Principais destaques:
– Campus Party Brasil mostra a importância dos dados no terceiro dia do evento;
– Evento teve mais de mil horas de atividades;
– Descentralização da nuvem é uma opção para a segurança e privacidade dos dados;
– Case “Robô Laura” mostra exemplo de utilização de machine learning na área da saúde;
– Computação sem servidor traz agilidade e escalabilidade para as empresas.
A 12º edição da Campus Party Brasil chegou ao fim no último fim de semana. Com mais de mil horas de atividades, a feira trouxe uma imersão tecnológica em internet das coisas, blockchain, cultura maker, educação e empreendedorismo.
Nas apresentações que o Mundo + Tech acompanhou na sexta-feira (15) — o terceiro dia do evento —, a palavra de ordem foi “dados”. Os palestrantes deram ênfase à influência dos dados nas tomadas de decisões, ao seu protagonismo no desenvolvimento de novas tecnologias e ao desafio de encontrar soluções para garantir a privacidade e segurança daquilo que é gerado e coletado.
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Confira um resumo do que foi destaque no terceiro dia da Campus Party Brasil:
Cientista de Dados
“A profissão de cientista de dados é algo ainda novo no Brasil e exige um perfil analítico e habilidades multidisciplinares”, resumiu Rogério Santana, um dos fundadores da Minerando Dados, uma plataforma que oferece cursos sobre ciência de dados. Segundo o palestrante, o profissional irá combinar métodos de diversas áreas como matemática, estatística e computação “para manipular, analisar e extrair valor dos dados.”
Para isso, ele dá um conselho para quem pensa em seguir carreira como cientista de dados: aprenda diferentes tipos de linguagens, como Python, R, SQL e Java. “É preciso ter paciência. A profissão exige refazer diversos passos do processo de aprendizagem para validar se a máquina será capaz de resolver as dores apontadas pela empresa”, explicou Santana.
#robolaura
Em sua palestra, Rodrigo Santana também apresentou o case Sonho de Laura, que mostra como o machine learning pode apoiar os profissionais da saúde. O idealizador do projeto foi Jacson Luiz Fressato, que em 2010 perdeu a filha Laura, com 18 dias de vida, em decorrência de sepse (infecção generalizada) — neste vídeo ele conta um pouco da história.
Após identificar que a infecção poderia ter sido evitada, Fressato teve a ideia de criar uma tecnologia que pudesse ajudar médicos e enfermeiros a chegar ao diagnóstico de sepse mais rapidamente e, assim, diminuir os casos de óbitos. “Já fizemos o monitoramento de mais de 1,2 milhão de pacientes e conseguimos reduzir a mortalidade, por sepse grave, de 30% para 22%”, disse Cristian Rocha, especialista em inteligência artificial e apoiador do projeto, em entrevista à revista Galileu.
O futuro dos dados
A privacidade será um tema ainda mais em pauta com a Lei Geral de Proteção dos Dados. “Mas quem gera os dados? Quem são os donos desses dados?”, questionou Frank Karlitschek, criador do Nextcloud, uma plataforma de armazenamento e sincronização de dados, e entusiasta da privacidade.
Durante sua passagem pela Campus Party Brasil, ele defendeu a descentralização da nuvem. “Não é bom para a independência, para a privacidade e para segurança dos usuários e de uma empresa quando a nuvem está em poder de um controlador”, afirmou.
A descentralização como visão de futuro dos dados pode ser exemplificada na tentativa da Microsoft em dar, a cada pessoa, o poder dela decidir o que fazer com seus dados. Segundo o site Inc., rumores indicam que a empresa esteja criando nos bastidores um projeto para que o usuário diga às empresas que ele aceita publicidade direcionada, desde que elas paguem um preço por isso.
A vez da computação sem servidor
A computação sem servidor (ou serverless) começa a atrair atenção das empresas. Embora o formato esteja presente em apenas 5% das organizações, a expectativa é que 20% delas implementem esse modelo até 2020, segundo previsões da consultoria Gartner.
Rafael Barbosa, engenheiro de dados e especialista em serverless, explicou que o investimento nessa tecnologia traz benefícios aos negócios de uma empresa: “ela traz agilidade na criação de soluções, maior escalabilidade e um modelo de cobrança disruptivo.”
Barbosa afirmou que as empresas podem ver o serverless computing como XaaS (sigla em inglês para “tudo como serviço”), em que os produtos, ferramentas e tecnologias podem ser transformados em serviços para o consumo corporativo.
O grande desafio, segundo o especialista, é em relação à mão de obra. “A gente sabe que o profissional que dominar minimamente o serverless computing é capaz de construir a infraestrutura inteira sozinho. Mas é uma solução nova e muitos profissionais não têm olhado para ela”, finalizou Barbosa.