Como cientistas conseguiram transformar sinais cerebrais da fala em frases escritas

Como cientistas conseguiram transformar sinais cerebrais da fala em frases escritas

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Mapeamento das atividades cerebrais permitiu que pesquisadores ingleses criassem modelos computacionais para traduzir sinais em textos.



Por Redação em 05/08/2019

Mapeamento das atividades cerebrais permitiu que pesquisadores ingleses criassem modelos computacionais para traduzir sinais em textos

Principais destaques:

  • Cientistas desenvolveram software que traduz sinais cerebrais em frases escritas;
  • Objetivo é facilitar a comunicação de pessoas com graves deficiências;
  • Projeto teve participação de pacientes com epilepsia, que tiveram atividades cerebrais mapeadas;
  • Pesquisadores esperam ampliar vocabulário do software no futuro.

Cientistas da Universidade da Califórnia (Estados Unidos) anunciaram um projeto que pode impactar positivamente pessoas com graves deficiências: um software capaz de decodificar sinais cerebrais da fala e transformá-los em frases escritas.

A pesquisa, publicada na revista científica Nature (em inglês), procurou desenvolver um produto que permita com que pessoas paralisadas se comuniquem com maior fluidez. Atualmente, os dispositivos para esse público criam um teclado virtual controlado por movimentos dos olhos e contrações musculares.

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Como afirma o site do jornal inglês The Guardian, o software de leitura ainda está nos estágios iniciais e funciona apenas com certas frases que podem ser treinadas. Mesmo assim, os cientistas esperam desenvolver um sistema mais poderoso no futuro.

“Até o momento, não há um sistema de próteses de fala que permita aos usuários ter interações em escala de tempo tão rápidas quanto as de uma conversa humana”, disse Edward Chang, neurocirurgião e principal pesquisador do estudo, em entrevista ao The Guardian.

Como o software foi desenvolvido?

O projeto contou com a participação de três pacientes diagnosticados com epilepsia e que iriam realizar uma neurocirurgia. Antes das operações, um pequeno pedaço de eletrodos foi implantado diretamente no cérebro para mapear, durante uma semana, a origem das convulsões.

Os três pacientes autorizaram Chang a registrar todas as atividades cerebrais. Cada um deles recebeu duas listas: uma com nove perguntas e outra com 24 possíveis respostas para ler.

Isso permitiu à equipe criar modelos computacionais que aprenderam a combinar os padrões específicos da atividade cerebral para as respectivas perguntas e respostas lidas por esses pacientes.

O resultado foi um software com precisão de 76% (para qual pergunta o paciente ouviu) e 61% (para qual resposta o paciente deu) na identificação de perguntas e respostas somente com os sinais cerebrais emitidos por esses pacientes.

O que esperar desse software no futuro?

Um dos desafios é melhorar o software para que ele consiga traduzir os sinais cerebrais em uma maior variedade de palavras em tempo real. Os pesquisadores afirmam que isso vai exigir uma vasta quantidade de linguagem falada e dados de sinais cerebrais correspondentes, que podem variar de acordo com o paciente, para treinar os algoritmos.

Nesse primeiro momento, o estudo foi realizado com um vocabulário muito limitado, mas os cientistas esperam aumentar a flexibilidade e a precisão do que pode ser traduzido pelo software.

Outro ponto é se a transcrição dos sinais cerebrais em texto não irá revelar, sem intenção, pensamentos particulares das pessoas. A importância de debater as questões éticas do projeto foi sugerida por Winston Chiong, neuroético da Universidade da Califórnia (Estados Unidos).

Para Edward Chang, isso seria virtualmente impossível. “Não tenho interesse em desenvolver uma tecnologia para descobrir o que pessoas estão pensando, mesmo se fosse possível”. Ele finaliza comentando que “se alguém quer se comunicar e não pode, acho que temos a responsabilidade, como cientistas e clínicos, de restaurar a habilidade humana mais fundamental.”



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