Você está pronto para as máquinas que vão ler nossas emoções

Você está pronto para as máquinas que vão ler nossas emoções?

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Sociedade confia cada vez mais em algoritmos, que podem ser usados para identificar e interpretar sinais emotivos e decidir o que será melhor para o usuário.



Por Redação em 17/12/2019

Sociedade confia cada vez mais em algoritmos, que podem ser usados para identificar e interpretar sinais emotivos e decidir o que será melhor para o usuário.

Tecnologias como Inteligência Artificial e Machine Learning te ajudam na melhor tomada de decisão para o seu negócio. Mas você já parou para pensar o que pode acontecer quando máquinas com essas soluções aprendem a ler as emoções dos seus clientes?

O questionamento foi tema de um artigo recente da revista Wired ao analisar um episódio do podcast Sleepwalkers, que aborda os pontos “sinistros e positivos” do uso de tecnologias que vão entender o que as pessoas estão sentindo.

Este assunto pode até lembrar um pouco a computação afetiva, já abordado aqui no Mundo + Tech. O conceito, criado na década de 1990, utiliza várias tecnologias para extrair “informações subjetivas que vão ajudar no desenvolvimento de soluções”.

Mas o fim da “poker face”, como brinca a Wired, a partir da interação de humanos com máquinas chega a outro nível. O motivo? Cada vez mais a sociedade confia em algoritmos que podem funcionar de maneiras inesperadas, como observa a socióloga digital Lisa Talia Moretti.

Isso pode ser explicado pelo simples fato de que, quando uma tecnologia vira tendência, muitos negócios e pessoas querem enxergar somente os benefícios dela, mas sem considerar as possíveis desvantagens.

Pense nos assistentes de voz, como Siri da Apple, Alexa da Amazon ou Google Assistente. São tecnologias que estão cada vez mais presentes no dia a dia, seja no trabalho ou em casa. Mas qual o impacto que o uso de assistentes tem nas crianças, questiona a publicação.

“Acho que o problema não é a matemática ou os algoritmos. Acho que o problema é a nossa estrutura para pensar sobre eles – de pensar na máquina como algo vivo”, pontua Jaron Lanier, cientista da Microsoft, em entrevista à Wired.

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Algoritmos ainda são um desafio para os cientistas

Um cenário em que máquinas consigam interpretar humanos não parece tão distante. Mas as tecnologias embarcadas precisam de algoritmos, que vão aprender constantemente para ter uma taxa de acerto alta.

Mas há um pequeno grande problema: o viés. Quando o algoritmo não é treinado devidamente pode criar um comportamento predatório, como também já explicamos nesta publicação do Mundo + Tech.

Então os cientistas seriam culpados por esse viés? Sim e não, como a Wired definiu. Alguns cientistas da computação fogem da responsabilidade na hora de desenvolver um projeto sem preconceitos porque eles enxergam a Inteligência Artificial como algo fora de controle.

“Se você abdica de sua responsabilidade, se você apenas se apavora, você não está sendo um bom cientista da computação”, afirmou Jaron Lanier, cientista da Microsoft. Mas a própria Inteligência Artificial que pode ter viés é a mesma que pode ajudar a erradicá-lo.

Como afirma Kai-Fu Lee, empresário que trabalhou na tecnologia por trás da Siri, a Inteligência Artificial é treinada por pessoas e os algoritmos podem ajudar a eliminar preconceitos e erros humanos nas tomadas de decisão, por exemplo.

Recentemente, a Apple foi acusada de sexismo ao oferecer o Apple Card com limite de crédito muito maior para homens que mulheres. “Cabe a nós remover os fatores que não julgamos apropriados para serem considerados em uma decisão da IA”, disse Lee.

Como as máquinas estão sendo treinadas?

A Dolby Labs, conhecida por criar tecnologias de diminuição de ruído e sistema de som para a indústria do entretenimento, possui pesquisas envolvendo o uso de sensores avançados e Inteligência Artificial para capturar e interpretar sinais emocionais. Estão entre as inovações:

  • Sensores térmicos que rastreiam o fluxo sanguíneo da pessoa;
  • Monitores de CO2 que detectam as taxas de respiração de um usuário;
  • Câmeras que rastreiam o reconhecimento facial microscópico.

Poppy Crum, cientista-chefe da Dolby Labs e professora da Universidade de Stanford, defende que essas inovações não mudam as pessoas como seres humanos. “O que mudou é a onipresença dos sensores, a capacidade dos sensores [processar os dados] e o custo”, falou à Wired.

A cientista acha que dispositivos como Alexa podem ser úteis no auxílio aos cuidados com a saúde, por exemplo. “Cometemos erros e não somos bons em organizar as informações o tempo todo”, citando que a tecnologia vai poder resolver questões em que o raciocínio humano esteja errado.

Poppy Crum ainda defende a prevalência do lado ético. Ou seja, as empresas que apostam na leitura emocional dos usuários devem mostrá-los como eles são monitorados, embora ela acredite que não haja como fugir de sensores e Inteligência Artificial no futuro.

“Temos que reconhecer que essa soberania cognitiva [liberdade do indivíduo de fazer e experimentar o que quiser sem influência de dados] é coisa do passado. Temos que redefinir como é esse futuro”, finalizou.

Se você quer saber mais sobre como máquinas serão capazes de ler as emoções das pessoas, o episódio (em inglês) do podcast Sleepwalkers está disponível abaixo:

Principais destaques desta matéria:

  • Máquinas com Inteligência Artificial têm sido usadas para ler emoções;
  • Empresas como a Dolby Labs utilizam sensores para identificar sentimentos com análise de fluxo sanguíneo, respiração e pequenas expressões faciais;
  • Para especialista, não há mais como fugir de sensores e tecnologias no futuro.


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