tribunais nuvem Filipe Barbosa de Almeida (Foto: Divulgação/ ExpoJud)

Tribunais ampliam investimentos em armazenamento na nuvem

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Um dos grandes desafios das instituições públicas é preparar suas áreas de TI para atender à demanda de dados atual e futura



Por Ed Freitas em 22/10/2024

O gerenciamento e a proteção de grandes volumes de dados estão entre os maiores desafios enfrentados pelos órgãos do Judiciário, assim como pelas demais instituições públicas dos Poderes Executivo e Legislativo. Responsáveis pelo processamento de dados de milhões de pessoas, incluindo documentos processuais, provas digitais e dados sensíveis dos cidadãos, a gestão dessas informações pelos tribunais brasileiros demanda infraestrutura robusta, além de medidas de segurança eficientes, que blindem estas instituições de ataques hackers, cada vez mais comuns no Brasil e no mundo.

Diante disso, uma das alternativas que vem sendo bastante explorada no Judiciário e em órgãos da Administração Pública em geral é a contratação de modelos de armazenamento, governança e segurança digital em nuvem (cloud storage). Essa tendência, segundo o Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Embratel, Filipe Barbosa de Almeida, ocorre em função de vários fatores, como economia, confiabilidade, escalabilidade e segurança para essas instituições.

“Um dos grandes desafios para os departamentos de TI das grandes instituições públicas é equipar suas áreas de tecnologia da informação à altura das demandas desses órgãos, com escalabilidade. Com isso, muitas vezes, a TI precisa se preparar para uma demanda que só vai acontecer dois anos depois. O armazenamento em nuvem resolve este problema, porque o órgão vai contratar apenas o que precisa para sua demanda atual, e se ela aumentar, é possível ampliar este contrato”, explica Filipe Almeida.

Além disso, segundo o especialista, o modelo também é mais sustentável, uma vez que as tecnologias da informação evoluem rapidamente, obrigando essas instituições a substituírem precocemente grandes quantidades de equipamentos físicos. O serviço também é recomendado para demandas sazonais elevadas, como eleições nacionais, por exemplo.

“Nas eleições presidenciais de 2022, o TSE precisava divulgar um grande volume de dados eleitorais, mas eles não tinham capacidade de rede, de estrutura e de processamento. Na ocasião, a Embratel (agora Claro empresas), juntamente com a Amazon Web Services (AWS), venceu a licitação e entregamos uma solução sob demanda, escalável, em um contrato de dois meses. O resultado disso foi que o Brasil virou um case mundial, com 1,5 milhão de cliques por segundo nos dados do TSE”, detalha.

Cibersegurança nos Tribunais

 Os desafios citados pelo gerente de negócios da Embratel são velhos conhecidos dos chefes dos departamentos de TI do STF, STJ, TST e CNJ, que participaram do painel com o tema “Estratégias para segurança, eficiência e integração digital”, durante o ExpoJud, evento que aconteceu em Brasília (DF), entre os dias 15 e 17 de outubro.

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Da esquerda para a direita: Fabiano de Andrade Lima, Natacha Moraes de Oliveira, Thiago de Andrade Vieira, Ademir Piccoli e Humberto Fontoura Pradera (Foto: Divulgação/ ExpoJud)

“Só vamos superar os desafios postos se investirmos em pessoas, produtos/serviços e processos. Quando se fala de investimentos em segurança, pode surgir a dúvida sobre quais retornos este investimento trará. O simples fato da instituição não ser objeto de exposição da sua imagem é algo que temos que buscar como valor. Não é a TI que custa muito, é o nosso negócio que impõe situações desafiadoras”, afirma o Secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Fabiano de Andrade Lima.

Para o Secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Fontoura Pradera, a segurança da informação é o maior desafio para o segmento. “Segurança é algo que preocupa muito. No STJ, cada vez mais a TI vem ganhando relevância e participando de todas as decisões do Tribunal. Participamos de tudo, desde a escolha da catraca eletrônica, até os processos mais estratégicos”, detalha.

No Supremo Tribunal Federal, a busca por respostas mais ágeis e eficientes às demandas de TI do órgão é o que mais tira o sono da Secretária de Tecnologia da Informação da instituição, Natacha Moraes de Oliveira. “Esse mercado de TI está muito acelerado e muitas vezes não conseguimos entregar as coisas na velocidade que elas precisam chegar. O desafio é tornar as nossas equipes mais eficientes e ágeis”, destacou a profissional, que também apontou para a falta de profissionais qualificados para assumir demandas no segmento.

O painel contou ainda com a participação do Diretor do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Thiago de Andrade Vieira, que falou sobre a importância do uso de IA para avaliar o comportamento dos usuários dos sistemas de dados. “Precisamos pensar no uso da própria IA como mecanismo de análise do comportamento dos nossos usuários. Temos que saber quando um acesso não é padrão e identificá-lo. Acho que o judiciário como um todo precisa investir muito nisso, na perspectiva de segurança”, destacou.



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