Os clientes de bancos não entendem o que é o open finance e têm pouca percepção dos benefícios que o sistema traz. Essa é uma das conclusões da 2ª edição do Open Finance Maturity Index Brasil 2024. O estudo da consultoria Capgemini aponta que, embora os números de consentimento de brasileiros sejam altos, a falta de percepção de valor pode diminuir a adesão ao open finance no Brasil.
O levantamento mostra ainda que os bancos conquistaram 43,85 milhões de consentimentos ativos, sendo que 29,3 milhões são clientes únicos. Considerando que 190 milhões de brasileiros possuíam conta corrente em 2022, conforme mostram números do Banco Central, cerca de 15% dos clientes aderiram ao open banking.
Entre os desafios para aumentar a adesão estão a alta regulamentação, a falta de uma revisão da forma de apresentar o open finance e a ausência de ofertas de soluções. O relatório mostra que o setor erra ao não apresentar o sistema como um solucionador de problemas e sim como apenas uma forma de compartilhar dados entre bancos. Também é preciso otimizar soluções existentes ao invés de lançar novas, segundo os especialistas.
Ainda há o obstáculo do uso efetivo do open finance, que apresentou taxa de conversão de 43% em abril de 2024. O relatório destaca como possíveis motivos a imaturidade dos participantes e a forma como os bancos mostram as funções que a tecnologia oferece. A maturidade do consumidor brasileiro é baixa: em uma escala de zero a 10, a nota em 2024 foi de 4,7, menor até que a de 2023 (5,34). O principal motivo para a queda é a falta de confiança nas instituições financeiras.
Empresas também estão aquém do esperado
A evolução das empresas também está devagar. Na comparação com o estudo de 2023, o número de empresas com algum produto de open banking (63%) cresceu em apenas cinco pontos percentuais. 23% das organizações ainda estão desenvolvendo sua solução e 7% discutem o tema internamente (algo que representava 14% em 2023).
A velocidade da evolução do open finance também frustrou os pesquisadores da Capgemini, que esperavam o começo de uma jornada de inovação este ano, antecipando discussões sobre Open Data e banco como serviço (BaaS, na sigla em inglês). No entanto, o setor ainda está travado na regulamentação, atrasando a transformação dos serviços financeiros.
Mais da metade (53%) das empresas entrevistadas afirmam que estão investindo mais em temas relacionados ao open finance em 2024 do que no ano passado, algo que pode aumentar a adesão e as transações pelo sistema. As questões regulatórias também já não parecem ser um problema tão grande para as empresas do setor financeiro, visto que 60% conseguem acompanhar os prazos, enquanto menos da metade apontam ser uma barreira. O estudo ainda mostra uma distribuição mais igualitária entre desenvolvimento de soluções, tecnologia, segurança da informação e gestão de dados.
Quase um terço (32%) dos bancos estão em fase de rentabilização do open finance, um aumento de cinco pontos percentuais. Os fatores de rentabilização analisados pelo estudo foram o aumento da comunicação interna e para o mercado, a prioridade dentro da empresa, a existência de metas de desempenho e novas fontes de receitas, que aumentaram de 54% para 63%. Quem sai na frente são as fintechs e os neobanks, onde 59% já rentabilizam.
O que o open finance já trouxe
Entre os principais benefícios apresentados pelo open finance está a adição de R$ 700 milhões em limite de crédito para os clientes e a economia de R$ 6,4 milhões com o pagamento de juros de cheque especial.
Já para os bancos, a expectativa de 52% é de que o open finance abra novas fontes de receita. Outra vantagem esperada é a fidelização de clientes (42%) e o aumento da base (40%).
A pesquisa entrevistou com profundidade 30 executivos e especialistas no open finance brasileiro. Adicionalmente, foram ouvidos outros 286 representantes de empresas que participam do open finance. Foram ouvidos 918 consumidores finais com contas bancárias, divididos entre todas as regiões do País.
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