Durante o Web Summit Rio, já virou clichê entre os participantes o fato de que nove entre dez palestras estão falando de Inteligência Artificial Generativa. Embora o tema esteja quente, o melhor aproveitamento dessa tecnologia exige que as empresas – de logística e outras – dêem um passo atrás. “Se uma companhia não tem um data warehouse, se não sabe qual tecnologia usa para isso, a Inteligência Artificial não é para elas.” A afirmação é do CEO da Cobli, Parker Treacy, que participou do painel “How is tech transforming logistics?”, no último dia do Web Summit Rio.
Um data warehouse é um repositório central de informações que podem ser analisadas para tomar decisões mais adequadas. Os dados fluem de sistemas transacionais, bancos de dados relacionais e de outras fontes para o data warehouse, normalmente com uma cadência regular. Analistas de negócios, engenheiros de dados, cientistas de dados e tomadores de decisões acessam esses registros por meio de ferramentas de inteligência de negócios (BI), clientes SQL e outros aplicativos de análise.
Nesse sentido, o desafio é ter os meios de obter informações básicas para a tomada de decisões baseadas em informações reais. “O que estou tentando resolver, por exemplo, é o problema de quando um cliente entra em contato, eu ter todos os dados necessários à mão”, afirmou.
A Cobli é uma plataforma de gestão de frotas presente em todos os estados do país. A empresa usa tecnologias de ponta como IoT, inteligência artificial, big data e videotelemetria para tornar esse tipo de operação mais eficiente.
O setor de logística tem sido fortemente influenciado por tecnologias que visam aumentar a eficiência, a agilidade e a segurança no processo. Algumas das principais iniciativas incluem sistemas de rastreamento de carga em tempo real, roteirização automática, drones e robôs para entregas urbanas, sistemas de gerenciamento de frota, dispositivos móveis para os motoristas, e-commerce, inteligência artificial e machine learning para análise de dados e otimização de rotas.
Essas tecnologias têm transformado a forma como as remessas de mercadorias são realizadas, permitindo uma maior precisão na entrega, redução de tempo e custos, bem como uma experiência mais satisfatória para o cliente.
Novas tecnologias têm limitações não-tecnológicas
Porém, ainda há um longo caminho a percorrer. O uso de veículos autônomos, por exemplo, considerado a nova fronteira das entregas, só deve ser viável para certos tipos de operação. O CEO da Moova, Tony Migliore, comparou essa tecnologia ao hype das entregas via drone, que provaram só serem eficientes em termos de custo para casos bem específicos.
“Com os veículos autônomos, será assim. Hoje parece ser mais uma questão de marketing do que uma coisa real. Veículos autônomos vão conviver com entregas via carro, motos, bicicletas. Eles serão parte pequena de um todo”, afirmou.
O uso dessas tecnologias também está limitado pela própria interação com o indivíduo (por exemplo, o que impede alguém de danificar um drone de entrega?), e pelas restrições de leis trabalhistas também, que restringem a automatização total das empresas. “A limitação vai ser muito mais emocional e a partir da dinâmica social humana do que tecnológica. A tecnologia já existe, mas precisa entregar valor”, afirmou Treacy.
O executivo também falou sobre o uso de tecnologia de vídeo na logística. A Cobli, que trabalha com sensores em diversas partes das frotas, considera o uso de vídeo a última fronteira. “Imagine se a todo momento sabemos a localização de cada veículo no Brasil e todo o trabalho feito quando a entrega chega a seu destino seja monitorada com vídeo. Nós queremos cobrir toda a frota com essa tecnologia”, contou.