Líderes de TI conversaram com o site CIO.com sobre como transformar os sistemas legados de TI em ativos digitais.
Toda empresa quer ser ágil e responsiva. Ainda mais com a transformação digital impulsionada pela pandemia de COVID-19. Apesar da computação em nuvem ter sido a tecnologia-chave para esta jornada, teve quem encarou — ou encara — um outro desafio: os sistemas legados de TI.
Ao mesmo tempo que as organizações querem se adaptar às dinâmicas de negócios para gerar receita, elas precisam de um plano estratégico para modernizar as aplicações legadas. Porém, como isso pode ser feito quando se está nos estágios iniciais de modernização?
A pesquisa “The State of IT Modernization 2020” do IDG, de março deste ano, mostrou que 26% das organizações entrevistas estão nesta fase, dando seus primeiros passos para modernizar a TI. Já 19% disseram ter feito um progresso moderado dessa jornada.
Mas, por que essa “atualização” da TI é necessária?
Para CIOs ouvidos na pesquisa “The State of Modern Applications in the Enterprise” da provedora de nuvem Ahead, modernizar a TI é visto como algo crítico por diversos motivos. Entre eles:
- Para fornecer software de melhor qualidade e rapidez.
- Para executar as soluções de TI com maior controle e insights.
- Para integrar mais segurança ao ecossistema.
- Para atender mais rapidamente às necessidades do mercado.
Se a sua empresa encontra-se neste momento, o site CIO.com conversou com alguns executivos de TI e eles listaram algumas dicas do que é necessário para atualizar os sistemas legados de TI. Confira.
1. Saiba quais são os sistemas legados de TI que você tem
Seu time de TI tem um inventário preciso de todas as tecnologias em execução e quais processos de negócios da sua empresa elas suportam? Ter tudo isso mapeado é essencial na construção de uma estratégia de modernização bem-sucedida.
Você pode até pensar que isso é óbvio, mas a realidade é que CIO e gerentes de TI não têm uma visão completa de todos os sistemas legados de TI e as “funções” que eles realizam no dia a dia de uma organização.
“Sem isso, você gastará muito dinheiro e terá muito pouco para mostrar no final do dia”, disse Thomas Klinect, diretor sênior e analista da Gartner, empresa de consultoria e pesquisa de tecnologia.
Klinect acrescenta ainda que, mesmo um CIO catalogando adequadamente os sistemas de TI, há chances desse executivo não compreender bem os processos que essas aplicações executam. O motivo é que esse C-Level nem sempre sabe como é o “fluxo de dados do início ao fim.”
O conselho do executivo da Gartner é investir em ferramentas de análise de complexidade empresarial. Assim, a área de TI consegue entender como os dados fluem por toda a organização, possibilitando a criação de uma estratégia de modernização baseada nessa análise. “Essa é realmente a chave. É isso que reduz o risco de falha”, acrescentou.
2. Priorize projetos com base no valor de negócio
Você identificou uma lista de sistemas que precisam de uma atualização. Então, por onde começar?
Para Klinect, a modernização da TI é como ferver um oceano. “Você não sabe o que está lá, mas o que quer que esteja procurando, está lá e vamos ferver até encontrarmos. Mas a modernização dos negócios é como ferver água em uma xícara de chá.”
Por isso, modernizar uma infraestrutura ou aplicação deve acontecer com base na estratégia de negócio da sua companhia. Ou seja, o que deve ser modernizado é aquilo que irá trazer ganhos tangíveis.
3. Calcule o Custo Total de Propriedade (TCO)
O Custo Total de Propriedade (TCO, na sigla em inglês para Total Cost of Ownership) é o cálculo de todos os custos envolvendo a aquisição e o uso de um produto ou serviço. A ideia é que, com o TCO, uma empresa consiga identificar se o investimento vale ou não a pena.
Na opinião de Diane Carco, presidente e CEO da Swingtide, empresa de consultoria de gestão, os CIOs devem calcular o TCO dos sistemas legados e usar essa métrica para ajudar a definir prioridades de modernização.
