As operadoras de telecomunicações lidam com volume gigantesco de dados e que, se tratados de forma eficiente e de acordo com as legislações de segurança e privacidade, podem gerar insumos relevantes a negócios e governos. É o que revela João Del Nero, gerente de Vendas de Data Analytics da Embratel – unidade corporativa da Claro -, em episódio do podcast DoTheMath, apresentado pelo jornalista Celso Politi e com participação dos executivos Fabiana Amaral e Marcel Ghiraldini, da Math Group.
“Para tangibilizar, informo que a Claro lida com 2,5 petabytes de dados. E esses já são dados transformados, direcionados à utilização do nosso time em consultas, serviços, processos e outras demandas”, adianta.
Em outra esfera, são 5 bilhões de registros por dia. A operadora coleta dados que incluem desde os eventos de conexão nas antenas da rede móvel, até transações, faturamento, atendimentos de suporte e serviços. “Temos mais de 150 servidores físicos, fora os virtualizados, para abrigar essas informações, e os acessos são feitos por APIs, que garantem melhor segurança e acessibilidade das informações”, detalha.
Ao todo, são mais de mil APIs em funcionamento na gestão de dados da Claro, e eles são responsáveis por realizar mais de 4 mil consultas por segundo na estrutura da operadora.
Acúmulo de experiência em data driven
De acordo com Del Nero, essa estrutura começou a ser construída há mais de 15 anos, quando a companhia iniciou uma jornada de data driven. Desde o ano passado, essa expertise está organizada na oferta de uma solução de data analytics da Embratel, o Claro GeoData, que é “uma solução de inteligência de dados que auxilia as empresas a gerar ideias relevantes para melhorar a performance do seu negócio”, como define o site oficial da tecnologia.
Desde 2006, quando a Claro iniciou o data driven internamente, o big data analytics foi direcionado à busca de insights avançados. Hoje, aproveitando-se do fato de que, além de uma operadora, a Claro é uma empresa de varejo e acumula ambas as experiências na análise de dados, esse know how pode ajudar clientes B2B e instituições governamentais a entender quando é melhor buscar redução de perda, atuar contra fraudes, aumentar vendas, etc.
Del Nero detalha que o Claro Geodata tem incursões interessantes na análise de movimentação urbana, especialmente para turismo, mobilidade urbana e varejo. “Adianto, porém, que a nossa solução deve ser vista como uma das diversas camadas de data analytics possíveis para as organizações, que podem combinar essas estatísticas com outras informações de vendas, de produtos disponíveis, de perfil do público, e outras nas tomadas de decisão”, explica.
“Os dados são tratados de forma anonimizada, agregada e estatística pelo Claro Geodata (nunca são individualizados)”, frisa Del Nero, em atenção às questões de segurança e privacidade. “Seguimos o conceito de privacy by design. Em qualquer ação, seja interna ou externa, temos um time de privacidade que avalia se o produto segue essa metodologia”, diz.
As camadas de segurança para lançar produtos, portanto, são grandes, e entre elas há um escritório de privacidade, um comitê de dados com reuniões semanais e um time dedicado de DPO e LGPD, responsável por analisar todos os processos antes mesmo das definições comerciais e de negócios.
Caso de sucesso na privatização dos Aeroportos
Com experiência em inteligência de dados para rodovias e vias urbanas, onde a Claro Geodata fez análises de movimentações por viagens para entender o fluxo de veículos e gerar insights para negócios e gestão pública, a tecnologia pôde servir recentemente ao governo federal, na sétima rodada de licitação da Anac (15 aeroportos), entre os quais está o de Congonhas (SP).
“Analisamos dados de oito desses aeroportos, mapeando as viagens que tiveram origem ou destino neles. A amostra partiu dos dados da rede de telefonia móvel da Claro, conforme as conexões de eventos de celulares aconteciam nas torres de telecom”, revela Del Nero.
O projeto analisou mais de 800 mil viagens por dia nesses aeroportos, e forneceu a informação estatística ao governo federal, que a usou como parte das descrições da licitação para disponibilizar estatísticas às empresas participantes do certame. “Esse foi um exemplo real de utilização dos dados da Claro de forma agregada, auxiliando negócios”, destaca o executivo.
Com mais de 32% do market share de telefonia móvel do Brasil, a assertividade da Claro é de 95% em suas análises de dados. Isto, segundo Del Nero, considera um alto volume amostral e distribuído, com destaque para diferentes faixas etárias, classes sociais, preferências, etc.