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Open finance do Brasil Imagem gerada por Inteligência Artificial

Open finance do Brasil é o maior do mundo, segundo especialistas

4 minutos de leitura

Cerca de 55 milhões de pessoas já deram consentimento para a disponibilização de dados, segundo o Open Finance Brasil



Por Nelson Valêncio em 13/06/2025

A sofisticação do sistema financeiro brasileiro também se reflete na adoção do open finance. De acordo com Ana Carla Abrão, CEO do Open Finance Brasil, organização local responsável pela implementação da iniciativa, o país já conta com 55 milhões de usuários que disponibilizam seus dados dentro do ambiente seguro e aberto.

Em painel durante o Febraban Tech, Ana Carla adiantou que o Brasil possui o maior open finance do mundo, considerando as métricas padrão. Inspirado no modelo de open banking do Reino Unido, o sistema brasileiro se expande, inclusive com uma comunicação mais ágil, tendo como exemplo a jornada do Pix.

Da esquerda para a direita: Raquel Possamai, Ana Carla Abrão e Caio Fernandes (Foto: Nelson Valêncio)

Para Ana Carla, o sistema é mais do que um conceito de finanças abertas que permite ao usuário transacionar e se relacionar com a instituição financeira que escolher. Trata-se também de uma regulação e de um ecossistema que envolve bancos, fintechs, instituições de pagamentos e cooperativas de crédito, entre outros participantes.

“Nossa ambição é que todos os brasileiros, em sua primeira jornada financeira, façam parte do open finance, trazendo benefícios para todo o sistema”, resumiu a CEO. Ela aposta em uma versão 2.0 do conceito, na qual o consumidor percebe o valor de escolher e se relacionar com outras instituições. Por outro lado, ela ressalta que o mesmo ecossistema conhece as informações do cliente para oferecer produtos, mudando o eixo da decisão para as pessoas físicas e empresas. 

Amplitude do open finance no Brasil

No mesmo painel citado, coordenado pela diretora para o Mercado Financeiro da Claro Empresas, Raquel Possamai, o superintendente do Banco Central, Caio Fernandes, destacou que o open finance é uma prioridade do órgão, ao lado do Pix e do Drex, o projeto de moeda digital do Banco Central.

“Trata-se de uma agenda estratégica que reduz a assimetria de dados no setor financeiro, com um escopo amplo. Embora inspirado no open banking do Reino Unido, o projeto brasileiro é mais arrojado e agrega diversos serviços, incluindo seguros”, explicou Fernandes.

O executivo ressaltou que a iniciativa brasileira implementa uma espécie de “trilho” por onde poderão transitar diversos serviços em um ambiente aberto e seguro. Ele reforça a sinergia entre o Pix e o Drex, destacando a complementaridade das plataformas. Um exemplo disso é a possibilidade do Pix por aproximação, que se torna viável ao utilizar o “trilho” do open finance.

Tanto Ana Carla quanto Fernandes destacam que o sistema foi concebido como um bem público. Para o superintendente do Banco Central, a motivação do órgão é ampliar a competição e a eficiência no mercado financeiro brasileiro com um sistema aberto. Ele argumenta que o crescimento da iniciativa é impulsionado pela transparência e facilidade, mencionando benefícios como portabilidade de crédito e descontos em financiamentos.

Outro ganho é a funcionalidade de atuar como um “marketplace de crédito”, permitindo ao consumidor receber melhores propostas sem precisar acessar vários bancos.

Já a CEO do Open Finance Brasil explica que existem benefícios tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas, sendo que estas últimas estão aderindo com um ritmo mais lento. “As empresas podem ter acesso a benefícios como portabilidade de crédito e salário, além de melhores condições de juros e spread bancário”, detalha.

Segurança no open finance

Importante para habilitar o futuro das finanças abertas, o tema segurança foi recorrente na discussão entre Ana Carla e Fernandes.

Para o executivo do Banco Central, o open finance é centrado na segurança, com produtos pensados tanto para potencializar o uso pelos consumidores quanto para evitar fraudes e golpes. Fernandes lembrou que a segurança é tratada como uma funcionalidade e, do ponto de vista de TI, utiliza padrões internacionais de criptografia de ponta a ponta e autenticação dupla, entre outros recursos.

Ana Carla, por sua vez, destacou que o BC definiu que o perímetro do sistema envolve instituições reguladas, que adotam padrões de última geração definidos pela regulação. Como o Banco Central garante a segurança com regras rigorosas, esse também é o padrão do open finance brasileiro.

Open gateway também privilegia segurança

O mesmo compromisso com a segurança foi destacado em outro painel do Febraban Tech. O encontro contou com a presença de Flávia Guimarães, head de Open Gateway do Itaú, e Ageu Dantas, head de Data Analytics e Messaging da Claro Empresas. Ambos discutiram o avanço das APIs dentro de plataformas que permitem a integração e o acesso de sistemas, aplicativos e serviços diferentes.

Flávia Guimarães e Ageu Dantas (Foto: Nelson Valêncio)

Flávia explicou o sucesso de duas APIs adotadas pelo banco. A SIM Swap, já consolidada, é um mecanismo antifraude que permite verificar, em tempo real, a ativação do cartão SIM na rede móvel das operadoras de telecomunicações. Trata-se de um sistema que fortalece os processos de autenticação baseados em SIM.

A segunda API é a Know Your Customer (KYC), que está sendo incorporada na plataforma de open gateway do banco e deverá ser expandida para outras áreas da instituição.

Flávia também adiantou que o Itaú iniciou testes para uma API de geolocalização, com melhorias nos recursos utilizados atualmente, mas que ainda está em fase de ajustes técnicos.

A executiva lembrou que a sincronicidade dos lançamentos de APIs é fundamental para o sucesso desses recursos. “Para que possamos entregar o produto pronto, é importante que todas as operadoras disponibilizem a API, de modo que seja necessário ter um roadmap sincronizado”.

Sobre a parceria com a Claro, Flávia lembra que se trata de uma relação de longo prazo e em constante evolução.

Dantas, por sua vez, ressaltou as iniciativas que o Itaú tem para oferecer uma estrutura diferenciada de telecomunicações em relação a outras instituições financeiras, sendo um dos pioneiros na adoção do conceito de open gateway. Ele adiantou ainda que a Claro deve lançar outras sete APIs para esse ambiente até o final do ano.

O Próximo Nível conversou com Jamile Leão, líder de soluções de open finance da Capgemini Brasil, que antecipou novidades do levantamento anual realizado pela empresa sobre a maturidade do conceito. 

Segundo ela, a percepção de como as finanças abertas são vistas, principalmente pelos consumidores, deve aumentar este ano em relação aos levantamentos anteriores.

Jamile aposta na melhor comunicação do setor financeiro como um dos motivadores. Nas pesquisas anteriores, a média de consumidores que já haviam ouvido falar do conceito era de 64%, percentual que, segundo a especialista, deve ser ampliado. 

Ela informou ainda que os consumidores finais serão ouvidos com mais detalhamento no levantamento de 2025, incluindo entrevistas qualitativas.

Os dados de 2024 indicaram que o público mais maduro em relação ao conceito incluia os mais jovens, que possuem mais confiança e são mais digitalizados; a classe DE, onde está o maior volume de consentimento e que está em busca de crédito; e as classes com maior consumo e familiaridade digital.



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