Investimento em assistente virtual e em máquinas inteligentes foram algumas iniciativas para promover o bem-estar em serviços de saúde pública.
O Sistema Público de Saúde (SUS) cobre 75% da população brasileira. Mas diante de tantos desafios, tecnologias defasadas e o forte movimento de desinformação impedem o desenvolvimento de uma saúde pública de qualidade.
Mas algumas iniciativas tentam mudar este cenário. Um exemplo é a Amanda Selfie, “robôa” trans desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Amanda é um bot alimentado por Inteligência Artificial. Ela foi desenvolvida dentro do PrEP 15-19, estudo focado em adolescentes de 15 a 19 anos e que se identificam como homens cis gays, mulheres trans e travestis.
Embora o estudo se concentre neste público e nas cidades de Belo Horizonte (Minas Gerais), Salvador (Bahia) e São Paulo (São Paulo), pessoas de qualquer faixa etária e local do Brasil podem interagir com a assistente virtual.
Os jovens da pesquisa não frequentam os serviços de saúde pública por falta de acolhimento, o que potencializa o risco de infeção pelo vírus HIV. Outro ponto é que este grupo é o mais afetado pela AIDS, segundo o relatório anual da UNAIDS, programa das Nações Unidas.
O Brasil ocupa a terceira posição com o maior aumento de infecções pelo vírus HIV na América Latina. Daí a criação de uma assistente virtual capaz de conscientizar sobre assuntos relacionados ao vírus, mas de maneira mais acolhedora para jovens de 15 a 19 anos.
Para responder essas perguntas, uma equipe multidisciplinar das três universidades atuou para desenvolver um banco de dado para alimentar a “robôa” a partir das interações, assim como o tipo de linguagem que seria usada para conversar com os usuários.
“Essa população [jovens de 15 a 19 anos] ainda é invisível aos olhos do sistema de saúde. Muitos são discriminados e por isso não frequentam os serviços de saúde. […] A Amanda Selfie é uma forma de coletar dados que contribuirão para entendermos o comportamento desses jovens”, comentou Unaí Tupinambás, da Faculdade de Medicina da UFMG e um dos coordenadores da pesquisa, em entrevista ao portal da UFMG.
A tecnologia que trouxe agilidade ao atendimento na rede pública em Campinas
Campinas (São Paulo) é outra cidade que criou um projeto modelo para melhorar a saúde pública local com apoio da tecnologia. O município investiu em equipamentos inteligentes com diversos medidores para melhorar o tempo gasto na triagem em Unidades de Pronto Atendimento (UPA), entre eles:
- Glicose,
- Oxímetro,
- Termômetro timpânico,
- Aparelho de pressão.
Esses equipamentos contam com um software embarcado capaz de analisar os dados dos pacientes para identificar e classificar a gravidade de cada caso de acordo com o Protocolo de Manchester, sistema de triagem baseado em cinco cores:
- Vermelho
- Laranja
- Amarelo
- Verde
- Azul
Os casos classificados como vermelho são de maior gravidade, enquanto os de azul, menos graves. Pacientes organizados nas cores laranja, amarelo, verde e azul devem receber atendimento em tempo máximo de 10, 60, 120 e 240 minutos, respectivamente.
Para garantir o sucesso do projeto, 100 enfermeiros da rede municipal de saúde receberam um treinamento de como funciona a tecnologia. O resultado foi uma redução no tempo de avaliação de casos de oito minutos para menos de dois minutos.
A tecnologia está em uso desde de 2017 e a prefeitura espera impactar 363 mil vidas por ano. Desde que foi implantada, a ferramenta teve um índice de satisfação dos usuários (tanto pacientes quanto enfermeiros) de 78%.
Integração dos dados pode ajudar na jornada de inovação
O que o projeto PrEP 1519 e o investimento de Campinas na saúde pública têm em comum? Os dois utilizam os dados armazenados dos usuários para melhorar o atendimento.
Como o Mundo + Tech mostrou em um recente post, quando o setor da saúde integra os dados, consegue garantir qualidade nos serviços prestados.
No entanto, não é somente investir em tecnologias (IoT, Inteligência Artificial ou cloud), é preciso aproximar o usuário às inovações propostas pelas instituições.
Principais destaques desta matéria:
- Saúde pública tem o desafio de garantir qualidade nos serviços prestados,
- Adotar tecnologias e aproximar pessoas podem ajudar nessa jornada,
- Conheça duas iniciativas inovadores que trouxeram bem-estar aos usuários.