Já imaginou poder compartilhar seus dados financeiros de forma segura entre instituições, eliminar burocracias e garantir que seu histórico bancário seja considerado? Essa já é a realidade do Open Finance, ambiente no qual os clientes dividem seus dados cadastrais e transacionais com organizações autorizadas pelo Banco Central (BC). Além disso, o ecossistema amplia as opções disponíveis para os usuários, ao oferecer acesso a serviços de pagamento e à contratação de operações de crédito.
Para que essa troca de informações ocorra, a instituição que as detém originalmente deverá concluir “de forma sucessiva e ininterrupta, com duração compatível com seus objetivos e nível de complexidade”, as etapas de (1) consentimento, (2) autenticação e (3) confirmação. No entanto, essa transação só poderá ser realizada mediante o consentimento do dono dos dados.
O que é o Open Finance
Lançado em 2021, o Open Finance significa, em tradução livre, “finanças abertas”. Nesse sentido, a definição vai ao encontro do nome, uma vez que cria um sistema mais fluido de intercâmbio de informações relativas às finanças pessoais. Para a viabilidade da operação, utilizam-se protocolos de programação que possibilitam a conexão entre as organizações, as APIs (Application Programming Interface).
Uma vez concedida a permissão, outros agentes conseguem ter a visão do relacionamento e da situação do cliente perante o concorrente. Assim, uma solução mais vantajosa pode ser apresentada, o que, portanto, vai melhorar as condições do usuário, bem como a competitividade do mercado.
Cenário atual

De acordo com o dashboard de dados cadastrais e transacionais exposto no portal Open Finance Brasil, até o dia 31 de janeiro deste ano foram registrados 65,83 milhões de consentimentos ativos de compartilhamento. No que diz respeito aos consentimentos únicos, os dados revelam um total de 43,41 milhões de clientes, entre pessoas físicas (CPF) e jurídicas (CNPJ).
Os dados, que revelam um crescimento na adesão ao Open Finance, devem ser acompanhados de um onboarding cada vez mais fluido e seguro, na visão dae Lígia Lopes, CEO da Teros, especializada em automação inteligente de processos.
“O Open Finance transformou o mercado e trouxe oportunidades inéditas para consumidores e empresas. No entanto, para que essa evolução seja sustentável, é imprescindível que as instituições aprimorem seus processos de onboarding, garantindo segurança, transparência e uma experiência fluida para o usuário”, declarou a executiva, ao Valor Econômico.
Benefícios principais
Como benefícios da adesão ao Open Finance, tanto para clientes quanto para instituições, o Banco Central destaca a maior competição, a melhoria na experiência no uso de produtos e serviços financeiros, os novos modelos de negócios, a inclusão de segmentos desassistidos, a maior transparência, a portabilidade de relacionamento entre instituições, o controle sobre suas finanças e o consumidor no centro das estratégias.
Na prática, esses benefícios se traduzem em: ser reconhecido por outras instituições que não a sua e, assim, ter acesso a produtos e serviços interessantes para o seu perfil; comparar produtos e serviços; visualizar as finanças em um único ambiente; crédito mais barato; aumento de limites; economizar em tarifas; maior facilidade ao abrir contas em outras instituições; e a possibilidade de usar um iniciador de transação de pagamento com Pix, com base na infraestrutura Open Finance.
Open Finance e Pix, qual a relação e diferença?

Embora as duas iniciativas do BC sejam complementares, possuem objetivos distintos no sistema financeiro nacional. O Pix, lançado em 2020, é um sistema de pagamentos instantâneos que permite transferências e pagamentos em tempo real, 24 horas por dia, todos os dias da semana. Somado a isso, a agilidade nas transações e a ausência de taxas são características que ajudaram sua popularização.
O Open Finance, por sua vez, é uma evolução do Open Banking e visa a criação de um ecossistema financeiro aberto, onde a troca de informações entre diferentes instituições autorizadas proporciona maior concorrência e personalização de serviços financeiros.
A relação entre Pix e Open Finance se fortaleceu com a introdução do Iniciador de Transações de Pagamento (ITP), uma funcionalidade do Open Finance que permite a realização de pagamentos e transferências diretamente de uma instituição para outra, sem a necessidade de acessar múltiplos aplicativos ou plataformas. Com o ITP, é possível, por exemplo, efetuar um pagamento via Pix com o saldo de outra instituição financeira, tudo dentro do mesmo ambiente digital.
Open Banking, Open Finance e Open Insurance
O setor financeiro segue em uma evolução baseada na disponibilização segura de dados e na ampliação da concorrência. Isso se torna claro com os conceitos de Open Banking, Open Finance e Open Insurance.
Para dar início a essa jornada, o BC desenvolveu o Open Banking, um sistema integrado voltado para serviços e produtos mais tradicionais. A partir dele, surgiu o Open Finance, uma ampliação do conceito que abrange, além dos dados bancários, informações relativas a investimentos. Seguindo a mesma lógica, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) elaborou o Open Insurance. Nesse caso, trata-se do compartilhamento de dados para acessar opções mais vantajosas no setor de seguros.
Diante dos esforços dos órgãos competentes, a interoperabilidade entre Open Finance e Open Insurance se torna um dos pontos centrais dessa transformação, ao permitir que as soluções fiquem disponíveis em um ambiente seguro, conectado e competitivo.