O telefone ontem hoje e amanhã

O telefone ontem, hoje e amanhã

6 minutos de leitura

O telefone acaba de completar 143 anos e o Mundo + Tech reúne curiosidades sobre essa invenção e como ela transforma a sociedade.



Por Redação em 11/03/2019

Principais destaques:
– Telefone foi criado em 10 de março de 1876 por Graham Bell;
– Brasil foi o segundo país do mundo a ter um telefone e graças a Dom Pedro II;
– Isso porque dom Pedro II foi grande amigo de Graham Bell e ganhou um aparelho poucos meses após a invenção.
– Confira algumas curiosidades sobre a tecnologia que está sempre perto da gente.

“E aí, Siri…”, “Ei, Cortana…”, “Ok, Google…”. Provavelmente você ainda ouvirá muita gente executar esses comandos nos smartphones para encontrar uma pizzaria, um café, pedir um táxi, ou qualquer outra coisa do tipo. Nossa relação com o telefone mudou. Na verdade, nunca foi a mesma desde 1876, quando Alexander Graham Bell realizou a primeira ligação do mundo.

O Dia do Telefone é comemorado todo dia 10 de março. A invenção completa 143 anos em 2019 e, desde então, vem sendo reinventada de diversas formas. Da linha fixa aos dispositivos móveis, não se pode negar que a característica mais marcante continua influenciando tantas outras inovações: a voz.

Há quem diga que os smartphones irão disputar a atenção dos consumidores com outros gadgets justamente pela interação por voz. O estudo Reshape to Relevance da Accenture mostrou que 50% dos 22.500 consumidores de 21 países entrevistados utilizam assistentes digitais de voz e que os alto-falantes inteligentes são os dispositivos mais rapidamente adotados.

Já a empresa de consultoria OC&C Strategy Consultants prevê que as compras feitas por voz (usando esses alto-falantes inteligentes como meio) devem crescer de US$ 2 bilhões para US$ 40 bilhões em 2022. É um novo canal que pode se transformar “em uma grande força disruptiva para o varejo”, sugere a pesquisa da OC&C.

Independentemente dessa transformação digital e de como nos comunicamos, o telefone tem o seu lado garantido no coração das pessoas, seja para conversar com amigos e parentes, tentar resolver um problema, obter alguma informação ou pedir uma ajuda (como os serviços Disque 100 — direitos humanos —, Ligue 180 — atendimento à mulher em situação de violência — e o 188 — Centro de Valorização da Vida).

Essa relevância mostra o quanto o telefone ainda tem muitas histórias para contar. Completando mais um aniversário, o Mundo + Tech traz algumas curiosidades sobre como essa invenção evoluiu e transformou as diversas formas de interações ao longo desses 143 anos.

O telefone ontem hoje e amanhã_01
Imagem: iStock

O Brasil foi o segundo país do mundo a ter telefone

E isso aconteceu graças a dom Pedro II. O imperador participou da Exibição Internacional Centenária, na Filadélfia, em 1876, onde Alexander Graham Bell apresentava sua invenção, que até então passava despercebida pelo público. Durante a exibição, dom Pedro II atraiu a atenção do público para Bell e o telefone, o tornando famoso.

A amizade entre os dois fez dom Pedro II ter um telefone para chamar de seu em menos de um ano. A invenção ligava a residência imperial às casas ministeriais e foi preciso um aparelho para cada uma delas, já que as linhas eram instaladas de ponto a ponto e um telefone se comunicava diretamente com outro.

Fato curioso é que durante a Exibição Internacional Centenária, o telefone de Graham Bell competia com a lâmpada elétrica, um telégrafo musical, a máquina de escrever e o ketchup Heinz.

Imagem: iStock

O telefone criou uma profissão. E depois a extinguiu

Com a popularização do telefone, ficou inviável fazer ligações individuais entre cada aparelho. Para suprir essa demanda, começaram a surgir as centrais telefônicas, sendo a de Connecticut a primeira a entrar em operação, no dia 25 de janeiro de 1878.

Após o boom da profissão, o número de vagas para telefonista começou a cair por volta de 1966 devido à invenção do telefone de discagem direta e ligação automática.

Hoje em dia, sem a necessidade de contar com um intermediário para completar uma ligação, a função está em extinção, estando presente em apenas algumas empresas que ainda precisam distribuir chamadas para um determinado ramal.

Imagem: iStock

Do fixo ao móvel: a evolução da telefonia

Hoje podemos até estar acostumados com smartphones e a possibilidade de falar com qualquer pessoa à distância, sem a necessidade de um cabo. E Landell de Moura é um dos responsáveis para isso acontecer ao conseguir realizar, em 1893, a primeira transmissão de voz em telefonia sem fio.

Antes disso, em 1885, Lars Magnus Ericsson criou o primeiro o monofone, aparelho telefônico em que o fone e o bocal são acoplados em uma só peça. A invenção teve com base as ideias de Anton Avén e Leonard Lundqvist.

Já em 1962, os laboratórios Bell (nos Estados Unidos) lançaram o primeiro satélite mundial de telecomunicações, o Telstar. O Brasil teve seu marco na história da telecomunicação em 1969 com a Embratel iniciando as operações da Estação Terrena de Tanguá.

