Em entrevista ao Próximo Nível, a sócia-líder em Serviços de Consultoria em Contabilidade Financeira da EY Brasil Paula Colodete mostra como o cenário continua positivo para as Fintechs no Brasil. Segundo ela, uma prova disso é que, dos 18 unicórnios que existem no país atualmente, cinco são fintechs. “E há uma expectativa que esse mercado cresça para US$ 46.8 bilhões até 2030”, diz.
Ancoradas em tecnologias avançadas, essas empresas tendem a cada vez mais abrir capital e procurar investimentos externos, visando principalmente aprimorar o atendimento ao cliente final com uso de inteligência artificial, data analytics e outras tecnologias. Acompanhe.
Qual é o panorama de abertura de capital das Fintechs no Brasil e no mundo?
Paula Colodete – O panorama é muito positivo. A pandemia não afetou este setor, que vem tendo sua maior alta, tanto em volume e valores de aportes recebidos quanto em outros tipos de transações, como fusões e aquisições. Inclusive, o mercado de empresas mais tradicionais está entrando neste segmento de fintechs nos mais diferentes modelos, por meio de transações de investimento e fusões e aquisições.
Hoje, o Brasil tem 18 unicórnios, sendo cinco deles fintechs. Há uma expectativa que o mercado cresça para US$ 46.8 bilhões até 2030. As fintechs são empresas que utilizam tecnologia para gerar soluções inovadoras e mudam os paradigmas do mercado tradicional. Elas trazem uma reinvenção constante ao mercado, com o objetivo de facilitar a vida das pessoas. Por isso se tornam tão importantes.
Houve avanço em 2021? E quais as projeções para os próximos anos?
Paula Colodete – Sim, é um setor muito dinâmico com novas e constantes ofertas de produtos e por isso ele continuou em alta crescente em 2021, tanto em abertura de capital nas bolsas mundiais quanto em transações de fusões e aquisições. Ainda há muito espaço no setor e as projeções continuam muito positivas com o surgimento de novos nichos e produtos.
Com a adoção ao Open Banking, Open Insurance e Open Investment, muitas fintechs e insurtechs estão sendo criadas e, dependendo do tipo de solução desenvolvida, rapidamente podem receber investimentos das instituições tradicionais e, com isso, ter seu crescimento acelerado, podendo até atingir o patamar de unicórnio e buscar um IPO. Algumas das tendências citadas pela Forbes para os próximos períodos são o movimento pelo maior acesso a serviços bancários, produtos com foco em públicos específicos, o setor com maior colaboração entre fintechs e instituições tradicionais e a Web3, que estará no centro das atenções.
Que fatores são importantes para o sucesso de um processo de IPO de empresas financeiras?
Paula Colodete – Bom planejamento e preparação sólidos, escolha do mercado certo, objetivos e plano de negócio claros e consolidados, montagem de um time interno, apoio externo especializado e preparado para o processo e estudar muito bem o melhor momento para iniciar o IPO.
Como o nível de tecnologia utilizado interfere na operação e posterior abertura de capital de uma fintech?
Paula Colodete – Por definição, as fintechs são empresas do ramo financeiro que utilizam intensamente a tecnologia na oferta de seus serviços e produtos. Quanto maior e mais avançada é a tecnologia de uma fintech, mais ela se coloca em posição de concorrência com as instituições financeiras tradicionais. É isso o que vem aumentando o número de fintechs nas bolsas de valores. Entrar na bolsa passou a ser um dos objetivos dessas empresas, além de elevar o patamar de concorrência com as instituições financeiras tradicionais.
Quais tecnologias/soluções despontam no universo das Fintechs?
Paula Colodete – As tecnologias e soluções que têm tido maiores destaques são aquelas relacionadas a data analytics, Inteligência Artificial e automação de atividades tradicionalmente executadas por humanos, como análise de crédito, por exemplo.