O conceito de cidade inteligente é amplo, na opinião de especialistas sobre tecnologia em cidades conectadas presentes no evento Connected Smart Cities & Mobility 2022, realizado nesta semana em São Paulo e com cobertura do Próximo Nível. Independente disso, contudo, as cidades precisam saber onde querem chegar com a aplicação do recurso. E uma das escolhas diz respeito ao tipo de dispositivos de Internet das Coisas (IoT) que vão adotar, como avaliou Conrado Moraes, especialista da Khomp. Ele argumentou que a medição de parâmetros das cidades pode melhorar a gestão e reduzir custos nas cidades.
“A IoT bem aplicada envolve definir aplicações que a cidade realmente precisa. Tudo pode ser medido, como a qualidade do ar ou índices pluviométricos, mas o objetivo a médio ou longo prazo é melhorar a gestão”, disse.
De acordo com Moraes, o uso de dispositivos de IoT também envolve planejamento como a presença de fontes de energia nos locais onde eles serão ativados. Em cidades serranas, por exemplo, o índice de chuvas pode ser importante para antecipar ações de combate a deslizamento de terras.
Outra consideração é a respeito do tipo de ambiente a ser monitorado: regiões urbanas ou locais distantes vão envolver tecnologias de comunicação diferentes. A escolha pode envolver redes tradicionais, como o 4G ou padrões de LoRaWAN, que são redes que permitem a comunicação entre “coisas” em grandes distâncias e com baixo custo e pouco tráfego de dados. “Não descartamos nenhuma tecnologia, pois geralmente a informação pode ser rápida e demandar pouco tráfego de dados”, informou.
Moraes destacou que o 5G poderá melhorar o uso do IoT para aplicações envolvendo mobilidade urbana, com dados em tempo real que serão úteis na gestão de serviços. A definição de uso de protocolos abertos ou privados é outro ponto de atenção, pois pode significar uma barreira, principalmente se os contratos de concessão de serviços envolverem editais que especifiquem a obrigatoriedade de padrões.
“As cidades inteligentes envolvem muita tecnologia e muitos dispositivos e as prefeituras precisam se preocupar em fazer a gestão e usar os dados em benefício da população”, explicou.
IoT independe do tamanho das cidades inteligentes
Entre os usos do IoT na prática, Moraes listou o da iluminação pública, onde a tecnologia permite controles como o de modulação da luz de cada luminária instalada ou a otimização do uso delas, de acordo com o nível de luminosidade do dia.
O monitoramento do clima é outro recurso importante, e haverá casos em que os índices de umidade serão mais relevantes do que os dados sobre pluviometria.
A aplicação também não depende do tamanho da cidade ou da complexidade. O especialista ressaltou o caso de uma cidade do interior de São Paulo (não pode citá-la por questões de contrato) que usa o IoT para o controle de consumo de água. A adoção da tecnologia permitiu que a prefeitura local fizesse uma gestão melhor, inclusive identificando perdas do sistema e reduzindo as contas dos habitantes.
Jonny Doin, fundador e CEO da GridVortex e da Spin Soluções Públicas Inteligentes, destacou outro aspecto importante da IoT aplicada em projeto de cidade inteligente: a segurança cibernética.
Já Adriana Flosi, secretária de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Campinas (SP), lembrou que a cidade paulista tem tido iniciativas para reforçar o ambiente de inovação, como a contratação diferenciada de startups. O processo envolveu uma legislação local e o atendimento dos padrões jurídicos da gestão pública.
Adriana também reforçou o perfil de hub de alta tecnologia de Campinas e o papel da IMA, empresa municipal de tecnologia, como agente de avaliação de potenciais startups que possam atender projetos de cidades inteligentes. “Na administração pública, o trem da adoção do IoT já partiu, mas ativar milhares de dispositivos têm um custo que precisa ser levado em conta”, finalizou Doin, lembrando que a tecnologia é dinâmica e que muitos ajustes serão feitos em movimento.