Sempre que se fala em 5G, a indústria 4.0 vem a reboque. E vice e versa. E não é sem motivo, pois a nova geração de conectividade surgiu justamente da necessidade de habilitar aplicações computacionais para tornar a indústria mais autônoma. Em resumo, foi o que explicou Alexandre Gomes, diretor de marketing da Embratel, durante palestra na Rio Oil&Gas, realizada em setembro, no Rio de Janeiro. Alexandre Gomes comentou o histórico desse caminho, que nasceu na Alemanha e teve registros de testes ainda na década de 1980 nos EUA, dando bases para o avanço de uma experiência de comunicação sem precedentes na história humana.
Em 2011, observou-se na Alemanha que, para ter um robô cognitivo, realmente autônomo, seria necessária 1 tonelada de processadores e 1KW de energia. Para isso, entenderam a necessidade de migrar a “inteligência” (IA) para a nuvem e, dada a baixa latência necessária, demandaram da indústria de telecomunicações o desenvolvimento de uma rede de melhor qualidade, capaz de prover e compartilhar essa infraestrutura. A ideia foi desenvolver uma rede que permitisse a extensão sensorial ampliando a comunicação entre HxH, HxM e MxM; bem como a autolibertação na indústria. “Surge assim o caminho para o 5G, com o propósito de habilitar a infraestrutura digital que, somada às tecnologias emergentes – como inteligência artificial, internet das coisas, big data analytics, edge computing – permitirá as aplicações da indústria inteligente”, explicou Alexandre Gomes.
Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial, publicado em 2016, confirma a Alemanha como a provocadora para o desenvolvimento da 4ª Revolução Industrial. “A quarta mudança [industrial] traz consigo uma tendência à automação total das fábricas. Seu nome vem, na verdade, de um projeto de estratégia de alta tecnologia do governo da Alemanha, trabalhado desde 2013 para levar a sua produção a uma independência total da obra humana”, escreveu Schwab.
Como comentado por Alexandre, o grande salto que alavancará esta revolução virá pelos sistemas ciber físicos (Cyber Physical Systems), que são integrações que envolvem computação, comunicação e controle através de redes e processos físicos e seguros. “E os pilares deste sistema ciber físico são: big data e analytics, realidade aumentada, manufatura aditivada, nuvem, segurança cibernética, internet industrial, integração de sistemas, simulação e robôs”, detalhou o especialista da Embratel, acrescentando que, por intermédio desses sistemas, as empresas terão a capacidade de representar a realidade do mundo físico em ambientes digitais.
O 5G habilitando a Indústria 4.0
As tecnologias digitais, fundamentadas no computador, software e redes, representam o salto que permitiu a 3ª Revolução Industrial. No entanto, a velocidade de sua aplicação e evolução estão causando rupturas à terceira revolução e estão transformando a sociedade e a economia global. “Ou seja, estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos”, disse Gomes.
Já em 2018, como destacou ele, Li Shengmao criou o que chamou de Modelos de Necessidades de Comunicação, apontando que “depois que o telefone celular revolveu as necessidades gerais entre as pessoas, os sistemas básicos de comunicação não podem mais satisfazer as necessidades de comunicação do homem”, disse. “Nesse sentido, ele ainda escreveu que “informações abundantes, comunicações massivas e capacidade mais inteligente tornam-se as direções futuras”, completou.
Segundo Alexandre Gomes, o 5G com suas características funcionais – como velocidade, baixa latência, alta dispersão de dispositivos conectados por quilômetro quadrado, disponibilidade e segurança – entregará a infraestrutura digital habilitadora que, somada às tecnologias emergentes como inteligência artificial, internet das coisas, machine learning, big data analytics, edge computing – permitirá não só a entrega dos casos de uso para a indústria, como também o desenvolvimento de novos modelos de negócios.
“Entre os casos de uso podemos citar os gêmeos digitais, a transposição do mundo físico para o digital, a realidade mista em treinamentos e execuções em campo, a automação em tempo real, o monitoramento de ativos, o controle de equipamentos em campo entre outros”, destacou.
O papel do habilitador de tecnologia
“As empresas sabem o que fazer para serem bem-sucedidas e o nosso papel [como habilitadora] é tornar possível e mais fácil para as empresas alcançarem seus objetivos. Isso é o que nos mantém sintonizados com as melhorias e avanços tecnológicos e o que motiva a nossa equipe”, disse Alexandre Gomes.
Ele explicou ainda que o propósito da Embratel como habilitadora digital é ser a parceira tecnológica que apoia e habilita as empresas, de forma prática, para o próximo nível de transformação e inovação. “A habilitadora cuida da orquestração do seu ecossistema, transformando a sua relação com clientes, colaboradores e fornecedores”, concluiu.