Pesquisa da Deloitte detalha fatores que organizações podem considerar para desenvolver a resiliência e se adaptar a cenários adversos.
O ano de 2020 mostrou que poucas empresas – do setor público e privado – estavam preparadas para encarar os desafios trazidos pela pandemia do coronavírus. Isso exigiu dos líderes uma preparação nunca antes vista para a pressão de garantir a continuidade dos negócios.
Porém, apesar das dificuldades que muitos líderes encararam em 2020, muitos acreditam que a disrupturas causadas pela COVID-19 vieram para ficar. É o que afirma o estudo “Global Resilience Report 2021: A construção de uma organização resiliente”, preparado pela Deloitte.
De acordo com o relatório, as organizações que mostraram resiliência – que têm mentalidade e cultura flexíveis, adaptáveis, colaborativas e inovadores – têm maior chance de apresentar um desempenho superior em tempos incertos.
Para este estudo, a Deloitte entrevistou 2.260 Chief Experience Officers (CXOs) e executivos C-Level de várias indústrias e de diversas partes do globo, inclusive o Brasil. Por sinal, líderes do País se sentem mais confiantes e preparados para cenários de incertezas que a média global:
- 56% dos entrevistados falam que eles estão prontos para liderar as organizações em tempos de incerteza ou interrupção.
- 49% acreditam que são capazes de se adaptar rapidamente em resposta aos atuais eventos adversos.
Além disso, a Deloitte identificou 5 atributos que compõem uma organização resiliente: preparadas, adaptáveis, colaborativas, confiantes e responsáveis. Abaixo, confira um resumo de cada item.
1. Preparadas
De acordo com a Deloitte, este atributo conta com CXOs que planejam todos os resultados, sejam eles em curto, médio ou longo prazo. O relatório mostrou que 85% dos entrevistados que equilibraram suas prioridades nesses prazos responderam bem aos eventos de 2020.
Um exemplo é o HSBC. A instituição financeira já tinha iniciado a jornada de transformação digital antes mesmo da pandemia. Apesar dos clientes não terem percebido uma disrupção ao longo de 2020, esse investimento permitiu ao banco levar 95% dos seus colaboradores ao home office.
2. Adaptáveis
Se adaptar aos diversos cenários é a chave para a sobrevivência. E os CXOs com uma postura resiliente estão mais dispostos a apoiar as forças de trabalho flexíveis mais que os executivos que não possuem uma cultura de resiliência.
Tanto que, olhando para um cenário futuro, 54% das pessoas entrevistas pela Deloitte escolheram a “flexibilidade e adaptabilidade” como característica mais crítica para a força de trabalho. Mais ainda que “conhecimento tecnológico”, em segundo lugar com 40%.
Ainda trazendo como exemplo o HSBC. Apesar das estratégias de digitalização e inovação, quando a pandemia chegou, algumas delas foram pausadas para que o banco buscasse operações mais ágeis. A instituição, então, mapeou todas as áreas para saber qual poderia ficar mais inteligente.
3. Colaborativas
A tomada de decisões foi acelerada através da colaboração, afirmaram os CXOs entrevistados pela Deloitte. Ter essa postura mitigou riscos e trouxe mais inovação. Apesar disso, apenas 22% das empresas tinham as ferramentas tecnológicas certas para o trabalho remoto.
Por outro lado, o relatório destaca que a colaboração melhora bastante a eficácia da comunicação e a resiliência. A Manulife, instituição financeira de seguros, por exemplo, passou a ter encontros diários para deixar os C-Levels a par de resultados, problemas e outros pontos de discussão.
4. Confiáveis
A confiança entre líderes e funcionários é primordial. Entretanto, mais de 1 em cada 3 empresas entrevistadas não estavam seguras sobre essa interação. As empresas resilientes se concentram em diminuir os ruídos e melhorar a transparência, além de apostar em liderança com empatia.
Um dos destaques deste atributo no relatório é sobre o trabalho feito pelos CXOs em garantir a segurança física de seu quadro de funcionários. Para 77% dos entrevistados, suas respectivas empresas fizeram um bom trabalho em manter os colaboradores seguros.
5. Responsáveis
Toda empresa sabe (ou deveria saber) que há mais responsabilidades além dos resultados financeiros. Para 87% dos CXOs entrevistados, houve um equilíbrio das necessidades de todas as partes envolvidas no negócio, assim como a capacidade de se adaptar rapidamente aos eventos.
Essa responsabilidade, aponta a Deloitte, deve ser centrada também em pessoas. Não só nos clientes, mas também nos colaboradores. O suporte aos funcionários – a nível organizacional, físico e mental – torna as empresas mais resilientes.
Seguindo em frente em 2021
Ser uma empresa resiliente precisa começar com uma autoavaliação para entender o quanto está preparada, adaptável, colaborativa, confiável e responsável. A Deloitte afirma que, se essas áreas possuem alguma ineficiência, é preciso preencher as lacunas. Algumas recomendações são:
- Criar um manual com os potenciais riscos internos e externos dos cenários.
- Simular com os principais tomadores de decisão crises e cenários.
- Contratar pessoas com mentalidades específicas para um cargo e não por habilidades específicas.
- Desenvolver programas de treinamento para que os colaboradores aprendam novas habilidades.
- Eliminar silos e investir em tecnologias que promovam a colaboração.
- Desenvolver iniciativas de sustentabilidade dentro da própria organização.
- Priorizar a saúde mental, bem-estar, diversidade, inclusão e igualdade.
Como destaca a Deloitte, os 5 atributos fortalecem a resiliência de uma empresa, que conseguirá se sair bem em bons e ruins momentos. Organizações que apostam nessa causa se tornam mais adaptáveis e preparadas para cenários adversos, que podem se tornar cada vez mais comum.
O relatório completo (em inglês) você pode ler aqui.
Principais destaques desta matéria
- Uma empresa resiliente consegue estar preparada para qualquer tipo de cenário.
- Segundo a Deloitte, essa resiliência pode ser classificada em 5 atributos.
- Saiba um pouco mais de cada e o que é necessário para a sua empresa se tornar resiliente.