O ano de 2025 vem sendo considerado um divisor de águas para o setor de tecnologia. Os avanços e a popularização da inteligência artificial (IA) são provas disso. Segundo o Gartner, empresa de consultoria e pesquisa, 92% dos CIOs brasileiros já estão prevendo um aumento dos investimentos em tecnologia. Por outro lado, pelo menos 98% dos líderes de TI relataram que seus funcionários estão ansiosos para utilizar ferramentas de inteligência artificial. Mas afinal, quais são as perspectivas da IA em 2025?
Luis Mangi, vice-presidente de pesquisa do Gartner, declarou que a IA generativa continuará a concentrar os modelos de negócios em geral. “Os CIOs estão se sentindo seguros com essa visibilidade sobre eles. Quando questionados sobre como veem seu papel, 91% concordaram que os diretores de TI continuarão sendo influentes daqui a cinco anos”, completou.
Mas, será 2025 o ano em que a IA dará lucro para as empresas? Apesar do cenário otimista, o Gartner ainda aponta que 72% dos executivos brasileiros declararam que seus colaboradores têm resistência em incluir a tecnologia no dia a dia de trabalho, enquanto 47% dos entrevistados afirmam que as iniciativas de IA generativa já praticadas por suas empresas ainda não atingiram o retorno sobre o investimento (ROI).
O que esperar da IA em 2025?

Segundo Ricardo Recchi, country manager Brasil, Portugal e Cabo Verde da Genexus by Globant, empresa especializada em plataformas Enterprise Low-Code, para que as empresas lucrem com os investimentos em IA em 2025, é preciso que elas adotem uma abordagem estratégica. Para ele, o ponto essencial é manter o monitoramento contínuo dos custos e a integração eficiente da IA com os colaboradores humanos. “Ao contrário do que muitos podem imaginar, a IA não deve substituir totalmente os trabalhadores, mas sim potencializá-los”, declarou.
Para ele, de acordo com as análises do Gartner para 2025, os agentes e assistentes de IA terão papel fundamental na aceleração do aprendizado dentro das empresas. “A previsão é de que até 2028, pelo menos 15% das decisões rotineiras sejam tomadas de forma autônoma pelos agentes, o que seria um salto significativo, considerando os quase 0% em 2024”, justificou o especialista.
Ele acredita que para maximizar os benefícios da transformação digital, as empresas precisam construir bases sólidas para uso de inteligência artificial. “Ao utilizar IA para analisar e atualizar códigos de programação, ela ajuda a remover sistemas legados que já não são mais eficientes, ao mesmo tempo em que introduz tecnologias mais modernas, tornando as empresas mais preparadas para o futuro digital, mais forte e eficaz, com processos mais eficientes e atualizados. Todo esse movimento facilita a transição para um ambiente mais tecnológico e competitivo”.
Para Hugo Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), muito além do hype tecnológico é preciso que as tecnologias digitais aplicadas em projetos tenham resultados comprovados. “Do contrário, a alta liderança não tangibiliza esta agenda como real. Neste sentido, a importância das equipes de tecnologia adotarem soluções simples, viáveis e alinhadas ao planejamento estratégico seria absolutamente determinante para o sucesso da IA”, explicou o professor.
Orçamentos de TI devem crescer 6,6% em 2025
Ainda de acordo com o Gartner, as três principais tecnologias que terão aumento de investimento em 2025 são: inteligência artificial (IA), com 92% dos CIOs indicando crescimento de investimentos na tecnologia; inteligência artificial generativa (GenAI), também com 92%; e segurança cibernética/informacional, com 91%.
Por outro lado, o estudo do Gartner identificou as três principais tecnologias com diminuição planejada de investimentos entre os brasileiros. São elas: infraestrutura legada e tecnologias de data center (22%), tecnologias de computação de próxima geração (14%) e human augmentation (11%).
“Nossa pesquisa revelou que melhorar as margens operacionais foi o resultado crítico número um que os CIOs tiveram em mente ao considerar investimentos em tecnologia digital. Isso faz sentido quando olhamos para as três principais áreas de diminuição de investimentos, já que elas são agora vistas como partes que não ajudam mais nas margens operacionais”, disse Mangi do Gartner.
Perspectivas de IA no cenário atual

Segundo a BBC, áreas de alto risco devem ser diretamente impactadas e até aprimoradas ou beneficiadas com o uso de IA. Entre elas, a justiça e a medicina. Acredita-se que nestas áreas a decisão ainda deva ser tomada por humanos. Por isso, muitos especialistas estão trabalhando para garantir a confiança dos usuários em sistemas de IA. A proposta é de que os sistemas sejam transparentes e que as pessoas estejam no centro das decisões.
Modelos de sistemas híbridos, em que os algoritmos combinem a análise formal de máquina com a intuição humana, são conhecidos como centauros. “Um médico centauro + um sistema de IA melhoram as decisões que os humanos tomam por conta própria e que os sistemas de IA tomam por conta própria”, aponta a reportagem da BBC.
De acordo com a emissora, a meta das grandes empresas como OpenAI (ChatGPT), Meta (LLaMA), Google (Gemini) ou Anthropic (Claude) para 2025 é fazer agentes autônomos de inteligência artificial, baseados em modelos de linguagem.
Apesar do avanço no desenvolvimento, a regulamentação ainda é uma incognita. Com a aprovação da lei de IA na União Europeia, 2025 deve ser palco de grandes discussões de normas e padrões para o futuro. A comissão europeia havia publicado a primeira Lista de Avaliação para IA Confiável, que inclui sete requisitos básicos: gerência humana e supervisão, robustez técnica e segurança, governança e privacidade de dados, transparência, diversidade, não discriminação e equidade, bem-estar social e ambiental e responsabilidade. Os mecanismos de regulamentação de IA devem entrar na pauta de discussão global sobre os avanços de IA, assim como as novas perspectivas.