Você provavelmente já ouviu falar sobre fintechs. Mas você sabe o que são foodtechs? São as empresas de tecnologia que tem a comida como, digamos, ativo principal. Nara Zarino, coordenadora de comunicação institucional da iFood, falou sobre a trajetória do unicórnio brasileiro que tem crescido 130% ao ano há oito anos. Confira a seguir a conversa que o Mundo + Tech fez com a executiva após a sua apresentação no Amcham Talks 2019.
Mundo + Tech: Qual é o segredo para conseguir dar o salto que o iFood conseguiu, de começar como uma startup e chegar ao ponto que está hoje?
Nara Zarino: O palco que estamos aqui no evento (montanha russa) tem tudo a ver com o crescimento acelerado de uma startup. Como a gente consegue isso? Inovando e investindo em pessoas e tecnologias. Pensando que a gente recebeu um grande aporte (de US$ 500 milhões em 2018), no que vamos investir? Em pessoas e inovação. Esse é meio o segredo. E, também seguindo muito o nosso propósito e valor, que é de revolucionar o cenário da alimentação para uma vida mais prática e prazerosa. Então a gente tem um norte, onde quer chegar, nosso potencial de mercado.
M+T: O que vocês pretendem investir em tecnologia e pessoas?
NZ: Estamos investindo muito na questão de desenvolvimento e focados também em inteligência artificial. Não só estamos contratando muita gente para essas áreas, mas a gente entende que tem o papel de desenvolver isso. Fizemos uma parceria com a Unicamp para não só desenvolver as pessoas de dentro do nosso grupo, mas também a comunidade. A gente vem fazendo recrutamentos no país todo, mas a gente entende que precisa crescer de forma tão acelerada que também é necessário desenvolver esse mercado.
M+T: Como a IA pode ajudar as foodtechs?
NZ: Posso dar dois exemplos. Nós temos um pós-venda que explica para o restaurante que o que ele precisa fazer para performar melhor. Mas são 66 mil restaurantes cadastrados e não temos 66 mil pessoas para cuidar de cada restaurante. O que a gente faz é, por meio de dados preditivos, encontrar os restaurantes que estão performando melhor, de acordo com um perfil, para usá-lo como bench para que o sistema aprenda e comece a ensinar outros restarantes a entregar melhor no delivery. O próprio sistema vai identificando oportunidades de melhoria. Outro exemplo é a parte operacional de entrega, para o entregador chegar no restaurante quando a comida está pronta. Hoje, o entregador fica um tempo parado aguardando a comida ser feita. Com a Inteligência Artificial a gente já consegue testar um tempo melhor para o entregador chegar quando a comida estiver praticamente pronta, e assim ele fica menos tempo parado. E o restaurante também se beneficia porque a comida sai numa temperatura adequada. A gente impacta a experiência de todo mundo com inteligência artificial.
M+T: Quanto é importante de vocês manterem a lógica de startup dentro da empresa?
NZ: Todas as áreas de negócios que surgiram de um ano para cá no iFood, tudo isso surgiu a partir dessa lógica, do “intraempreendedorismo”. A gente comprou uma startup que trabalhava com marcas premium (Spoon Rocket) e aí virou uma startup dentro do iFood e conseguimos com isso desmistificar que o delivery era uma comida de baixa qualidade e ticket médio baixo. O iFood Shop (que conecta restaurantes a fornecedores) nasceu de uma teoria: se a gente for um parceiro ideal, não apenas de negócio comercial, se a gente entregar além do esperado e gerando uma economia, será que vai funcionar? Você vai fazendo testes que viram áreas de negócios ou produtos dentro da própria empresa.
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Foto: Matheus Campos/Amcham Brasil