Clientes procuram, cada vez mais, ter uma vida sustentável, fazendo empresas adotarem uma estratégia de TI verde e nuvem verde para acompanhar esse movimento.
A sustentabilidade é pauta de destaque em muitas empresas, principalmente as que se comprometeram em conduzir suas operações com base na tendência ESG (sigla, em inglês, para meio ambiente, social e governança – entenda mais aqui).
Nesse sentido, muitas companhias têm uma missão interna que impactará positivamente toda a sociedade: a de reduzir as suas emissões de carbono. Uma das (muitas) ações para atingir um dos objetivos propostos na Agenda 2030 pela ONU é tentar “limpar” a computação em nuvem, ou seja, adotar o que se conhece por nuvem verde.
A nuvem é, por si só, um dos componentes do que convém chamarmos de TI verde. Ou seja, a adoção da cloud já é o primeiro passo para minimizar o impacto negativo das operações de tecnologia para o meio ambiente (entenda mais do conceito aqui).
Mas é possível deixá-la mais verde, e é isso que vamos mostrar nesta publicação.
Por que é preciso pensar em uma nuvem verde?
Em março, mostramos no Próximo Nível uma iniciativa da Microsoft que busca instalar data centers no fundo do oceano para melhorar o serviço de cloud. O Projeto Natick foi pensado com a lógica da computação em nuvem verde uma vez que busca ser mais sustentável em diferentes eixos: do uso de energia verde à reciclagem de sua estrutura após o fim da vida útil.
Sobre esse último ponto, vale um pequeno parêntese. Existe uma tendência no aumento do lixo eletrônico produzido no mundo inteiro. Segundo a pesquisa Global E-Waste Monitor 2020 da ONU, em 2019, a quantidade gerada foi o equivalente a uma pessoa carregar consigo 7,3kg de aparelhos elétricos e eletrônicos. Na próxima década, o total de resíduo tecnológico pode chegar a 70 megatoneladas.
Daí a busca por uma TI verde, em especial da nuvem verde (também chamada de green cloud computing ou computação em nuvem verde). Como citamos no tópico anterior, não é apenas sobre eficiência energética e seu impacto no ambiente.
O conceito engloba infraestrutura e todo o seu ciclo de vida (como no caso do Projeto Natick). Apesar de soluções em nuvem estarem em uma rede de internet distribuída, ainda são necessários equipamentos para que a tecnologia rode seus serviços.
Ou seja, toda infraestrutura usada em tecnologias de nuvem é produzida por um ou mais fornecedores e adquirida por um cliente. Então, é preciso atenção se alguns componentes são desenvolvidos de maneira prejudicial ao meio ambiente, ou se farão algum dano após o descarte.
Se há problemas no ciclo de vida para os componentes tecnológicos usados para fornecer a TI tradicional, o mesmo pode ser dito para os serviços em nuvem.
Então, como ser uma empresa mais sustentável com apoio da nuvem verde?
Existe uma complexidade em ser uma empresa sustentável em relação ao uso da computação em nuvem. Olhando o modelo de negócios de uma empresa, ela vai precisar entender o quanto um provedor cloud trabalha com esse tema.
Esse entendimento pode vir também por meio de KPIs. “As empresas podem descobrir sua própria sustentabilidade ao avaliar KPIs ‘verdes’ durante os testes e produção dos ambientes cloud”, explica Subhankar Pal, vice-presidente assistente de tecnologia e inovação da Capgemini, em entrevista à revista IT Pro,
O especialista sugere que os KPIs ‘verdes’ sejam derivados de métricas, como “eficiência energética, eficiência de refrigeração, desempenho da infraestrutura de computação, métricas de gerenciamento térmico e de ar”, diz.
Saindo do lado técnico, há a questão reputacional também. Os consumidores buscam por mais modelos sustentáveis em suas vidas. E eles esperam isso também das empresas, ainda mais quando estão dispostos a pagar mais caro por produtos e serviços alinhados com o tema.
Tanto que muitas organizações colocaram em suas agendas a redução de pegada de carbono. Migrar para a nuvem pública, como destacou à IT Pro Emma Roscow, líder de infraestrutura em nuvem inteligente da Accenture UKI, pode reduzir as emissões globais de carbono em 59 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) por ano. “É o mesmo que tirar 22 milhões de carros da rua”, disse.
Existe um momento para apostar em nuvem verde?
Para Pal, agora é a hora certa de agir. Isso porque é inevitável o esgotamento dos estoques de combustíveis fósseis e a busca crescente por energias renováveis. Há ainda uma questão de custos que pode impactar o orçamento de empresas se não houver uma movimentação para um mundo “mais verde”
As despesas para manter as operações estão mais altas e, em longo prazo, pode implicar em um aperto nas contas. Sem falar que os data centers, que mantêm os serviços em nuvem, podem apresentar custos altos de gerenciamento caso não sejam sustentáveis.
Para as empresas que querem começar essa jornada sustentável, Nick Mcquire, vice-presidente de pesquisa corporativa da CCS Insight, afirma ser preciso fazê-la de maneira clara e levando em consideração outros fatores que possam diminuir a pegada ecológica do serviço de computação em nuvem.
“Clientes devem pressionar seus provedores de nuvem a fornecer dados sobre o consumo de energia e para promoveram inovação em áreas em que possam cortar o consumo de energia”, aconselha o especialista.
Segundo a IT Pro, o momento é de transição e, por isso, erros e acertos serão comuns. Mas, a mudança para a nuvem verde é uma realidade batendo à porta de consumidores e provedores de cloud.“Fazer esse movimento agora pode ser o melhor para a reputação, a saúde financeira e o bem-estar do planeta”, conclui.
Principais destaques desta matéria
- TI verde é o uso de diferentes tecnologias, como a computação em nuvem, para reduzir o impacto das operações de tecnologia no meio ambiente.
- A computação em nuvem pode, entretanto, ser mais sustentável, algo conhecido como nuvem verde.
- Mas o modelo sustentável vai além da eficiência energética e busca também melhorar todo o ciclo de vida da infraestrutura.