Principais destaques:
– Mulheres representam apenas 35% dos alunos matriculados, em todo mundo, em cursos de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática;
– Esse número cai para 28% quando o recorte é feito para apenas o curso de tecnologia;
– Mas nem sempre foi assim: mulheres já foram maioria em curso de ciência da computação em 1970;
– Conheça 4 iniciativas brasileiras tentam mudar esse cenário oferecendo cursos, workshops e outras atividades.
O Dia da Mulher é uma data que celebra as conquistas das lutas femininas por igualdade de direitos. Apesar de avanços, ainda há muito o que ser feito. Em especial em um setor em que ainda é grande a disparidade de gênero: as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, iniciais em inglês).
Os números traduzem essa grande diferença. Segundo a ONU Mulheres, no mundo todo, as mulheres representam apenas 35% do total de alunos matriculados em cursos universitários dessas quatro áreas. Quando o recorte é feito apenas para a área de tecnologia, essa representatividade é ainda menor: 28%. E não é que existam mais homens do que mulheres no mundo. A média da população global é de 101 homens para 100 mulheres.
O número de mulheres na área de Tecnologia da Informação não é o ideal. Para a Unesco, a agência da ONU para educação, ciência e cultura, problemas como discriminação e sub-representação das meninas na educação em STEM são freios prejudiciais para o desenvolvimento sustentável proposto na Agenda 2030 da ONU. O compromisso prevê iniciativas para inserir mais mulheres na tecnologia e diminuir lacunas digitais ao mostrar que elas possuem experiências transformadoras em aplicações de Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT) e outras inovações que terão impacto na sociedade.
Mas como avançar nesse movimento e quebrar os estereótipos? Além de uma mudança cultural — derrubar o preconceito de que mulheres não têm aptidão para exatas — é preciso mostrar exemplos e incentivar que mais meninas se interessem por assuntos relacionados à tecnologia.
Confira a seguir 4 iniciativas brasileiras que se inspiram em desbravadoras do passado para aumentar o número de mulheres no mercado da tecnologia.
1. PrograMaria
O meta-site nasceu depois que mulheres de diferentes áreas de atuação se juntaram para aprender a programar. Após discutir as dificuldades, o grupo se questionou por que mulheres consomem tecnologia, mas não participam da produção dela.
O PrograMaria aborda diversos assuntos sobre tecnologia com entrevistas, reportagens, tutoriais, infográficos e outros conteúdos. O projeto já realizou um curso de programação para mulheres e promove, neste sábado (9 de março), uma maratona para mapear as mulheres que fizeram história nas ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
O projeto ainda realiza, nos dias 16 e 23 de março, a oficina “Meu Primeiro Bug”. A iniciativa é voltada para garotas de 14 a 18 anos, como alunas do ensino médio e preferencialmente de escola pública, entrarem em contato direto com a tecnologia. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui e aqui.
#MinasProgramam foi criado por três garotas para lutar contra a desigualdade de gênero na tecnologia. A iniciativa traz entrevistas com mulheres que decidiram ter uma carreira em STEM, projetos de inclusão de mulheres negras no mercado de TI, entre outras ações. Recentemente, o grupo formou mais uma turma de mulheres no curso “Python para Dados”.
3. MINAs
O programa Mulheres em Inovação, Negócios e Artes (MINAs) faz parte do Porto Digital, no Recife (PE), e tem objetivo de fortalecer a presença de mulheres nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa com foco nas cidades do Recife e Caruaru, em Pernambuco. De 18 a 21 de março, o coletivo irá realizar a Semana das MINAs, que contará com palestras, rodas de conversa, oficinas, exposições, exibições de curtas e outras atividades. A programação completa será divulgada em breve.
4. Ada
Essa iniciativa leva o nome da primeira programadora da história: Ada Lovelace.
O portal foi criado há 5 anos por três jornalistas e busca ajudar “mulheres a navegar pelo mundo da tecnologia, da internet e da cultura digital com mais autonomia”, como informa a descrição da campanha de arrecadação para o site.
O site Ada reúne curadoria semanal, newsletter, vagas de trabalho e posts diários nas redes sociais do projeto. A ideia agora é poder criar uma agenda de cursos, workshops e eventos para empoderar mulheres de todo o Brasil na tecnologia.
Mulheres pioneiras
As mulheres já foram maioria nos cursos de computação e nem faz tanto tempo assim. Em 1970, o primeiro curso de ciências da computação da USP era composto por 14 mulheres e seis homens. E essa maioria prevaleceu até meados da década de 80 quando os homens ultrapassaram (e muito) a proporção de alunos concluintes. Qual a razão para isso?
Segundo uma matéria do Jornal da USP, os computadores pessoais — que se popularizaram nas casas das pessoas conectando os jogos ao universo masculino — e as vagas que começaram a surgir (e com elas os salários mais altos) acabaram atraindo os homens para esse mercado.
Mas antes (bem antes) as mulheres já tinham contribuindo — e muito — para o avanço da tecnologia. Ada Lovelace — essa mesma que serviu de inspiração para uma das iniciativas citadas acima — tem um papel de destaque na programação. O trabalho da matemática em criar um algoritmo para uma máquina analítica é lembrado até hoje como uma forma de encorajar mulheres a se aventurarem nas ciências, tecnologias e outras áreas.
Além dela, a história está cheia de outras mulheres inovadoras além do seu tempo, como por exemplo:
- Edith Clarke (1883 – 1959), primeira engenheira elétrica dos Estados Unidos e criadora de uma calculadora gráfica para solucionar problemas de transmissão de energia elétrica;
- Grace Hopper (1906 – 1992), cientista da computação norte-americana e uma das primeiras programadoras do computador Harvard Mark I (além da criadora do termo bug);
- Katherine Coleman Johnson (1918), que calculou a rota para o Projeto Mercúrio e para o voo do Apollo 11 (e tem sua história retratada no filme Estrelas além do tempo.
Se você é mulher e pensa em trabalhar com tecnologia, compartilhe com a gente na caixa de comentários o que você tem feito para mudar esse jogo.