“Meio Digital”: episódio 1 – o home office vai ficar?

7 minutos de leitura

"Meio Digital" é a nova coluna em vídeo em parceria com o canal Meio. No primeiro episódio, o jornalista Pedro Doria debate a popularização do home office.



Por Redação em 08/02/2021

Meio Digital” é a nova parceria da Embratel com o canal Meio. Na coluna em vídeo, o jornalista Pedro Doria, veterano na cobertura dos principais acontecimentos no setor de TI, debate as principais notícias e tendências de tecnologia e inovação.

No primeiro episódio da série, o jornalista fala sobre as transformações que vinham ocorrendo na relação com o trabalho e que acabaram aceleradas pela pandemia do novo coronavírus.

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Confira a seguir a íntegra do vídeo Trabalho no pós-pandemia: o home office vai ficar?

Introdução

Nessa série, a gente vai falar de muitas dessas mudanças que o digital está promovendo. De muito… que o mundo está sendo de fato transformado pelo digital. Hoje, a gente vai começar pelo elefante no meio da sala de estar: o home office.

Vinheta de abertura

As seguintes palavras surgem na tela: “inovação”, “disrupção”, “tecnologia”. E na sequência aparece o nome do programa: “Meio digital, com Pedro Dória”.

Íntegra do vídeo

Olá.

Eu sou Pedro Dória, do Meio.

Vamos falar sobre o futuro? Vamos falar sobre o futuro que o digital está criando hoje?

De repente, todo mundo teve de ir para casa. E nesse momento que todo mundo teve de ir para casa, departamentos de TI tiveram de arrancar os cabelos para descobrir como é que a gente tem aula, como é que a gente trabalha e, claro, como é que a gente se entretém nessas nossas telinhas e telonas. Como que oferece segurança, como o que oferece infraestrutura, como que oferece serviços, como que garante que a gente pode continuar sendo produtivo mesmo trancados em nossos ambientes de casa mesmo. Ambientes que não foram pensados para trabalho, para estudo propriamente.

Bem, a gente que trabalha com tecnologia, a gente já sabia que era possível. Muitas dessas transformações, o digital já viabiliza há muito tempo. Só que foi preciso, de certa forma, a pandemia para mostrar que o mundo já tinha sido transformado.

Nessa série, a gente vai falar de muitas dessas mudanças que o digital está promovendo. De muito que o mundo está sendo de fato transformado pelo digital. Hoje a gente vai começar pelo elefante no meio da sala de estar: o home office.

E, deixa eu começar com um número. Porque, olha, o home office veio para ficar, tá? Mesmo naquele momento que a gente começar a voltar a sair de casa, pelas ruas, sem máscara, o home office vai continuar. E o motivo são números bem específicos.

Tem uma consultoria, Global Worplace Analytics. Eles fazem contas, em essência, a respeito de como trabalhamos em vários lugares distintos do mundo. Eles fizeram algumas contas relativas aos Estados Unidos. E, nos Estados Unidos, eles descobriram o seguinte: uma empresa mediana economiza, por ano, algo como 11 mil dólares por funcionário que trabalha metade do tempo de trabalho dele de casa. Só metade.

A economia não é só para o empregador. A economia é também para o funcionário, tá? Dependendo do ramo, dependendo do grau hierárquico que a pessoa está no momento da carreira, a pessoa economiza, trabalhando só metade do tempo de trabalho de casa, entre 1.500 e 4 mil dólares por ano. É muito dinheiro, gente.  É justamente por causa disso que o home office veio para ficar. E, também, porque a gente trabalha melhor.

A gente trabalha com mais conforto. É evidente que a ideia de home office não pode ser aquela coisa da mesa de jantar, com a cadeira de jantar, improvisada com a qual muitos tivemos de lidar durante o período da pandemia. Mas, home office num tempo fora de pandemia é diferente daquele de improviso, num repente, ainda nesse início de revolução digital.

Para isso, para entender essa transformação, acho que, antes, a gente precisa entender como que trabalho muda com o digital ec omo que a cidade muda, tá? Vamos começar pela cidade.

