“Admiro empreendedores que conseguiram inovar, mas também escalar, desafiando o status quo e conquistando eficiência operacional e lucratividade. Esse desafio é o que provoca mudanças, faz trazer pessoas diferentes, mecanismos de controle e performance, que de certa forma desafiam essa cultura empreendedora, desbravadora, da inovação”. A declaração foi dada pelo CEO do Quinto Andar, Gabriel Braga, durante o painel Maintaining a culture of entrepreneurship, no Web Summit Rio.
A escalabilidade de negócios inovadores e a cultura empreendedora foi o tema do debate, que também contou com a participação da presidente do Magazine Luiza, Luiza Trajano, e do CEO da Globo Ventures, Roberto Marinho Neto.
Para a presidente da varejista, quando uma empresa passa de um negócio inovador para uma escala maior, é preciso ter metodologia para errar menos. Mesmo assim, não se deve ter medo do erro, apenas contar com mecanismos para controlá-lo e não deixar que cause impactos significativos no negócio.
“Eu não tenho medo de errar e não levo o erro para o lado pessoal. Como executivos de grandes companhias, que um dia foram pequenos negócios, precisamos aprender a escutar, inclusive o que não queremos ouvir. Dar valor aos pequenos erros e corrigir. O que mais tive medo de perder no crescimento da empresa foi a cultura da organização. Se perde a cultura, perde a identidade”, ponderou a executiva.
Riscos x oportunidades
Gabriel Braga contou que, quando começou o Quinto Andar, foi preciso assumir um risco ao ser inovador e eliminar a necessidade de garantia locatícia nos aluguéis. Mas, naquele momento, ele sabia que um eventual erro teria um impacto pequeno, pois o negócio estava começando. Hoje, a empresa tem mais 200 mil imóveis sob gestão, então um eventual erro nessa questão da garantia pode colocar os clientes em risco.
“Então, hoje eu coloco uma série de mecanismos de controle para indicar se estamos passando do limite ou não, administrando de forma inteligente o caixa da empresa em seus vários momentos, seja nos de crescimento, seja naqueles em que precisamos frear”, afirmou.
No entanto, segundo ele, existe também o risco de as empresas não tomarem novos riscos e ficarem estagnadas. Nesse caso, é preciso que elas saibam dimensionar o tamanho das apostas no contexto da inovação. Por exemplo, uma estratégia pode ser lançar pequenos novos produtos para testar o mercado em que está entrando. Se um desses der certo, a empresa pode escalar e levar a inovação a um outro patamar.
Ainda nesse contexto, o CEO da Globo Ventures ponderou, contudo, que os erros estratégicos advindos da inovação precisam ter um limite. “Erros são naturais, só não podemos ficar insistindo neles. Às vezes, um erro nem é tão grande quando você abre mão dele rapidamente”, afirmou.
A Globo Ventures, braço de investimentos do Grupo Globo, fechou no fim do ano passado um acordo com o QuintoAndar. O grupo de comunicação comprou uma fatia na empresa em troca de inserções publicitárias em seus veículos de mídia. O negócio não teve o valor divulgado, mas aproveita a expertise de ambas as empresas em seus respectivos segmentos.