O leilão do 5G, realizado entre 4 e 5 de novembro, arrecadou, de acordo com estimativas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), cerca de R$ 50 bilhões, dos quais R$ 40 bilhões serão destinados a investimentos. O certame foi considerado como a maior licitação da história das telecomunicações no país e um dos maiores em arrecadação, ficando atrás apenas da licitação do pré-sal.
As faixas de frequência licitadas foram 700 MHz, 2,3 GHz e 3,5 GHze 26GHz. Na faixa de 3,5 GHz, que foi a principal do leilão, a Claro ficou com o lote B1, ao oferecer lance de R$ 338 milhões (ágio de 5,18%, valor acima do mínimo previsto no edital). O lote B2 foi arrematado pela Vivo, por R$ 420 milhões (ágio de 30,69%), e o lote B3 ficou com a TIM, que vai pagar R$ 351 milhões (ágio de 9,22%). O edital previa ainda um quarto lote na faixa de 3,5 GHz, mas não houve lance.
Já a faixa de 700 MHz foi adquirida pela Winity II Telecom, que ofereceu lance de R$ 1,427 bilhão, valor 805% superior ao mínimo exigido.
Nos lotes regionais, para a faixa de 3,5 GHz, as vencedoras foram Brisanet (Nordeste e Centro-Oeste), Sercomtel (Norte e Estado de São Paulo), Consórcio 5G Sul (região Sul), além da Cloud2U, que vai atuar nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, e Algar Telecom, com previsão de atender a algumas localidades em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo.
Com as novas frequências, a perspectiva é de melhoria da conectividade em todas as regiões do país, inclusive locais mais distantes dos grandes centros.
Vale destacar que as novas empresas no setor podem alugar a frequência arrematada para que outras operadoras ofertem o serviço, atuando como intermediárias. Nesse caso, são chamadas operadoras de atacado.
O que é 5G?
A internet 5G tem menor latência e velocidade cerca de 20 vezes maior que a 4G. Ela está prevista para funcionar comercialmente a partir de 2022 no Brasil, com maior estabilidade na conexão em comparação às gerações anteriores. O 5G deve tornar várias atividades viáveis, desde a melhor experiência em jogos até o uso de veículos autônomos. Em algumas situações, ele pode até substituir redes domésticas de WiFi.
Qual a diferença entre as faixas de frequência?
As frequências baixas exigem antenas menores, têm maior cobertura geográfica, baixas taxas de transmissão e são ideais para localidades com baixa densidade demográfica, como áreas rurais.
Já as frequências altas exigem mais antenas, têm cobertura geográfica limitada e altas taxas de transmissão. São úteis em locais mais populosos.
As faixas de frequência são:
- 700 MHz e 2,3 GHz, que servirão para melhorar cobertura de 4G e, futuramente, distribuir 5G;
- 3,5 GHz e 26 GHz, que são redes de fato 5G, sendo que a primeira é voltada ao consumidor final e a segunda para banda larga.
O alcance do 5G é mais curto?
As faixas do 5G têm uma capacidade maior, mas como seus comprimentos de onda são menores, significa que seu alcance é mais curto. Também podem ser bloqueados mais facilmente por objetos físicos.
Quais os compromissos das empresas vencedoras?
Os valores arrecadados no leilão devem ser reinvestidos em benefícios sociais. “Nosso país tem uma escassez muito grande de internet, tem um deserto digital enorme, e pela primeira vez teremos a garantia e a certeza que todos os valores arrecadados nesse leilão iremos converter em benfeitorias para a população”, disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria, durante coletiva à imprensa para apresentar os resultados do leilão.
Onde o 5G deve chegar primeiro
Entre esses compromissos estão as obrigações de investimentos com tecnologia 4G ou superior em áreas sem cobertura 5G, como pequenas localidades e rodovias federais. Para os municípios com mais de 30 mil habitantes, está previsto o atendimento já com tecnologia 5G.
Nas capitais e no Distrito Federal, o 5G deverá começar a ser oferecido pelas vencedoras do leilão antes de 31 de julho de 2022 e haverá um cronograma de implantação para as demais cidades até 2029.