Boa parte das residências estão se tornando inteligentes com Wi-Fi, smart TVs, assistentes virtuais, fechaduras eletrônicas e outros dispositivos conectados. A estimativa é que tenhamos, hoje, algo em torno de 300 mil casas inteligentes no país, segundo a Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside). Mas com o 5G, o potencial é bem maior.
O país tem mais de 63,3 milhões de residências e, antes mesmo da chegada do 5G, programada para junho de 2022 nas capitais estaduais, a Aureside avalia que já temos potencial para um mercado de 1,8 milhão (seis vezes mais que o atual) de smart houses. “O principal avanços para as casas inteligentes é que poderemos dispensar o roteador e utilizar, ao mesmo tempo e sem prejuízo de velocidade ou qualidade de sinal, vários computadores, laptops, aparelhos de games, smart TVs, smartphones, smartwatches, etc”, disse o engenheiro mecânico e professor da ESEG, Chang Junior, em uma edição do Futurecom Digital.
Segundo ele, além da maior qualidade do sinal, o 5G propiciará a adoção ampla de IoT (internet das coisas), aplicada em dispositivos que vão desde fechaduras eletrônicas até aspiradores de pó por comando de voz e geladeiras conectadas, capazes de fazer a gestão dos itens armazenados.
Comodidade, segurança e sustentabilidade
Além da comodidade, os dispositivos inteligentes garantem mais segurança, por meio de sistemas de controle de acesso, sensores de presença, monitoramento remoto e alarmes inteligentes, por exemplo.
Além disso, uma smart house tende a ser mais sustentável, uma vez que os dispositivos facilitam a gestão dos sistemas de iluminação e fornecimento de água e gás. É possível desligar a iluminação ou equipamentos (como ar-condicionado) à distância, por meio de aplicativos de gestão, acionar cortinas para controlar a temperatura e até integrar sistemas de energia solar e irrigação, entre outros.
Já há inovações específicas, inclusive, para o público maduro. O objetivo é proporcionar maior autonomia a esses usuários. Exemplos vão de lâmpadas que acendem automaticamente ao detectarem movimentos, até gavetas de remédios com sensores programados, que avisam ao morador o horário da medicação.
Os robôs aspirador de pó é outro exemplo, que tem se popularizado, inclusive com modelos capazes de aspirar e passar pano em pisos, além de serem pré-programados por perímetros ou horário de funcionamento.
Casa Cor 2020 demonstrou uso de tecnologias integradas
No ano passado, a edição da Casa Cor teve como foco mostrar as tendências mais inclusivas e tecnológicas – que ganharam maior significado com a pandemia. Em um container, um estúdio apresentou as principais soluções para o setor, com dispositivos integrados e conectados.
Na ocasião, Camilla Simon, fundadora da agência Moulin, que executou o projeto, explicou que “as pessoas querem afetividade, conforto, espaços mais inteligentes, praticidade e tecnologia para se conectar – com elas mesmas e com o mundo – sem sair de casa.”
“Estamos em um momento de usar a casa. E, por causa disso, surgiram muitas necessidades novas, nas quais a automação desempenha um papel extremamente importante”, disse o presidente da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside), José Roberto Muratori, em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo. Ele citou como exemplo a necessidade de conectividade e produtividade para o home office.
Conforme a Aureside, projetos do gênero já saíram do papel em algumas das principais cidades brasileiras. Na capital paulista, por exemplo, a Yuny incorporou o sistema de automação como atrativo de um empreendimento imobiliário com entrega prevista para março de 2023. A tecnologia, que poderá ser integrada à assistente virtual Alexa, da Amazon, permitirá que os moradores controlem ar-condicionado e iluminação ou abrir e fechar as cortinas com um simples comando de voz.
Diferenças entre casa inteligente e automatizada
No primeiro caso, as residências precisam ser planejadas para incorporar a automação. No segundo, o próprio morador pode incorporar as mudanças – desde que, claro, exista conectividade em sua região.
Vale ressaltar que existem diferenças entre ter uma casa automatizada e uma casa inteligente. De acordo com reportagem do Estadão, a diferença consiste no fato de o usuário acionar (mesmo que remotamente) os dispositivos ou não. “Por exemplo, a palavra ‘cineminha’ pode ser programada para acionar diversos aparelhos instantaneamente: luzes, pipoqueira e televisão. Porém, isso exige alguma preparação. No caso da pipoqueira, ela precisa estar conectada em uma tomada inteligente – e com milho”, destaca a matéria, explicando que em uma casa automatizada o usuário precisa acionar os dispositivos, mas em uma inteligente eles conversam entre si e atuam a partir de um modelo mais proativo, normalmente gerenciados por um sistema de inteligência artificial.