Tecnologia ou colaborador quem merece mais atenção

Tecnologia ou colaborador: quem merece mais atenção?

4 minutos de leitura

Uso da tecnologia pode trazer mais produtividade para os colaboradores de uma empresa. Quando isso acontece, é ela quem deve ser elogiada?



Por Redação em 04/02/2020

Uso da tecnologia pode trazer mais produtividade para os colaboradores de uma empresa. Quando isso acontece, é ela quem deve ser elogiada?

Supermercado autônomo já é uma realidade no Brasil e no mundo. Basta a ver a Zaitt, rede de lojas 100% automatizadas, com suas três unidades – duas em São Paulo e uma no Espírito Santo. Lá fora, a China pode ser um dos maiores cases quando o assunto é usar tecnologia para impulsionar esse tipo de negócio.

Tanto que neste post do Mundo + Tech trouxemos quatro iniciativas que o varejo brasileiro pode aprender com o país.

Mas, claro, nem toda tentativa de inovar se torna um sucesso. Um exemplo disso é a Stop & Shop, rede norte-americana de supermercados. Há um ano, ela disponibilizou Marty, um robô autônomo, em mais de 300 lojas para, segundo a marca, melhorar a experiência do cliente.

Como explica uma etiqueta presa no robô, ele “usa a tecnologia de captura de imagens para relatar derramamentos, detritos e outros riscos potenciais aos consumidores e melhorar sua experiência de compra”. Com essa tarefa de “caça-problemas” automatizada, os trabalhadores humanos teriam mais tempo para melhorar o relacionamento com o cliente.

No entanto, a realidade é bem diferente. Marty faz muito pouco para um robô que custa US$ 35 mil (R$ 150 mil) cada. Assim como não pareceu impactar clientes e funcionários da Stop & Shop, como relata este artigo do site Mashable.

A relação humano-máquina

A relação humano-máquina foi tema recente de um post do Mundo + Tech, em que discutimos a gestão da força de trabalho entre um colaborador e uma tecnologia. É importante para que líderes consigam levar mais produtividade e capacitação aos funcionários.

Integrar esses dois mundos (pessoas e máquinas inteligentes) é um dos conceitos do Humano Aumentado, tendência de tecnologia emergente apontada pela consultoria Gartner. Porém, na prática, o caso do robô Marty parece ir contra todo esse movimento por dois motivos:

  1. O robô apenas alerta aos funcionários sobre sujeiras no chão e potenciais riscos. Os colaboradores, então, devem fazer todo o trabalho de limpeza;
  2. Marty também não oferece nenhuma outra experiência aos clientes que frequentam a loja, somente um apito alto para informar que uma área está suja.

Sem contar que, com o robô completando um ano, a Stop & Shop resolveu fazer várias festas em diversas unidades para comemorar o aniversário de Marty. Abaixo, você confere o convite que a rede de supermercado fez aos seus seguidores no Twitter:

O convite dividiu opiniões, com elogios ao robô, e também algumas críticas. Em especial a falta de uma ação semelhante para os humanos da rede. “Será que todo funcionário humano que trabalha lá ganha bolo de aniversário com uma foto, balões e uma loja decorada?”, questiona o artigo do site Mashable.

É válido elogiar uma tecnologia?

Sabemos bem que a tecnologia traz diversos benefícios para uma empresa. Se você já começou a jornada de transformação digital, entende que soluções na nuvem, Inteligência Artificial e outras inovações são adotadas para agilizar processos, reduzir custos e aumentar receitas.

Mas, quando o assunto é posto de trabalhos, ainda há muitas discussões se as tecnologias vão aumentar o número de pessoas desempregadas. Porém, segundo o relatório The Future of Jobs 2018, do Fórum Econômico Mundial, a expectativa é outra. Até 2022, a transformação digital vai:

• Reduzir 10% da força de trabalho. Ou seja, 0,98 milhão de empregos.
• Mas gerar 1,74 milhão de empregos.

