Com foco no aprimoramento da experiência do usuário, a aplicação da inteligência artificial deve se tornar cada vez mais indispensável para o setor de telecom e a consequente melhoria da conectividade no Brasil e no mundo. Isto porquê as empresas envolvidas no tema enxergam no setor um verdadeiro laboratório de oportunidades para liderar a jornada de inovação. Do outro lado, contudo, a regulamentação e a aplicação ética e segura da IA – bem como a capacitação dos colaboradores ainda são desafios.
O tema foi debatido por executivos de Claro, Vivo, MCTI e Qualcomm durante o Painel Tele Brasil 2024.
Para o CDO da Claro, Rodrigo Duclos, a capacitação adequada e o interesse dos colaboradores em aderir às novas ondas trazidas pela inteligência artificial generativa são questões que precisam receber um olhar especial. Na visão dele, a IA é como uma ferramenta essencial à cultura do setor e das empresas.
Duclos destacou a necessidade de experimentar e liderar a adoção de novas tecnologias, enfrentando desafios como a ética e a privacidade. “Somos um grande laboratório. Aplicar é fundamental para lidar com essas questões. O grande desafio é como engajar e usar, descobrir e compartilhar o que não funciona. Precisamos reconhecer que ninguém sabe tudo. O device, em si, vai ter um papel importante, mas não é o principal dilema do mercado.”, disse, vendo a IA generativa como uma força criativa e transformadora nas organizações.
Já a CIO da VIVO, Denise Inaba, pontuou a dualidade do uso da IA nas operações da operadora, enfatizando seu impacto tanto no atendimento ao cliente quanto na eficiência interna. “O cliente é atendido mais rápido, com mais precisão”, disse. Na via contrária, ela destacou a importância de fomentar o uso responsável e seguro da IA, juntamente com a capacitação contínua dos colaboradores.
Regulação
O Secretário para a Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Henrique Miguel, enfatizou a importância de investir em infraestrutura e capacitação de recursos humanos. Ele também destacou a soberania de dados e a segurança cibernética como prioridades do governo federal. “Do lado do governo, a soberania de dados e a estruturação e segurança cibernética são questões muito debatidas em iniciativas que demandarão esforços de todos nós na expansão da IA. Temos uma longa jornada pela frente, mas estamos investindo significativamente”, disse.
O head da Qualcomm no Brasil, Diego Aguiar, considerou que a influência dos novos dispositivos que emergem com a IA evidencia o papel da conectividade na integração dessas tecnologias. Para ele, o uso da IA no setor representa não apenas um facilitador técnico, mas também um motor de inovação com a introdução dos diversos devices trazidos pela IA com soluções em conectividade.
De maneira geral, os especialistas concordaram que apesar dos desafios éticos e regulatórios, a inteligência artificial – especialmente na sua forma generativa – representa uma oportunidade sem precedentes de reinventar a experiência do usuário e as operações das empresas de telecomunicações.
As empresas do setor também demonstraram que devem assumir a liderança dessa transformação, explorando novas possibilidades enquanto garantem que a adoção das tecnologias seja feita de maneira ética e segura.