A executiva citou como exemplo um cliente que utilizava um sistema financeiro legado. A aplicação era usada para uma única função e tinha um gasto anual de US$ 150 mil. Isso levou à modernização do sistema.
Por outro lado, outros clientes de Carco calcularam o TCO de sistemas legados de TI considerando os custos associados aos riscos de segurança. Ao perceberem que a necessidade de suporte e os riscos eram mínimos, a modernização caiu na lista de prioridades.
4. Crie um roteiro de modernização apoiado pelo time de negócios
É o que indica Michael Spiers, diretor do The Hackett Group, empresa de gerenciamento de serviços de TI. Para ele, CIOs devem se articular para que o time de negócios apoie a modernização dos sistemas legados de TI.
Uma sugestão de roteiro é apresentar o projeto de modernização e os custos associados a ele de maneira que a área de negócios consiga identificar o valor que a tecnologia atualizada trará para a empresa.
Spiers destaca ainda expor dois benefícios comerciais que uma tecnologia atualizada terá: menor tempo de lançamento no mercado e recursos adicionais para os clientes.
“Você precisa ser capaz de articular o motivo comercial para isso, porque a modernização pela modernização é uma proposta perdida para os CIOs”, diz ele. “Portanto, concentre-se nos resultados de negócios que você está gerando. E se o mercado mudar, você tem a capacidade de mudar a sequência de projetos e ajustar o roteiro”, aconselhou.
5. Faça uma abordagem incremental
Muitos líderes de TI podem achar que modernizar os sistemas é remover e substituir. Isso pode gerar um certo receio e medo de possíveis falhas. Porém, na opinião de Meerah Rajavel, CIO da Citrix, companhia norte-americana de software, uma “abordagem incremental” pode funcionar.
Uma abordagem incremental seria uma melhoria contínua, em que pequenas entregas são feitas para atualizar os sistemas legados. “Se você tentar mover a montanha, não saberá tudo o que precisa saber para movê-la quando começar. É uma meta impossível e há muitos riscos. A execução deve ser iterativa e, quando for, o negócio obtém valor ao longo do caminho”, contou.
Quando ela precisou modernizar a plataforma de vendas da empresa, Rajavel e sua equipe atuaram com os líderes de vendas e marketing para determinar as prioridades do projeto. Em seguida, traçaram estratégias sobre como entregá-las, enquanto avaliavam os próximos passos para deixar a aplicação totalmente atualizada.
6. Mas elimine o sistema se for uma opção viável
Essa opção geralmente acontece quando uma empresa acumula sistemas com recursos sobrepostos. Por exemplo, quando a áreas de marketing e de vendas possuem suas próprias tecnologias ou usam diversos fornecedores para lidar com funções críticas de negócios.
“Às vezes, a TI sente que a empresa pediu algo, então ela tem que entregar e manter. A TI deve ter autonomia suficiente para perguntar: isso ainda oferece um valor maior do que os custos?”, comentou Carco, da Swingtide.
Quando esses sistemas são mapeados, uma companhia pode eliminar um ou outro, reduzindo a complexidade tecnológica e economizando recursos. Para Carco, isso é importante, uma vez que o dinheiro e esforço podem ser redirecionados para outros projetos de modernização e inovação.
Os sistemas devem ser vistos como produtos
A modernização de sistemas legados de TI não pode ser vista como uma iniciativa com data para começar e terminar. Na verdade, é preciso encará-la como um produto, em que sempre há possibilidade de melhoria contínua.
Até porque, a tecnologia tem evoluído numa velocidade muito rápida. Então, provavelmente uma aplicação que foi desenvolvida ontem precisará ser aprimorada amanhã.
Construir uma estratégia de modernização com a melhoria contínua em mente deve se tornar uma prioridade. “A modernização não é um ponto no tempo; não é um esforço pontual, é contínuo”, opinou Chakravarty, da Verizon.
Principais destaques desta matéria
- Muitas empresas ainda possuem sistemas legados de TI.
- Porém, com pandemia de COVID-19, muitas precisaram atualizar suas aplicações para atender às demandas de negócios.
- Líderes de TI contaram ao site CIO.com algumas dicas de como iniciar uma estratégia para modernizar a TI.