O que é que é uma cidade? Como é que a gente pensa a cidade? As cidades hoje são organizadas… você tem um centro, né? o centro da cidade. E aí, você tem vários, como se fossem círculos concêntricos, né? que são os bairros residenciais. Alguns são mais baratos, outros são mais caros. Alguns são mais carregados de comércio e infraestrutura, outros são menos, são mais precários. Uns têm mais transportes públicos, outros têm menos, mas, em essência, você tem um centro da cidade, que tem aqueles grandes prédios de escritório, e você tem os lugares que são mais lugares de morar.

E aí, todos nós, em algum momento do dia, nos metemos no metrô, pegamos uma bicicleta, nos enfiamos num ônibus, num táxi, num Uber, até mesmo no nosso próprio automóvel, e vamos para o centro da cidade, para o prédio onde a gente trabalha, trabalhar. E a gente fica lá de 9h às 17h, com aquele intervalo entre meio-dia e 13h, 13h30, para o almoço e trabalhamos de 9h às 17h. Essa é a rotina.  Agora, imagina no ambiente em que pelo menos metade do nosso tempo de trabalho, a gente trabalhe de casa. Para que tanto escritório? Não precisa.

Agora, imagine então, que esses instantes de trabalho pessoal físico, tête-à-tête, sejam reuniões específicas. De repente a empresa pode ter um pequeno escritório central, onde está ali o comando e algumas atividades-chaves, só para ter uma sede, um endereço. E você aluga salas de reunião, em espaços de coworking, salas pesadamente bem estruturadas, com infraestrutura de computação, de telecomunicações, com um bom ar-condicionado, com todo tipo de equipamento que você pode precisar. Você aluga por hora. Então, quando você tem uma reunião, você marca numa sala que seja perto de todo mundo. As pessoas pegam uma bicicleta e vão, não é? Esse momento do trabalho físico próximo, não precisa necessariamente ser no centro da cidade. A partir do momento em que a necessidade desse prédio físico desaparece, a ideia de um centro da cidade desaparece. E as cidades começam a ficar descentralizadas.

Esse é um ponto fundamental para a gente entender por que, nas próximas duas décadas, esse vai ser um dos principais desafios para prefeitos em tudo quanto é parte do mundo. Isso é uma coisa que o urbanista já estuda: os centros das cidades vão deixar de existir porque o trabalho, na cabeça de quem pensa a cidade, já foi para o home office. Porque essa é uma transformação natural que vai acontecer.

Eu falei muito sobre coworking, né? Pois é, porque, com muita frequência, quando a gente pensa em home office, a gente está pensando em trabalhar necessariamente dentro de casa. Pode ser dentro de casa, se você tem um quarto, um ambiente que você possa de fato se isolar, e falar para os filhos, para mulher ou marido “olha, agora não dá. Nesse momento eu vou trabalhar, deixa eu ficar quieto”.

Agora, para muitas pessoas o home office, na verdade, vai ser o coworking da esquina. E você vai ter esses ambientes, que vão ser meio café, meio trabalho, que vão ser esses espaços em que você tem um ambiente que é do lado de casa, no qual você pode almoçar em casa, e ao mesmo tempo é um ambiente profissional, é um ambiente de trabalho. Não precisa necessariamente ser dentro de casa. Às vezes pode ser dentro do condomínio do prédio. Você tem esse espaço de escritório. Esse tipo de adaptação vai ser um tipo de adaptação que vai acontecer naturalmente.

E, claro você vai duplicar, triplicar, a necessidade de empresas que vão oferecer segurança, segurança tecnológica, mesmo, segurança cibernética para ataque de hackers, ataques de vírus e a garantia de estabilidade de redes. Porque esse tipo de infraestrutura, vai precisar ser um tipo de infraestrutura muito confiável.

