Dia da educação: o que pode acontecer com o ensino daqui para frente?

Dia da educação: o que pode acontecer com o ensino daqui para frente?

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Dia da Educação: Mundo + Tech mostra como ensino remoto dá continuidade às aulas, mas modalidade traz desafios de segurança e conectividade.



Por Redação em 28/04/2020

O Dia da Educação será comemorado em 2020 de um jeito diferente —assim como outras datas especiais, diga-se — por conta da pandemia do coronavírus: com as estruturas físicas das escolas e universidades vazias e os alunos estudando de casa.

setor da educação passa por um momento de quebra de paradigma: novas formas de proporcionar o ensino remoto. Mas, claro, esse movimento não aconteceu naturalmente. Se tornou uma necessidade devido ao distanciamento social vivido por aqui desde meados de março.

Assim como tantos outros setores, o da educação também precisou “virar a chave” no quesito inovação. Com instituições públicas e privadas correndo contra o tempo para garantir o aprendizado aos alunos, o ensino on-line se tornou a única opção viável neste cenário.

No entanto, fica uma dúvida: como a educação brasileira vai reagir ao período pós-pandemia? Uma coisa é certa, o bom e velho clichê “é um caminho sem volta” também vale para o setor, porque ele vai precisar reinventar diversos processos, da forma de ensinar a forma de aprender.

Até porque, é preciso ter em mente algumas questões: aula on-line vale como dia letivo? Ensino remoto é o mesmo que educação a distância? Como manter alunos atentos a uma nova forma de aprendizado? Como levar conectividade a esses estudantes, que moram em diferentes locais e que nem sempre contam com uma conexão ou equipamento para continuar aprendendo?

No Dia da Educação, celebrado todo 28 de abril, o Mundo + Tech faz uma análise do cenário atual do setor da educação e como as escolas, faculdades e universidades (públicas e privadas) podem aproveitar o momento para transformar o modelo de negócio.

Os desafios atuais do setor da educação

Você pode até pensar que EAD é algo recente e que acontece em um formato de teleaula. Na verdade, a modalidade vem lá do século 19, quando cursos profissionalizantes e técnicos eram oferecidos na América do Norte, Europa e Brasil.

No entanto, todo o material didático era impresso e enviado pelos Correios, assim como as dúvidas e os trabalhos acadêmicos dos estudantes. Então, já deu para imaginar como esse sistema teria que lidar com possíveis atrasos na entrega ou até mesmo perda da correspondência.

Porém, com novas tecnologias surgindo, o ensino a distância foi sendo aprimorado. Possivelmente muita gente se lembra do Telecurso 2000, veiculado na televisão. Mas, até mesmo o rádio e o cinema foram meios de acesso à educação.

Hoje, não há como negar que a internet possibilitou ainda mais pessoas a terminarem a educação básica e até mesmo conseguir um diploma de nível superior. O EAD tem sua importância, principalmente, na contribuição do acesso ao ensino à população com mobilidade reduzida.

Mas, mesmo que a internet ofereça novas formas de acesso ao ensino, é aqui que encontramos grandes desafios, possivelmente maiores que os enfrentados no passado: o ambiente virtual de ensino e a conexão precisam estar seguras de possíveis invasões, ainda mais com o cenário atual.

As instituições estão preparadas para o ensino remoto?

Sim e não. Antes de explicarmos o motivo dessa dupla resposta, vamos nos atentar aos números do ensino a distância no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), mais pessoas se matricularam em cursos EAD do que em cursos presenciais em 2019.

Atualmente, de acordo com a entidade, são mais de 7 milhões de universitários matriculados em cursos presenciais, semipresenciais e a distância. Os estudantes EAD são 1,3 milhão desse número, representando 17% do total.

Embora esses números mostrem mais a realidade do ensino superior, tanto esta categoria quanto o ensino infantil e fundamental passam por transformações. O distanciamento social exigiu um salto rápido para esse mundo do ensino a distância.

“Temos visto que essas instituições de ensino têm diferentes graus de tecnologias aplicadas”, explica Marcelo Aguiar, diretor de vendas da vertical educação na Embratel. “[O coronavírus] levou uma nova quantidade de alunos para o virtual e muitas escolas nunca fizeram isso”.

O executivo destaca que há um desiquilíbrio no uso de tecnologia por essas instituições, mas que isso não deve ser visto de forma negativa. Pelo contrário, “elas usam diversas ferramentas para tentar dar continuidade ao ensino”, comenta.