Sobre a força de trabalho humano-máquina:

• 75 milhões de empregos deixarão de existir nessa divisão humano-máquina.
• Enquanto 133 milhões de novas funções vão surgir com essa força de trabalho híbrida.

Então, vamos dizer que a sua empresa adotou tecnologias para levar um melhor atendimento ao consumidor. Você treinou sua equipe e agora ela conta com ferramentas para conhecer melhor quem é o seu cliente, como ele consome a sua marca e, assim, garantir uma experiência positiva.

Isso vai refletir em um cliente que se sentirá reconhecido por causa dessa proximidade com a sua marca e no aumento nas vendas. Tudo porque a sua equipe estava preparada para levar um atendimento de qualidade. Então, o elogio vai para quem? Máquina ou humano?

A segurança pode estar em xeque também

A afirmação vem de um relatório levantado pelo portal Reveal, do Centro de Reportagem Investigativa, organização sem fins lucrativos. Divulgado em novembro de 2019, a publicação questiona a negligência da segurança dos colaboradores em ambientes com robôs autônomos.

Nos centros de distribuição da Amazon, nos Estados Unidos, a quantidade de ferimentos considerados “graves” (ou seja, que exigem que o funcionário tire uma folga ou tenha as atribuições restringidas) sofridos pelos trabalhadores é de 9,6 feridos por 100 colaboradores.

Para se ter uma ideia, o número é o dobro do padrão de outros centros de distribuição, em que registram uma média de quatro trabalhadores feridos a cada 100.

Esses dados não comprovam que robôs provocam lesões nos funcionários. Pelo contrário, os ferimentos acontecem porque os colaboradores negligenciam a segurança para tentar acompanhar a produtividade que uma máquina possui.

Uma das fontes ouvidas pelo Reveal contou que precisa escanear o código de barras de um produto a cada 11 segundos. É praticamente o tempo que um robô leva para entregar o item a um colaborador após um cliente clicar no botão “Fazer seu pedido” no site da Amazon.

Com uma média de 300 itens digitalizados por hora (entre receber o produto do robô e fazer o escaneamento), a fonte ouvida era notificada caso não batesse a meta diária, já que um software enviava, em tempo real, informações sobre o desempenho para o gestor. Isso resultou em entorse nas costas, inflamação das articulações e dor crônica.

A tecnologia é um meio, nunca o fim

Certamente a adoção (correta) de tecnologias vai impulsionar o crescimento dos seus negócios. Mas elas precisam também impactar a sua equipe. Até porque, se você não investe no capital humano, de nada adiantar ter soluções de ponta e atualizadas.

Inteligência Artificial e Machine Learning são algumas tendências que vão redesenhar diversos mercados. É uma oportunidade para você apostar no Employee Experience (Experiência do Colaborador). Ou seja, reconhecer talentos e capacitar quem tem potencial de acompanhar essas mudanças para garantir produtividade e retorno sobre o investimento.

Principais destaques desta matéria:

  • Rede de supermercado comemorou aniversário de um ano de Marty, um robô autônomo;
  • Robô não tem funções que impactam positivamente o cliente ou funcionário;
  • Artigo da Mashable questiona se é válido elogiar a tecnologia e não o colaborador que a usa.


Matérias relacionadas

ai academy Inovação

Web Summit Rio terá academia de IA

Palestras com especialistas vão discutir os vários usos da inteligência artificial

ageu dantas Inovação

Claro apresenta sua plataforma de Open Gateway em Barcelona

Empresa demonstrou uso comercial do SIM SWAP e Number Verification com vários parceiros durante o evento deste ano

big data analytics Inovação

Big Data Analytics opera como apoio estratégico à empresas

Tecnologia é capaz de fornecer, com a análise de dados, insights valiosos para o sucesso de um negócio

awsome women community summit Inovação

AWSome Women Community Summit: saiba tudo sobre o evento que reuniu lideranças femininas

A primeira edição no Brasil aconteceu em Belo Horizonte (MG) e reuniu mulheres de diversas regiões, focando no empoderamento feminino