

A engenharia social adotada pelos golpistas é muito detalhada e induz o usuário – e também muitas empresas – a erro. Por isso,  Caio Rocha, diretor de Produtos de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian, ressaltou a importância de ferramentas como biometria, autenticação de dois ou mais fatores e cadastro detalhado”, disse.

Educação antifraudes

Esse tipo de situação, conforme os palestrantes, poderia ser evitado com maior educação. “Com maior conhecimento, as pessoas podem separar o joio do trigo”, defendeu Adriana. No entanto, essa é uma tarefa que não pode ficar somente sob a responsabilidade do usuário de serviços bancários. “As empresas também precisam adotar ferramentas de segurança. Existem mecanismos que podem dificultar as ações de fraudadores”, ponderou Coelho.

A análise de dados, segundo Rocha, da Serasa Experian, é uma das principais ferramentas das instituições financeiras. “Os dados permitem verificar operações fora do padrão, o que significa um alerta de risco, além de possibilitarem o acompanhamento do dinheiro”, observou. Ou seja: em um golpe digital, quando um valor é transferido da conta da vítima para a do golpista, o registro de dados da transação é uma maneira de acompanhar o ‘caminho’ dos valores envolvidos, além de serem ferramentas para a identificação do golpista.

Sistema antifraudes integrado

“Em golpes digitais, o dinheiro da vítima só sai do sistema quando o golpista faz um saque, o que demora, em média, cerca de 35 minutos”, explicou Christian Vincent, diretor da Núclea, empresa que atua no segmento de prevenção de fraudes. “Assim, para evitar a consolidação desse crime, é necessário um sistema integrado entre as instituições financeiras”, defendeu. 

Essa integração está prevista na Resolução Conjunta 06, do Banco Central e Conselho Monetário Nacional, que estabelece os requisitos para compartilhamento de dados e informações sobre indícios de fraudes que precisam ser observados pelas instituições financeiras, instituições de pagamento e demais organizações financeiras autorizadas pelo BC.

No entanto, na avaliação dos participantes do painel, tanto a educação dos usuários quanto a tecnologia têm papel preponderante na segurança. “O ciclo de aprendizado é fundamental, mas as instituições também precisam colocar a inteligência de dados para compor camadas de segurança, entender o comportamento do usuário e oferecer alternativas sem atrito, facilitando a adesão de clientes”, disse Danilo Barsotti, CTO da IdWall, plataforma de verificação de identidade, gestão de riscos e onboarding digital. 

Vantagem competitiva

Para Fabiana Saenz, diretora de inteligência antifraudes do Mercado Pago, a prevenção não deve ser encarada pelas empresas como uma despesa, mas, sim, como vantagem competitiva. “Organizações que se destacam pela prevenção de riscos e bons resultados nesse sentido estão à frente, pois oferecem um diferencial para seus clientes”, afirmou. Ela frisou que a adaptação precisa ser constante, para não abrir brechas para a evolução dos crimes.

Adriana, da Visa, disse que a empresa investe há mais de 30 anos em tecnologia antifraudes, e destacou que a garantia de segurança é uma ferramenta que permite maior poder de decisão ao cliente, promovendo a confiança com o prestador de serviços financeiros. “É um instrumento de empoderamento. As organizações precisam coibir as fraudes para evitar suas próprias perdas financeiras”, disse. “Mas esse é também um importante elemento de conversão de clientes, que passam a confiar nos serviços prestados pela organização. O usuário precisa se sentir seguro e no centro de suas decisões financeiras, e as estratégias de análise de dados para prevenção de fraudes são essenciais nesse sentido”, concluiu. 


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