O Gov.br, plataforma digital do governo brasileiro, já ultrapassou a marca de 165 milhões de contas criadas, o que a coloca como uma das maiores do mundo em termos de cadastros. Segundo Gustavo Loyola, gerente de negócios para soluções de gestão e governo digital do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), mais do que um portal de serviços, a plataforma é um ecossistema digital, com evolução constante e cujo objetivo é transformar a relação entre o governo e a sociedade.
No Brasil, onde serviços públicos tendem a ser burocráticos, a ambição do Serpro em reverter essa imagem é grande, mas Loyola detalhou aspectos que demonstram que ela está sendo cumprida. Nos últimos tempos, segundo ele, a plataforma evoluiu como estrutura digital única e o tema foi detalhado por ele durante o MobiMeeting Finance +, realizado em São Paulo no final de outubro.
Avanços na segurança digital
O especialista do Serpro explicou que o Gov.br funciona por sistema de login único, conhecido como “senha única do Gov.br”, e assim integra mais de 460 órgãos e 2,6 mil sistemas governamentais. Em termos de serviços, ele abrange mais de 4,8 mil serviços públicos.
Cada cidadão tem direito a uma conta e, hoje, há 165 milhões delas criadas. Cada conta é classificada em três níveis de segurança: bronze, prata e ouro, sendo que a obtenção da melhor exige validações biométricas para ampliar o nível de segurança no acesso. “No momento, contamos com 87 milhões de contas nos níveis prata e ouro. À medida que os usuários realizam suas validações, suas contas se tornam mais robustas”, resumiu Loyola.
Mais seguro, o Gov.br vem ser transformando em uma plataforma de serviços públicos unificados, eliminando a necessidade de navegar por diferentes sites governamentais para encontrar o serviço desejado. Essa centralização facilita desde a emissão de documentos até a consulta de informações sobre benefícios sociais. “Hoje, o cidadão não precisa saber que é a Receita Federal que faz determinado serviço ou que é a Polícia Federal quem executa outro. Ele acessa o portal único e encontra tudo o que precisa,” resumiu Loyola.
Blocos estruturantes
O Gov.br foi estruturado em cinco blocos principais: Portal Único, Identidade, Notificações, Painéis de Informações e Atendimento de Balcão. O Portal Único é o núcleo da plataforma, centralizando todas as informações e com ativações de notificações. Assim, o governo se comunica diretamente com os cidadãos, seja por notificações no próprio aplicativo ou por SMS.
Nos últimos tempos, o sistema tem aplicado inteligência artificial para recomendar serviços aos usuários com base em seus perfis, tornando a experiência mais personalizada e eficiente.
Segundo Loyola, o governo também mantém um nível de atendimento presencial, importante para aposentados e outros grupos com dificuldades digitais. O atendimento presencial também permite a recuperação de senhas ou a ativação de fatores de autenticação adicionais.
Integração internacional e com o setor privado
Recentemente, o Gov.br incorporou nível de integração dos serviços públicos com o setor privado, além de expandir acesso para outros países. No Uruguai, brasileiros residentes já podem utilizar a conta para acessar cerca de 35 serviços locais, incluindo abertura de empresas e obtenção de energia elétrica, por exemplo. Segundo Loyola, isso está sendo viabilizado por meio de colaboração entre os governos e essa investida mostra o potencial da plataforma ser utilizada além das fronteiras brasileiras.
A estratégia de expansão do Gov.br também inclui parcerias com estados e municípios. O projeto “Cidades do Gov.br”, desenvolvido em conjunto com a Secretaria de Governo Digital (SGD), por exemplo, visa apoiar municípios menores, que não têm capacidade de investimento em TI e, assim, podem utilizar a infraestrutura do governo federal para melhorar os serviços digitais.
Também recentemente, foi lançado um novo padrão digital de sistema de design, que unifica a identidade visual e o padrão de comunicação dos serviços da plataforma. “O menu está à esquerda e as notícias no centro da tela. Isso cria uma familiaridade, facilitando a navegação,” detalhou Loyola, explicando que essa padronização evita que o usuário tenha de aprender novas formas de interagir com cada serviço.
Avanços na estrutura de dados e segurança
A infraestrutura pública digital é um tema que ganhou força no governo nos últimos tempos, especialmente com a presidência do país no G20 neste ano, onde grupos de trabalho são dedicados ao tema. O especialista do Serpro avaliou que a interoperabilidade entre sistemas e a integração dos negócios do setor privado com dados governamentais, como disse anteriormente, precisa estar equilibrado com a privacidade e segurança da informação, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Para viabilizar esse equilíbrio, o Gov.br tem mecanismos que permitem ao cidadão autorizar o uso de suas informações por terceiros, como empresas ou outros órgãos governamentais. “Assim como temos rodovias públicas e privatizadas, o digital também precisa de uma infraestrutura sólida, que permita ao setor privado operar de maneira integrada e segura”, disse.
Essa integração, assim como os demais incrementos do Gov.Br, levou o Brasil a ocupar a segunda posição no ranking de governo digital do Banco Mundial. Em 2020, o país estava em sétimo lugar, e a meta agora é consolidar essa posição, segundo Gustavo. Para isso, ele avalia ser necessário potencializar os serviços tanto para o setor privado quanto para estados e municípios, ampliando o alcance da infraestrutura pública digital e garantindo que todos possam se beneficiar das soluções digitais implementadas.
“O trabalho que estamos fazendo com o Gov.br vai muito além do que já foi feito. Estamos criando uma base sólida que permitirá ao Brasil continuar na vanguarda da digitalização dos serviços públicos, facilitando a vida dos cidadãos e tornando os processos mais ágeis e seguros,” concluiu.