Algumas horas após o encerramento da votação no último domingo (28), os brasileiros já conheciam o nome do novo presidente da República. Para um país de dimensões continentais e mais de 147 milhões de eleitores, isso está longe de ser considerado pouca coisa. Na base desse processo, uma complexa engrenagem tecnológica sustenta a captação, a transmissão e apuração dos votos desde 1996, ano em que um terço do eleitorado da época foi às urnas confirmar sua opção eletronicamente.
O sistema eleitoral do Brasil é reconhecidamente um dos mais eficientes, abrangentes e seguros do mundo. Não é raro o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abrir suas portas para comitivas técnicas internacionais interessadas em nosso modelo. Neste ano tivemos uma novidade: a Missão de Observação Eleitoral (MOE) da Organização dos Estados Americanos (OEA) acompanhou a apuração dos votos durante o primeiro turno e atestou, como já era esperado, a credibilidade das urnas.
A Justiça Eleitoral utiliza soluções de ponta em segurança da informação – como criptografia, assinatura digital e resumo digital – para garantir resultados acima de qualquer suspeita. As urnas eletrônicas, muitas vezes questionadas por toda a sorte de boatos, nem mesmo são conectadas à internet, o que inviabiliza ataques de hackers e robôs. A mesma abordagem é aplicada à transmissão dos votos, realizada a partir de um superpendrive, por meio de uma rede privada, o chamado link dedicado.
Parceira do TSE já em 1989, quando o Brasil voltava de maneira histórica a realizar eleições diretas para presidente, a Embratel disponibiliza e garante o funcionamento dessa rede privada, sem oscilações ou interrupções.
“Trata-se de uma solução altamente confiável para a troca de grande massa de dados entre dois pontos. Esse tipo de serviço é essencial para servir órgãos públicos e empresas que precisam de agilidade e confiabilidade total no processo de comunicação”, diz Maria Teresa de Azevedo Lima, Diretora Executiva de Vendas para Governo da Embratel.
Além do TSE, a Embratel é parceira de TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) de onze estados,
como São Paulo e Amazonas, e o Distrito Federal. Nesses órgãos, além de rede, a empresa atua oferecendo diferentes inovações tecnológicas. Para o Tribunal Superior Eleitoral, por exemplo, oferece o serviço de anti-DDoS, que impede uma queda da rede devido a um ataque malicioso de tráfego intenso, feito por hackers para promover instabilidade.
Na Embratel, o trabalho começa muitos meses antes do dia da votação, com o mapeamento das redes e a antecipação de possíveis demandas técnicas. Já durante o período de apuração, nenhum movimento estrutural é planejado ou atendido, tudo para que o comprometimento da infraestrutura seja exclusivo.
Da mesma forma, a empresa faz uma interface com prestadoras de serviço, como gás e energia, para que estas não realizem serviços de manutenção que possam prejudicar as transmissões de votos.
A cobertura móvel em torno do TSE e TREs também ganha reforço, por conta de profissionais como jornalistas e fotógrafos, que precisam de agilidade para transmitir dados e informações.
“Mobilizamos pelo menos 200 funcionários, que trabalham totalmente dedicados à eleição.
Só descansamos quando o último voto é computado. A equipe costuma comemorar quando tudo acaba, nos sentimos muito orgulhosos de participar desse momento tão fundamental ao país”, conta Maria Teresa.
ORGULHO NACIONAL
A intenção de facilitar a vida do eleitor é antiga. Para se ter ideia, o Código Eleitoral já mencionava o uso das “máquinas de votar” em 1932. Mas foi somente em 1989 que os cidadãos de Brusque (SC) escolheram seus candidatos pela primeira vez utilizando um computador, em caráter experimental. Cinco anos depois, em 1994, o TSE estreava o processamento eletrônico dos resultados nas eleições gerais – ocasião em que o nome do presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, foi anunciado por volta das 23h do próprio dia da votação.
A partir de 1995, a urna eletrônica conforme conhecemos hoje começou a ganhar forma. Para os técnicos, o computador não era uma plataforma suficientemente segura, por isso se concentraram na construção de um equipamento com usabilidade simples e protegido por diversos requisitos de segurança. Em 1996, um ano depois de o protótipo ter sido apresentado ao TSE pelo TRE de Minas Gerais, pelo menos 32 milhões de brasileiros (um terço do eleitorado da época) já compareceram às mais de 70 mil urnas eletrônicas.
De acordo com o Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional), 35 países já utilizam sistemas eletrônicos para captação e apuração de votos. A lista inclui Suíça, Canadá, Austrália e parte dos Estados Unidos. Entre eles, o Brasil é um dos poucos que oferece acesso a quase totalidade dos seus eleitores.
Publicado em: Valor Econômico - 31/10/2018