Por exemplo, Marcelo cita o uso de plataformas para transmitir aulas ao vivo. Segundo ele, essa é uma opção para esse momento que estamos, mas essas plataformas não possuem um ambiente para fazer o upload de arquivos, compartilhar informações, entre outros recursos.

“As instituições foram forçadas a entrar nesse mundo a distância. Por isso, elas e os estudantes exercitam diariamente uma nova forma de aprender nesse ambiente on-line, com todo mundo tentando participar”, explica o executivo.

Como ser uma instituição digital em meio à pandemia

Se as empresas que adotaram a jornada home office passaram a fazer videochamadas para reuniões, muitas instituições de ensino também viram essa plataforma como solução. “É a mais simples e rápida, porque você consegue botar o professor de frente para uma câmera”, diz Marcelo.

Entretanto, o uso de videochamadas ainda não pode ser considerado como educação a distância, mas sim um ensino remoto emergencial. “Plataformas de videochamadas, apesar de trocar facilmente arquivos, não possuem um ambiente EAD estruturado, elas têm limitações”, fala o executivo.

Por que isso? Vamos pegar como exemplo um cliente da Embratel do setor da educação. A instituição já trabalha com EAD e possui um ambiente virtual com repositório de conteúdo, material e informações sobre os cursos e estudantes.

No entanto, com a pandemia do coronavírus, a instituição teve um desafio: com 300 mil alunos estudando ainda de forma presencial, como levá-los para o ambiente virtual e garantir a qualidade de ensino nessa modalidade?

Independentemente da plataforma escolhida para ensinar on-line, Marcelo Aguiar atenta ao seguinte: “fornecer um link de internet para dar aulas é abrir a porta para milhares de pessoas. Caso as instituições não adotem medidas de segurança, hackers podem invadir esses sistemas”.

Esse foi o diferencial da Embratel com o seu cliente. A companhia fez uma análise do ambiente virtual para entender o grau de segurança. Em seguida, disponibilizou os links para todos (professores e alunos) acessarem a plataforma de ensino.

Outras etapas dessa parceria são:

  • Disponibilizar mecanismos de segurança para a plataforma.
  • Migrar todo o conteúdo em um ambiente na nuvem, seja da Embratel ou de um parceiro.
  • Fornecer pacotes de dados para os alunos (com possibilidade de acesso gratuito e os custos do tráfego ficarem por conta da instituição).

O futuro do setor da educação será a distância?

A pandemia do coronavírus mostrou que as instituições de ensino estão fragilizadas. “Elas estão percebendo que o ensino a distância está salvando os negócios. É um caminho sem volta”, comenta Marcelo Aguiar.

O executivo da Embratel acredita que o EAD vai tirar as barreiras de deslocamento e dar acesso a pessoas de outros estados. “Obviamente tem o pré-requisito de ter um computador em casa e uma banda larga fixa ou móvel com um certo grau de qualidade”, destaca.

O fator humano também precisa também ser considerado para o futuro. “Aos adultos, se adaptar ao ensino remoto é bem parecido com o dia a dia do home office. É criar uma rotina. O desafio são as crianças, como manter a atenção delas nesse tipo de dinâmica?”, pergunta.

Por isso, Aguiar acredita que o setor da educação vai refletir bastante sobre o ensino remoto. “Talvez para alunos mais novos, as instituições ainda voltem ao modelo tradicional de ensino, mas com certas atividades feitas à distância”.

Embora muitas instituições tenham se adaptado rapidamente, o cenário atual pode ser visto como aprendizado. “O ensino não vai ser mais o que era quando o mundo retomar ao novo normal. E os executivos dessas empresas não podem ter um modelo de negócio 100% tradicional”.

O que pode acontecer daqui para frente, para Aguiar, é a profissionalização do ambiente virtual, mais robusto e dinâmico para o aluno, para que ele tenha tudo na palma da mão. “O importante é as instituições não pisarem no freio quando tudo isso acabar”, finaliza.

Principais destaques desta matéria

  • No Dia da EducaçãoMundo + Tech destaca como coronavírus mudou dinâmica de ensino no setor da educação.
  • Com aulas presenciais interrompidas, muitas instituições passaram a dar aula de forma remota.
  • Para executivo da EmbratelEAD é um caminho sem volta, mas empresas devem profissionalizar modalidade.


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