Apesar de apresentar melhoras, a escassez de semicondutores – os chips de computadores – deve continuar impactando o mercado global ao longo dos próximos meses. Diferentes consultorias apontam que a falta de chips deve se sustentar ao longo de 2022 e seguir até o fim do próximo ano, dadas as demandas por equipamentos eletrônicos e por mais tecnologia.
Uma pesquisa da KPMG, feita em parceria com a Global Semiconductor Alliance (GSA) com 152 executivos líderes da indústria de semicondutores, apontou, por exemplo, que a expectativa da maior parte (56%) dessa indústria é de que a crise persista até o fim de 2023. Outros 42% são mais otimistas e preveem uma normalização da cadeia ainda em 2022.
Já a Deloitte acredita que muitos tipos de chips ainda estarão em falta até o final deste ano, mas é possível ver que o impacto é menos grave do que em 2021. A consultoria explica que a duração da escassez de chips se resume a um aumento significativo na demanda, impulsionado pela transformação digital, acelerada pela pandemia. “Não é apenas a proliferação de dispositivos de consumo, é o fato de que muitos produtos mecânicos na indústria estão se tornando cada vez mais digitais e muitos setores verticais estão se tornando mais dependentes da digitalização”, pontuou a consultoria.
Empresas já sentem melhora na escassez de chips
Algumas empresas já apresentam melhoras em seus índices de produção, segundo reportagem da InfoMoney. A montadora Hyundai, por exemplo, já passou a pior fase de sua cadeia de suprimentos, aparentemente, e registrou o melhor lucro trimestral em oito anos no segundo trimestre de 2022. Por isso, a fabricante sul-coreana pretende aumentar a produção de veículos no segundo semestre.
Já a ABB, uma das principais fabricantes de robôs industriais, afirmou que os gargalos de produção e distribuição de semicondutores estão diminuindo e prevê um crescimento de sua receita em dois dígitos ainda no terceiro trimestre de 2022. Apesar de admitir que os problemas na cadeia de suprimentos não acabaram, a empresa diz que os compromissos com fornecedores estão significativamente melhores.
O que a indústria está fazendo
O mercado de capitais tem aumentado o investimento no setor de semicondutores para atender à demanda por chips. A Deloitte prevê que as empresas de capital de risco investirão mais de US$ 6 bilhões em startups de semicondutores em 2022. Isso é mais de três vezes maior do que era investido no setor em todos os anos entre 2000 e 2016.
As grandes empresas de tecnologia também têm investido na produção própria de chips para driblar os desafios da cadeia. Segundo a KPMG, isso gera uma preocupação nos fornecedores tradicionais, principalmente sobre a perda de talentos para essas empresas. No entanto, de maneira geral, apenas 19% dos entrevistados enxergam os desenvolvedores de chips não tradicionais surgindo como sérias ameaças competitivas.
Já a indústria automobilística, uma das mais atingidas pela escassez de chips, tem feito parcerias para lidar com o desafio. A Volkswagen, por exemplo, fechou uma parceria com a STMicroelectronics NV para desenvolver semicondutores desenhados para os seus carros, a fim de garantir o fornecimento de componentes eletrônicos para os próximos anos.