O 5G vai levar o uso de dados de telefonia móvel ao próximo nível para melhoria da mobilidade urbana. E as operadoras de telecomunicações podem assumir um papel de hub de dados, favorecendo o chamado transporte inteligente. Essa é uma das conclusões do debate que mobilizou especialistas no tema durante o Futurecom 2022, entre os quais Elias de Sousa, partner da Deloitte, Eduardo Polidoro, diretor de IoT e M2M da Claro e Conrado de Souza, conselheiro da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos da ANPTrilhos.
Polidoro destacou o uso seguro das informações geradas pela infraestrutura de antenas das operadoras móveis, explicando que tratam-se de dados agregados, e não personalizados. Ele também ressaltou a redução dos custos por gigabit na análise dos dados, o que deve ser outro fator impulsionador na adoção desse tipo de informação na mobilidade urbana.
Sousa, da Deloitte, confirmou que o acompanhamento da movimentação de pessoas a partir do chamado registro detalhado de chamada (CDR) já é consolidado mundialmente por operadoras de telecomunicações.
Em relação à Internet das Coisas (IoT), os especialistas pontuaram o uso de vários tipos de recursos de monitoramento de ônibus e trens, além de transportes por aplicativos.
A falta de integração no transporte inteligente
Muitos ônibus, por exemplo, vêm sendo monitorados por sistemas embarcados de fábrica, que informam sobre frenagem, direção segura e outros inputs. São informações que interessam às equipes de manutenção. Para a gestão da mobilidade urbana, todavia, o que mais interessa é saber onde eles estão em tempo real, de forma que esses dados possam ser integrados a outras plataformas e gerem insights efetivos para a formatação de sistemas de transportes inteligentes.
Conrado, da ANPTrilhos, contrapõe com o exemplo positivo da Linha 6 do metrô paulistano, que está entre as mais modernas do mundo, inclusive com um centro de operações integrado com todos os atores de segurança pública da cidade, segundo ele. A gestão da linha informa, inclusive, o status dos vagões em tempo real aos usuários do sistema.
Em termos de pagamento, o processo envolve – como toda a mobilidade urbana sob trilhos em São Paulo – o uso de cartões e QR Code. Para Conrado, o que falta é a integração. “A mobilidade urbana precisa dessa integração, principalmente na última milha. Os planejadores pensam muito em pesquisa de origem e destino (OD), mas para o usuário é importante saber qual é o modal mais rápido e mais barato, saindo do ponto A para o ponto B”, finaliza.