Agora, vamos falar de trabalho. Porque um dos pedaços que a gente fala quando a gente pensa no trabalho, é a questão do espaço físico, do ir ao centro da cidade. Existe um outro tipo de espaço, quando a gente fala de trabalho, que é o espaço temporal. Sabe o “das 9h às 17h”? 9h às 17h também vai desaparecer. Sabe por que que o 9h às 17h vai desaparecer? Porque nós não estamos vivendo a Quarta Revolução Industrial. Eu sei, a gente fala muito disso né? A questão é a seguinte: lá no final do século 18, aconteceu aquilo que nós chamamos de Revolução Industrial. E houve várias fases de fato da Revolução Industrial. A gente está vivendo algo que é equivalente à Primeira Revolução Industrial, não é uma nova fase daquilo. É algo tão grande quanto aquela Primeira Revolução Industrial.

O que é que a Revolução Industrial fez? O que a Revolução Industrial fez foi criar o chão de fábrica. Foi criar a ideia da fábrica, a ideia de que você pode produzir as coisas em série. A ideia de que você pode agilizar a produção de produtos, e, portanto, de riqueza. Foi revolucionário e enriqueceu barbaramente o mundo. Tirou uma quantidade imensa de pessoas da pobreza e organizou o trabalho.

Agora, a lógica da Revolução Industrial é a seguinte: imagina uma esteira de uma fábrica de automóveis. Tem um sujeito com uma roda de um lado, tem um sujeito com uma roda do outro, a esteira vai rodando, vem o eixo e os dois caras encaixam aquelas rodas. Aí os dois eixos entram, tem o cara que desce, ali, com as correias, com a carroceria e encaixa… O 9h às 17h é fundamental na lógica da linha de montagem da Revolução Industrial.  Porque se todas essas pessoas não estão ali no seu lugar da esteira na hora certa, o carro não é montado. Então, a lógica da produção industrial exige a presença física no mesmo lugar e a presença do mesmo momento. A lógica do digital não exige mais isso.

Por quê? Por um motivo muito simples. Porque os softwares colaborativos, aquela planilha eletrônica, aquele arquivo de edição de texto, aquele software de apresentação, no qual você não está mais trabalhando num arquivo que só você mexe, mas que várias pessoas estão trabalhando no mesmo arquivo, remotamente, isso pode estar sendo operado simultaneamente em Hong Kong, na Cidade do Cabo, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em São Francisco, em Nova Iorque e no Recife. É claro que pode. E todo mundo trabalhando no mesmo arquivo, ao mesmo tempo. Ou, a pessoa notívaga faz a parte dela, às 3h da manhã, no horário que ela quer. A pessoa que gosta de acordar às 5h da manhã, ouvir o galo cantar pode trabalhar às 5h da manhã e trabalhar até as 11h da manhã e curtir o resto do dia. Quer dizer, a lógica do 9h às 17h se desmonta. A lógica de uma semana toda organizada, do jeito que no tempo da indústria era organizada, se desmonta por completo. Percebe?

Então, assim como a cidade era centralizada no centro da cidade e você tem os vários círculos dos bairros residenciais que vão correndo a partir dali, também a nossa vida era organizada em função do trabalho. No miolo do dia trabalhamos e nas pontas a gente convive com a família, a gente se diverte, a gente faz exercício, a gente se alimenta e tudo mais. Isso deixa de existir. A gente volta a ganhar controle sobre as nossas vidas. E isso é a tecnologia digital quem permite. Isso é a revolução digital quem permite. Isso são esses vários softwares colaborativos.

Isso só é possível se esse ambiente for seguro. Isso só é possível se nós tivermos a maturidade de abraçar esse mundo e compreender que existe um novo tipo de responsabilidade aí, que é compreender o digital. Que é abraçar o digital. Que é entender que a entrega do trabalho a partir de agora não tem mais a ver com o bater ponto, mas tem a ver fundamentalmente com performance e com entrega. E é um pouco assim que a gente vai passar a ser cobrado. Isso quer dizer mais tempo pra gente, é bom. Isso quer dizer…. isso quer dizer uma transformação profunda da vida. 2030 vai ser um mundo radicalmente diferente do que o mundo é hoje, radicalmente.

Vinheta de encerramento

Tela com a mensagem “Vamos criar juntos o próximo nível?” Seguido pelo logotipo da Embratel, sua empresa no próximo nível.



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