Um ano depois, a fibra óptica foi usada para a infraestrutura de telecomunicações. Em 1973, um cabo submarino ligou a cidade de Recife (Pernambuco) a Las Palmas (Ilhas Canárias-Espanha). Neste mesmo ano, ocorreu a primeira ligação móvel com uso do DynaTAC, protótipo da Motorola que pesava 1 quilo. Dois anos depois, o Brasil passou a fazer parte do sistema de Discagem Direta Internacional (DDI).

Foi no Japão, em 1978, que os primeiros telefones móveis celulares foram ativados. No Brasil, isso aconteceu 20 anos depois com a BCP Telecom (hoje Claro) ganhando o leilão de venda do espectro de frequência para celular. A operadora foi a primeira tele brasileira a atuar com tecnologia TDMA, 100% digital.

A tecnologia TDMA começou a dar espaço ao sistema GSM (Sistema Global para comunicações Móveis) em 2001 no Brasil, quando foram comercializados os primeiros chips com o padrão. Atualmente é o adotado pelas operadoras no País e em quase todo restante do mundo.

Imagem: iStock

Novas formas de interação

Embora o telefone hoje conecte várias pessoas – seja por aplicativos, chamadas de vídeo ou, quem diria, a voz -, nem sempre essa foi a sua única função. Na época das telefonistas, que citamos mais acima, muitas ligações eram feitas por usuários que queriam simplesmente saber as horas (aliás, o serviço de hora certa ainda funciona, caso você tenha se perguntado).

Temos também o fax, patenteado em 1851, e que transmite documentos, textos e outros dados por meio da linha telefônica. O aparelho foi muito usado a partir da década de 1990 por trazer confiança em certos tipos de operação. Hoje temos o e-mail, programas de armazenamento em nuvem e aplicativos como WhatsApp, que permitem a transferência de arquivos de maneira rápida e segura. Mas esse aparelho ainda continua sendo usado e vendido.

Falando em WhatsApp, conversar com os amigos por mensagem de texto no celular era muito diferente há uns anos, mais precisamente em 1992. No dia 3 de dezembro daquele ano, o primeiro SMS foi enviado e dizia “Feliz Natal”. O envio das mensagens de texto só chegou a acontecer mesmo após a implantação das primeiras redes GSM e ficou popular nos anos 2000, com os planos pré-pagos das operadoras. De 2007 a 2010, subiu de 1,8 trilhão para 6,1 trilhões o número de SMS enviados mesmo com todas as limitações — como escrever apenas 160 caracteres por mensagem.

Conhecer alguém também não era tão fácil. Antes mesmo da chegada da internet, a “rede social” preferida para isso era o Disque Amizade (145). Ao discar o número, o usuário era colocado em uma “conferência” com pessoas aleatórias.

O serviço fez sucesso até os anos 2000, quando a internet começou a entrar cada vez mais nas casas dos brasileiros (via telefone). Aliás, se hoje temos Tinder e outros apps de paquera, os anos 2000 foram marcados pelas salas de bate-papo e outros programas de trocas de mensagem instalados no computador (como mIRC, ICQ e Messenger). Não só isso! Como a conexão era por meio da linha telefônica, muita gente esperava passar a meia-noite para utilizar apenas um pulso e não ter um susto com o valor da conta.

Imagem: iStock

Qual o futuro do telefone?

Com certeza é promissor. Embora o uso de mensagens de texto tenha crescido, o telefone ainda é um dos canais oficiais preferidos dos consumidores para conseguir informações e tirar dúvidas com as empresas. Se você não está lendo essa matéria pelo seu telefone celular, provavelmente ele estará a uma distância de poucos metros.

Muitas empresas têm utilizado o telefone com outras ferramentas para melhorar a experiência do cliente – como Inteligência Artificial e Assistentes Virtuais. O call center é um setor que pode se beneficiar com essa tecnologia, por exemplo. A empresa tem a possibilidade de analisar o perfil do consumidor para saber qual colaborador é o mais indicado para garantir um atendimento personalizado e reter a pessoa.

Existe um movimento de consumidores abrindo mão da linha de telefonia fixa – o Brasil registrou mais de 38 milhões linhas em 2018, 2 milhões a menos que em 2017, segundo a Anatel -, mas isso não significa que o produto criado lá em 1876 por Graham Bell esteja com os dias contados.

O telefone tem um histórico de adaptações, de seu design grandão para algo que cabe em bolso às tecnologias para conectar cada vez mais pessoas e empresas. E isso é mais que suficiente para viver por longos anos.



Matérias relacionadas

industria de chips Conectividade

Governo oferece R$ 100 milhões para estimular indústria de chips no Brasil

Edital Mais Inovação Semicondutores foi lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)

cidades mais inteligentes do Brasil Conectividade

Quais são as cidades mais inteligentes no Brasil

Entenda como o Ranking Connected Smart Cities avalia quais são as cidades mais inteligentes do Brasil e como elas estão evoluindo

5g em sp Conectividade

Regulação do 5G em SP avança para 242 cidades

Estado de São Paulo fecha 2023 com mais cidades legalizando a quinta geração de telefonia móvel

conectividade e inclusão digital Conectividade

Conectividade e inclusão digital estão no caminho das cidades inteligentes

Em 2023, 84% dos brasileiros tiveram acesso à internet, mas 29 milhões de pessoas ainda não têm conectividade