A escalada da inteligência artificial e a migração das empresas para a nuvem implica em desafios em data centers que só irão ser solucionados com a maior eficiência deles, segundo o vice-presidente das áreas de hyperscale e global cloud enterprise na CommScope, Erick Gronvall. Em artigo distribuído para a imprensa, o executivo levou em consideração as dificuldades relativas à disponibilidade de mão de obra, energia, sustentabilidade e regulações.
Os obstáculos mencionados se devem, em grande parte, ao consumo crescente de dados impulsionado por novas tecnologias, como a inteligência artificial generativa (GenAI). Neste cenário, a nuvem desempenha um papel cada vez mais importante, ao habilitar a operação com maior flexibilidade.
A expansão desse mercado requer um armazenamento de dados mais robusto, veloz e intenso. É, nesse sentido, que empresas planejam a construção de novas instalações para atender não só as demandas atuais, como também as projeções futuras. O especialista apontou tendências nas operações dos data centers. Confira a seguir.
Data centers crescem, mas têm desafios
A aplicação de inteligência artificial generativa nas empresas se torna uma medida em busca de uma maior produtividade, eficiência e rentabilidade. A migração para a nuvem e a digitalização dos negócios fazem parte da busca por ganhos competitivos. Esses movimentos são acompanhados pela construção ou adaptação de data centers, que a depender da velocidade de implementação, pode ser um desafio ou uma vantagem frente ao mercado.
Dados do Synergy Research Group mostraram que a os data centers operados por provedores de hiperescala ultrapassou a marca dos mil, no início deste ano. Ainda segundo o estudo, a capacidade total dos data centers de hiperescala levou quatro anos para duplicar.
Embora apresente um crescimento, Gronvall aponta para dificuldades que os data centers enfrentam e diz que elas devem se intensificar à medida que o uso de GenAI aumenta.
A primeira dificuldade diz respeito à disponibilidade de mão de obra. De acordo com o executivo, as condições macroeconômicas levaram a um aumento das taxas de juros globalmente que, por consequência, elevou os custos da já escassa mão de obra de construção. Neste caso, os produtos de infraestrutura plug-and-play são alternativas eficientes para diminuir a dependência de mão de obra especializada. Somado a isso, projetos que idealizam uma construção com design, uso de energia e densidade voltados para a maior eficiência dos data centers são opções para superar a escassez da mão de obra.
O articulista indicou que as novas implementações de IA elevam a dificuldade de comportar estes cluster em data centers devido ao aumento do consumo de energia por rack. Encontrar novos locais que acomodam esses aumentos também se torna um problema. Para dimensionar a expansão dos Data Centers e sua parcela no consumo de energia, a Agência Internacional de Energia (AIE) divulgou, em relatório, que os Data Centers vão consumir um terço da eletricidade da Irlanda nos próximos dois anos.
Sustentabilidade é ponto fundamental
Apesar da maior conscientização em torno dos impactos que as empresas causam na esfera ambiental e social, os investidores (81% dos entrevistados), segundo a Pesquisa Global de Investidores ESG da PricewaterhouseCoopers de 2021, não aceitariam uma redução maior que 1% no retorno de investimento em empresas que adotam medidas para metas em ESG.
Manter um desenvolvimento sustentável, rentável e eficiente nos três níveis do ciclo de vida dos data centers, portanto, fica mais difícil com sistemas mais pesados de computação, como a GenAI. No entanto, o especialista apresenta algumas possibilidades para reverter esse quadro e garantir que a sustentabilidade faça parte da operação.
A primeira se dá na concepção do ciclo de vida dos componentes dos data centers. O que antes se baseava em utilização e descarte – por muitas vezes irregular, em aterros sanitários – agora integra a reciclagem.
Uma outra medida sustentável é a aplicação de IA para a otimização de energia através de uma análise de dados e identificação de oportunidades de redução de consumo energético. Por fim, a combinação de fontes de energias renováveis reduz a dependência e a sobrecarga de fontes de energia potencialmente escassas.
Disputa regulatória define os rumos dos data centers
A sustentabilidade volta a aparecer com a disputa regulatória entre as corporações e os legisladores acerca da terra e energia utilizada no processo de construção e gestão dos data centers. Desta vez, contudo, ela vem acompanhada da “soberania dos dados”.
Dentre as especificidades da regulação está a IA, que passa por regulamentações em diversas jurisdições, mas sem um consenso global. Com isso, os operadores de data centers exercitam a espera para então avançar, de acordo com as devidas regras, na exploração da tecnologia.
A eficiência, mais uma vez, é apontada pelo autor do artigo como fundamental no processo de implementação dos data centers. Nesse caso, a eficiência física, que leva a uma maior sustentabilidade na cadeia, está combinada com a transparência acerca da soberania dos dados e pode beneficiar a implantação dessas estruturas.